Prólogo - Almas Quebradas (Parte II)

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Playlist: Train Wreck e Control (Halsey)

- Então, princesa com licença, mas preciso de levar a sua cabeça. - Disse com um riso rouco e levantou a espada numa fração de segundo. Estava completamente imobilizada, sem tempo para correr antes de a lâmina descer e encontrar o meu pescoço, um segundo antes a voz na minha mente desapareceu e retomei o controlo do meu corpo como se o seu trabalho estivesse comprido.

Mas eu já não me conseguia desviar. Percebeu Aria horrorizada, os seus olhos arregalados. Já era tarde demais para ela. Uma pequena lágrima escorreu pelo seu rosto.

Um rugido soou quando o fae foi derrubado por um enorme lobo branco. Aria sentiu a fria lâmina da espada a roçar-lhe levemente no pescoço e a afastar-se quando o fae foi derrubado com uma força monstruosa e o macho começou a gritar quando o lobo de dois metros de comprimento e um metro e meio de altura lançou a mandibula repleta de dentes cobertos de sangue e afiados como adagas ao pescoço do comandante rasgando-lhe a garganta.

Aria deixou-se cair no chão, sentando-se ainda de olhos arregalados, a assimilar que ainda estava viva ainda respirava, por pouco não tinha morrido. Quando sentiu sangue a escorrer pelo seu pescoço devido ao pequeno corte que a espada lhe provocou. Aria pressionou a ferida rapidamente com as mãos. Arfando com o choque.

- Apanhem a rapariga! - Ordenou um dos outros soldados faes e os outros quatros lançaram-se a Aria de espadas erguidas prontas, para a desfazer aos bocados se fosse preciso.

Mas o lobo não lhes deu hipótese, largou o comandante e lançou-se aos outros faes. Aria viu o lobo destroçar um com apenas um golpe de garras que atravessou a armadura negra rasgando metal e carne. O lobo rosnava com ferocidade e desafio, o seu pelo branco e o focinho cobertos de sangue. Os seus olhos dourados brilhavam de puro ódio quando se lançou a outro fae e depois a outro derrubando-os facilmente e destroçando os seus corpos com garras e dentes antes que pudesse sequer usar as espadas para se defenderem. Movia-se com uma velocidade implacável, atacando precisamente e com uma força descumunal.

Aria ouviu um arquejar e olhou para o comandante que estava deitado no chão junto da parede agora sem o seu elmo, as suas faces revelaram um fae de meia-idade de cabelos castanhos ensopados do sangue que lhe escorria abundantemente da garganta aberta e ele tentava parar o fluxo de sangue com as mãos impotentemente. Aria ouviu um borbulhar enquanto o fae sufocava engasgado com o sangue, as suas mãos perderam a força e descaíram-se ao lado do corpo. Aria ouviu o último suspiro do comandante a deixar o seu corpo, o sangue continuou a escorrer formando uma poça de sangue sobre ele.

Aria nunca vira alguém morrer.

O lobo aproximou-se lentamente dela. Os soldados de armaduras negras caídos e com os corpos destroçados. Aria ainda fitava o corpo do comandante.

O lobo lambeu-lhe o rosto. O seu hálito tresandava a sangue, mas Aria não se encolheu. O lobo lambeu-lhe várias vezes a ferida no pescoço que ainda escorria alguns fios de sangue até ela finalmente estancar. Depois lambeu o seu braço que ainda sangrava da queda na estrada do planalto.

- Obrigado. - Aria sussurrou. - Salvaste-me.

O lobo encostou a sua testa ao rosto de Aria como numa tentativa de a consolar.

Ela abraçou-o apertando o seu pescoço contra ela. O seu pelo macio cheirava a sangue e a fumo, Aria tinha as suas mãos cobertas do seu próprio sangue e ela esperou que o sangue que cobria o lobo a fizesse esquecer disso. Esquecer o que podia ter acontecido se o corte fosse um centímetro mais profundo. Aria deixou as lágrimas caírem. Ela estava aterrorizada e o seu corpo tremia intensamente.

- Obrigado Hunter. - Aria disse. - Obrigado.

Aria afastou-se do lobo, mas ainda lhe segurava o focinho entre as mãos trementes.

A Herdeira Limitada (DEGUSTAÇÃO) Where stories live. Discover now