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__Any, não quero que trabalhe para me sustentar, podemos passar com o dinheiro da minha aposentadoria!-- Papai tenta me convencer mais uma vez. Os remédios estam cada vez mais caros, as comidas nem se fala, tem as consultas, preciso desse emprego!

__Papai, o senhor não irá notar que estou trabalhando, vai ficar jogando baralho e nem vai sentir minha falta.-- Tento convencer o mais velho.
__Não irei o sustentar, e quando o senhor se for?-- Sinto uma pontada no peito ao pensar nessa hipótese, não quero o perder, mas sua doença está ultrapassando cada vez mais.
__Como irei me sustentar?-- Papai fica quieto e me olha sem resposta, por fim solta um suspiro.

__Tudo bem, Any.-- Isso!

Papai vai em direção a sala e sei que irá jogar seu baralho, isso o ajuda a distrair-se, papai está doente a um ano e alguns dias, tento não falar nesse assunto, sei que ele fica triste, não gosto de vê-lo assim. Mamãe não está conosco faz um tempo, nunca nem a vi, na verdade, não conheci ela. Papai disse que ela estava muito ocupada com sua carreira de modelo e um filho iria atrapalhar, então resolveu me deixar com meu pai, ela nunca veio atrás de mim, mas tenho muita curiosidade em saber quem ela é. Afinal de contas, é minha mãe.

Começo a arrumar a casa, enquanto cantarolo uma música sem sentindo, amanhã começa meu trabalho, uma colega me arrumou esse emprego, diz ela que o dono é muito rigoroso com tudo, mas sua beleza o salva, não sei se ela vai trabalhar ou olhar para ele.

Devaneio nos meus pensamentos, e acabo rumando tudo, nossa casa não é tão grande, mas é confortável, e é isso que importa.

Preparo o jantar e pego o remédio do meu pai, vou até a sala e vejo o mesmo com seus baralhos, não entendo como ele consegue jogar sozinho, as vezes jogo com ele, assim como vou fazer agora, entrego seu remédio junto do copo de água, espero o mesmo tomar seu remédio e deposito o copo sobre a mesinha de centro, sento na cadeira e assim passo a metade da noite, jogamos muito, logo fomos descansar, deixei papai em seu quarto e fui para o meu, amanhã seria um dia e tanto.

*****

Arrumei tudo antes de sair de casa, deixe o almoço e o café da manhã prontos, fui para o trabalho de pé, não tenho nenhum meio transporte. A casa por sorte não era muito longe, por isso cheguei rápido.

Avisto minha colega e me aproximo da mesma.

__Irei lhe ensinar tudo!-- Diz animada. __ Que bom que você veio, não aguentava ficar sozinha nessa espelunca!!-- Solto uma risada com seu jeito de pronunciar a casa, o que é certamente contrário, a casa é gigante e luxuosa. Pelo menos por fora sim.
__Vamos, se não o chefe vai me esganar viva-- Nycole me puxa direcionando o caminho, fomos em direção ao fundo da casa, logo adentramos o que suponho ser a cozinha.
__Você ficará para limpar os banheiros, a louça, e molhar as flores do jardim.-- Isso vai ser molesa.

__Onde ficam os banheiros?-- Pergunto para começar logo e terminar meu serviço.

__O primeiro é no andar debaixo-- Aponta para o banheiro que fica aqui na cozinha.
__Os outros dois são no andar de cima, só subir a escada e irá dar de cara com os quartos, pode entrar sem medo.-- Nycole me entrega os produtos de limpeza, começo pela cozinha, demoro um tempinho porque o banheiro não estava muito "bom", subo para o andar de cima e adentro o primeiro quarto, um cheiro de menta invade minhas narinas, suponho ser do chefe, deixo meus pensamentos de lado e vou até o banheiro.

Abro a porta do banheiro e arregalo os olhos ao ver um homem em minha frente, o mesmo estava de costas, e assim que me nota, vira em minha direção, sinto minhas bochechas esquentaram, poderia me enterrar em um buraco e nunca mas sair.

__Desculpe-me!-- Saio imediatamente do banheiro e em seguida do quarto.

Meu Deus, perdoe-me!

𝑱𝒖𝒔𝒕 𝑴𝒊𝒏𝒆!Where stories live. Discover now