2. Só Isso? Até Que Foi Rápido

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Eu poderia passar um tempinho lendo mais um pouco se eu não notasse Rick Mason reunido com sua turminha de bosta próximo dali, sugando um pouco de vapor de vape. Eu sei que foi ele. Esse zé buceta que não quer largar do meu encalce. Mas quem sabe agora ele pense duas vezes antes de foder com a vida dele.

Toda a atenção do grupo é voltada para mim. Rick me olha de baixo até em cima no instante em que ficamos um de frente para o outro. A distância entre nós é pouca.

- Perdeu alguma coisa, ninfeto? - pergunta ele, soprando o vapor do cigarro eletrônico bem nos meus olhos.

Rick tem traços marcantes como o cabelo cor de mel em corte crew, a voz absurdamente rouca e um olhar agressivo. Atributos esse que nunca me atraíram, e muito menos me amedrontaram. Pelo contrário, só me fizeram ter ranço dele.

- Eu pedi à você para me deixar em paz da última vez - respondo, fingindo paciência.

Ele dá mais uma tragada, mas antes que ele pudesse jogar tudo no meu rosto novamente, tomo uma drástica atitude. Profiro um golpe na têmpora dele, entorpecendo seus sentidos. Em seguida, puxo-o pelo capuz do casaco e colido a cabeça dele contra o armário de alguém.

Ao mesmo tempo que eu dou um show acertando a cabeça dele na porta de aço, temo estar fazendo a coisa errada, mas é difícil parar. Especialmente de ante dos incentivos fervorosos que vem da roda de adolescentes em minha volta. A coisa toda é divertida, e reconfortante.

O espetáculo só morre quando os guardas me seguram e eu não faço mais nada. Rick é mandado pra enfermaria com o nariz esguichando sangue. Meus dedos da mão ficam doloridos devido ao soco. Fora isso, nada que me impeça de ser conduzido para a sala do diretor Evans, onde sou obrigado a aguardar pela chegada do meu padrasto após ele ser convocado por telefone.

O diretor Evans, que só tem tufos de cabelo crespo nas laterais da cabeça, tenta descobrir o que aconteceu me fazendo perguntas, mas me recuso à responde-las. Não é óbvio? Ele não viu o que picharam na porta do meu armário? Caralho. Eu não quero discutir. Não gosto de abrir berreiro. Comigo, as coisas se resolvem numa simples luta.

Ouço a porta se abrindo atrás de mim e Evans abre o seu sorriso cordial de boas vindas.

- Bom dia, senhor Pascal. Desculpe o incômodo. Sua presença é de suma importância nesse momento - levanta-se o diretor, apertando elegantemente a mão de meu padrasto León.

León me encara longamente, deixando bem claro que não está contente. Posso estar mesmo fodidamente encrencado agora, mas de uma coisa eu sei. Lindo, sensual e misterioso. Desde de que eu associei esses adjetivos à ele, tem sido difícil esquece-los. Toda a vez que eu o vê-lo, eles emergirão na minha consciência.

- Imagine, senhor diretor. Vim o mais rápido assim que pude. Pode me relatar o que aconteceu? - ele se senta, apoiando os braços nos descansos da cadeira ao meu lado.

- Seu enteado se envolveu em uma briga com alguns colegas de classe no corredor do segundo andar na hora do intervalo. Tentei perguntar à ele qual foi a causa. Porém, ele se recusa a cooperar. Só podemos resolver essa situação se soubermos do que se trata - o diretor, com aqueles óculos fundo de garrafa, espera que eu lhe responda.

- É assunto pessoal - digo de braços cruzados, ainda resistindo.

- Por acaso seria uma ofensa?

A pergunta de León me pega desprevenido, levando-me à olha-lo nos olhos.

- Tipo isso.

- O que eles fizeram?

Agora ele tá tentando chegar no princípio. Nas palavras em tinta preta que aqueles vadios deixaram na porta de aço do meu armário. Rebaixo meus olhos na direção das minhas pernas, imóveis.

- Escreveram no meu armário.

- O que?

- Não importa.

Realmente não é necessário que ele saiba, porque além de obsceno, é vergonhoso demais, e eu estou à ponto de cavar o chão da sala e me enterrar vivo. Ótimo. Já estou zangado outra vez.

- É claro que importa. Diga o que eles escreveram - insiste León, curvando-se um pouco na minha direção.

- Uma coisa feia!

- Bom. Creio que agora nós já sabemos do que se trata - intervém o diretor, prezando pela instabilidade emocional da nossa pequena reunião.

Como já era de se esperar, eu acho, fui suspenso por 3 dias começando aparti de amanhã. Honestamente eu nem acho um castigo tão ruim. Posso pegar todas as anotações das aulas perdidas com meu único amigo que tenho na porra da escola inteira: Finn - um nerd super bem dotado (também).

- Enquanto eu estava indo pra sala do diretor, eu vi o que eles picharam no seu armário - ainda bem que León diz isso quando já estamos no carro percorrendo o caminho pra casa. Não queria que o diretor me visse ficar ruborizado como estou agora.

- E o que acha? - indago pela sua opinião, sentando no banco do passageiro.

- Eu acho que você não deveria reagir à insultos que não se referem à verdade - ele gira o volante e dobramos a esquina.

- Foi o que te ensinaram durante os 20 anos no exército?

- Exatamente. E agora eu tô te ensinando.

- Por que?

Ele balança a cabeça como se dissesse um "francamente" na consciência.

- Prometi pra sua mãe que ia cuidar muito bem de você desde que ela viajou pra Toronto pra visitar a sua avó que está muito doente lutando contra um câncer nos pulmões, mas parece que o seu filho, seu único filho, não consegue ficar longe de encrencas e sem ser suspenso por 3 dias.

- Sabe que não precisa contar à ela - adianto-me. A última coisa que preciso agora é da minha mãe berrando furiosa do outro lado da linha comigo.

- Não vem com essa.

- Por favor. Eu faço qualquer coisa. Não fala nada.

- Anthony - sempre que ele me chama em tom rígido é pra me fazer parar.

Fico em silêncio vendo as casas passando do lado de fora até que ele volta a falar. Dessa vez, ele me surpreende.

- Tudo bem. Eu não conto. Mas tem uma condição.

- Qual?

- Vou te levar à floresta pra caçar comigo.

Meu Padrasto Irresistível (Romance Gay) - Agora No KINDLEWhere stories live. Discover now