9. O Que A Boca Não Diz, O Corpo Entrega

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Aperto o interruptor na parede e uma única lâmpada no teto ilumina todo o banheiro do meu quarto. Apanho o tubo de creme dental e ponho um pouco do produto na cabeça da minha escova de dente. Umedeço a pasta com a água da torneira, levo até a boca e penso, de modo refletivo, na conversa que León e eu tivemos na caminhonete durante a nossa volta para casa após a gente se despedir de Edgar, Gavin e Nathan e depois partimos da fazenda.

Eu estava espumando de raiva no banco do passageiro.

- Que cuzões. Como eles tem coragem de arrancar dinheiro de um trabalhador honesto? Qual o nome deles? Foice? Ridículos filhos de uma puta.

Esperei por uma resposta de León. Pelo menos um resmungo rouco. Mas o semblante dele era de alguém submerso pela neutralidade expelida por um pensamento oculto.

- León - chamei ele. - Tá tudo bem?

Ele olhou para mim por dois segundos e em seguida retomou o foco na pista da rodoviária, assentindo.

- Tudo certo.

- Essa porra tá incomodando você, não é? - pressupus.

- Eu sugeri que Edgar parasse de dar dinheiro à eles sob ameaça - respondeu ele. - Isso mexeria com eles, e é claro, depois viriam com tudo pra cima dele e da família. Então, é ai que entraria o meu plano.

- Seu plano?

- Uma forma de acabar com todos eles. Aprendi isso no quartel. Edgar também sabe. Acontece que ele não quer ter um derramamento de sangue nas terras dele.

Mais cedo ou mais tarde isso ainda vai dar uma merda tão grande que seria inevitável León estar longe. Ele se importa com Edgar, o amigo de longas datas. Levando isso em conta, aqueles caras podem virem à se foder.

- É isso ou ele não quer mais ter que tirar vidas? Eu sei que ele foi um soldado assim como você.

- É complicado, Anthony - León suspirou, chateado.

- Por que eles fazem isso com o Edgar?

- A Foice trabalha com a comercialização ilegal de drogas. Seja de qualquer tipo e uma delas é a maconha. Além de eles habitarem por essas regiões, há plantações desse troço próximo às terras de Edgar. Mesmo Edgar prometendo que jamais diria uma palavra sobre isso às autoridades, eles querem tirar proveito cobrando taxas de dinheiro só pra não mexerem com a família dele. Um puto abuso da parte deles.

Balancei a cabeça, desejando o pior para aqueles caras da facção.

- Edgar pode ter paciência, mas eu concordaria com o seu plano.

Cuspo no lavatório e lavo a boca. Guardo a escova no copo e apago a luz antes de sair do banheiro. Enfio-me de baixo das cobertas e fecho os olhos até o sono me apagar, o que acaba sendo uma tarefa fácil, pois estou muito exausto.

Quando desperto, noto que nenhum sonho me ocorreu enquanto estive dormindo. Por um lado, isso é esquisito, mas não me importo. A manhã está brilhante graças à um sol decidido a cooperar. Está na hora de botar o rabo pra fora da cama.

Caralho!

Volto a mesma posição depois de tentar me levantar. Faço uma careta de dor e bufo. Preciso ser forte. Já passei pelo pior, que foi aquele maldito treino no salão de aparelhos de academia. Agora, vem a porra da sensação dolorida que meus músculos tem que suportar até sabe lá o dia.

- Ele ainda vai me pagar por isso.

Meu peito, braços, pernas, abdômen e ombros, é como se tivessem sidos arrancados de mim sem eu ter me dado por conta e depois sido colocados de volta após uma sessão de pancadas. Tento fingir que a dor é só no momento que eu saio da cama para ir tomar banho. Essa é uma parte que nem tenho muito o que comentar, apenas resmungar até conseguir sair do chuveiro sem um pedaço meu ter caído.

Meu Padrasto Irresistível (Romance Gay) - Agora No KINDLEWhere stories live. Discover now