Sufocada

Consciência

Meu mundo vai acabar. Eu tenho plena e absoluta certeza disso. Nunca tive tanta certeza na minha vida. E veja bem, meu caro leitor, só estou nos meus quase dezoito anos.

Reconheço que, provavelmente, esteja vendo a situação como pleno exagero de adolescente. Sei que parece, e muitas vezes penso - e até desejo- que seja. Não sei lidar com esta dor, me conheço melhor que qualquer um nesta Terra.

Há, mais ou menos, sempre venho carregando um peso. Uma dor impossível de se descrever em simples palavras. Uma dor profunda em meu peito, em minha alma, algo tão singelo, mas tão devastador. Lembro-me de, certa vez, aos sete - ou oito? - anos, chorar no colo de minha mãe, chorar feito um bebê. Minha mente havia me consumido por completo, tomado conta de qualquer decência restante do meu ser. Não conseguia controlar. Era impossível. Completamente.

Era a chamada Consciência. Ela surgiu, surgiu e tomou minha mente e se fez dona de tudo. Ela me ameaçava, ameaçava minha família. Dizia as mil e uma situações, as quais sempre poderiam acontecer. Alguém poderia morrer, um raio poderia cair e eu perderia um braço, e seu eu acordasse cega?

Nunca, realmente, compreendi a Consciência. Mas havia possibilidades. Pensava que era Deus me castigando, ou o Diabo perturbando. A única coisa que sabia era que não sabia a controlar. Medo. Ansiedade. Medo. Possibilidade.

Dessa forma, eu chorava. Chorava para dormir. Chorava ao pensar em alguém morrendo. Chorava e chorava.

Finalmente, passei a ir a terapia. Não me recordo quando, porém, consegui, em algum momento, ser mais forte que a Consciência. Esta, foi de Consciência para consciência. Ela não tem mais nenhum poder sobre mim. Apesar disso, ainda ouço sua voz, às vezes, na escuridão de meu interior- calada, você não tem mais poder sobre mim.

- Sufocada.