Capítulo 8 - Os Sussurros da Fortuna

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As duas semanas seguintes não foram fáceis, mas Aria nunca se tinha sentido melhor. Comia com vontade todos os dias, já não precisava de ter medo de comer comida com faeruhn, Elianne podia trazer o novo pequeno-almoço escolhido pela tia que era ainda mais abundante do que aquele que Elianne lhe costumava trazer, com torradas, compotas, pãezinhos e bolos, chás e bebidas quentes. As refeições deixaram de ser um sacrifício e comer voltou a ser algo que Aria desfrutava.

Elianne chorara quando lhe contara a ela e a Imara sobre o que aconteceu naquela noite, em que eu tomei o veneno faeruhn e em que a tia lhe dissera que podia deixar de tomar o . Só lhes contei a última parte, para não as preocupar, Elianne chorou abraçada a mim, segundo ela eram lágrimas de alívio e felicidade, o que acabou comigo e Imara também a chorar.

Eu era livre pela primeira vez em três anos e eu já me tinha esquecido dessa sensação há tanto tempo, que nem sabia se ela realmente existia.

Nessas duas semanas não houve uma noite de vómitos, pela primeira vez em três anos eu deixei de vomitar todos os dias, o meu dom ainda enfraquecido começava a recuperar e apesar de ainda continuar muito magra eu sentia-me a ganhar forças a cada dia que passava.

Apesar de as noites serem tranquilas, os dias eram trabalhosos, o palácio inteiro preparava-se não só para o baile, como também para a chegada de dezenas de comitivas e de nobres.

A primeira semana fora de limpeza intensa das Alas residenciais onde os nobres ficariam a viver, os quartos e salas foram novamente abertos e limpos, os lençóis lavados e as pratas polidas, tapetes cheios de pó foram sacudidos às janelas, e os móveis foram descobertos dos seus panos brancos.

O seu palácio era tremendamente enorme, tudo o que era importante para a família real, nomeadamente os espaços que mais frequentávamos estava na zona norte, a Sala do Trono, o Pequeno Salão, a Torre do Soberano, os Aposentos Reais, a Sala de Guerra, a magnífica biblioteca, assim como as nossas salas de lazer e de aulas privadas.

A zona este era onde estavam as Alas residenciais das Altas Casas, os salões de bailes, salas de chá, escritórios, salas de música e muito mais. Na zona sul era a tudo remetente aos servos e criados humanos e faes, desde os seus minúsculos quartos de dormir, aos seus postos de trabalho, como cozinhas, armazéns, celeiros, estábulos, forjas, e muito mais.

A zona oeste era reservada para os membros das Baixas Casas viverem. Além disso existiam pátios internos e jardins no interior do palácio, na área do exterior era igualmente grandioso, cheio de pátios de treinos e quartéis e depósitos de armas do exército, tudo protegido por imponentes muralhas e grandiosos portões.

Mas não eram apenas os criados os únicos atarefados com os preparativos para a chegada dos nobres, Aria também não tivera um dia de descanso, as aulas com a Madame Broze foram duplicadas, Aria tinha de rever cada Alta Casa assim como cada membro de cada família, ela teria de identificá-los assim que os visse, mesmo não vendo nenhum deles há mais de dez anos. Tinha de rever como os cumprimentar devidamente, para isso foram precisos dias de ensaios, com a Madame Broze a representar ser cada nobre e a cumprimentá-la, quando Aria fazia algo errado ou cometia um deslize uma chibatada era-lhe desferida no corpo.

Aria teve de rever toda a sua postura e aperfeiçoá-la, de relembrar como se portar quando tomava chá - já que haveria inúmeras ocasiões a que tinha de comparecer junto das senhoras nobres. A Madame Broze fê-la usar apenas saltos nos dias seguintes para ela se habituar a andar e a dançar com eles, Aria tinha os pés tão doridos que praticamente implorava para treinar apenas para que pudesse calçar umas botas.

Aulas de dança foi algo que também não faltou, com a sua dança de abertura no baile, Aria tinha de conseguir dançar perfeitamente, nem um deslize seria feito. Dois tutores que Aria já conhecia vieram para a relembrar de todas as danças faes, assim como identificar quais dançar ao som de cada música, Aria teve dificuldade em decorar as 47 melodias e teve de pedir ajuda a Lira para a ajudar a decorar nas horas livres, Lira adorava música e Aria não conseguia acreditar que ela soubesse as 47 melodias de cor, mas sabia. Graças a ela Aria conseguiu aprendê-las a todas numa semana.

A Herdeira Limitada (DEGUSTAÇÃO) Where stories live. Discover now