Capítulo 11 - O Castelo de Vidro

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A vida na corte mudara desde que eu fizera dezassete anos.

Era estranho ter tanta gente a circular pelos corredores do palácio, os criados normalmente usavam os corredores de serviço pelo que os corredores principais estavam quase completamente vazios na última década, mas agora havia grupos de ladys a fazer caminhadas em todo o lado, pelos corredores, pelos jardins, a organizar pequenas festas de chá e bailes noturnos, enquanto os lordes tratavam de negócios e organizavam reuniões.

Por ora Aria apenas conseguia encontrar paz entre as paredes do seu quarto, cansada de se cruzar com rostos diferentes todos os dias. A sua casa parecia ter ficado cheia de estranhos, cumprimentavam-me com uma vênia sempre que eu passava por eles, algo que ainda me parecia estranho, mas ao que começava a habituar-me.

Eu tentava ver por trás dos seus sorrisos e palavras amáveis, descobrir as suas intenções, mas eles eram peritos num jogo que eu só agora começara a jogar.

A segurança também era mais apertada, tínhamos ordens de não ir a nenhum lugar fora dos nossos aposentos sem o nosso guardião dourado.

Astraea temia pela nossa segurança, com tantos nobres no palácio, era demasiada gente para que a regente pudesse controlar e a sua tia gostava de ter tudo sob o seu controlo, ela não conseguia controlar onde todos iam com quem falavam, Astraea temia alguma traição, temia que os Sylian reunissem apoiantes para a sua rebelião. A sua tia mencionara que os nobres deviam ser entretidos, se estivessem distraídos - como uma traça é atraída para a luz, não tentariam juntar-se às sombras.

Aria nem queria pensar qual seria o entretimento que Astraea Valaryan arranjaria para eles, talvez fosse o torneio do dia seguinte. Astraea andara os últimos dias ocupada com os preparativos, uma parte de Aria sentia-se aliviada, já que não tinham tido treinos com a tia.

Nessa manhã era a primeira vez que teria um treino com as Baixas Casas desde o seu aniversário, hoje iria juntar-se à sexta patente com Aaron, Taran ira connosco já que ele tinha dezanove, era a primeira vez que treinaríamos juntos desde que eramos crianças.

Não era apenas Taran que se juntaria hoje a nós, o pátio da divisão tinha muitos novos machos, os filhos das Altas Casas, aparentemente também se juntariam a partir de agora a nós. Aria viu os irmãos de Imara entre alguns faes, o irmão de Polly, os meus primos paternos, e muitos machos com quem dançara e falara dias antes. Nevan Sylian também estava lá com o seu habitual rosto sério e frio como gelo.

Na hora de espera, Aria falou como de costume com Brandon, enquanto Aaron foi apresentar Taran a alguns faes. Mas Aria de vez em quando deixava o seu olhar vagar pela multidão e pelos novos rostos, analisando-os e tentando recordar-se das idades deles, para saber se calhariam na sua patente, e se sim que vantagens tinham a seu favor e que dons possuíam, pois eram adversários desconhecidos que Aria preferia ver como lutavam antes de lutar com eles.

Por isso depois do aquecimento, quando foi a vez de escolher um adversário escolheu uma fêmea da Baixa Casa Halcyon, que sabia ser mais fraca que eu.

Aria venceu-a com facilidade, evitando ferimentos graves, tinha ficado mais forte desde que deixara de usar o pó e o seu dom também recuperava, volvido um mês Aria já conseguia correr mais rápido e acabar entre os primeiros dez, conseguia usar o seu dom mais do que antes pelo que aguentava uma luta por mais tempo. O que era bom, ao menos quaisquer rumores que já tivessem chegado aos ouvidos das Altas Casas seriam descartados com o meu desempenho.

Ainda assim Aria temia o dia em que voltaria a ser colocada na casa dos desafios e apesar do seu corpo recuperar, o processo ainda era lento e Aria ainda demoraria meses para deixar para trás a sua magreza.

A Herdeira Limitada (DEGUSTAÇÃO) Where stories live. Discover now