01| Eu não tenho medo

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Nunca fui de acreditar em fantasmas, maldições ou coisas do tipo. Meu pai por outro lado, tem uma pira com essas coisas. Quer dizer, no Japão tem muito dessas crenças, ? Principalmente entre as pessoas mais velhas ou os que vivem no interior. Casas mal assombradas, lugares e pessoas amaldiçoadas. Acho que foi por isso que ele decidiu ir para o Brasil. Tem alguma coisa mais alegre e sem maldições que o carnaval do Rio? Ele acreditava que não. Pelo menos até conhecer a minha mãe. Ele percebeu que ela era o próprio carnaval. Helena Santos da Silva. Ela era tão linda e alegre que era impossível existir maldições com essa mulher por perto.

Mas um dia, tudo mudou.
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- Que porcaria de telefone. Não posso entrar em um matinho que ele já perde o sinal... Tudo bem que eu não tô dentro de um matinho e sim no meio de uma floresta, mas mesmo assim... - continuei andando, seguindo uma pequena trilha desenhada no chão húmido.

- TEM ALGUÉM POR AQUI? - Eu gritei o mais alto que eu consegui - Não é possível que fui me perder aqui logo hoje, ainda mais sozinha...

De repente ouço algumas risadas. Olho pro lado e vejo uma construção abandonada.

- Como eu não vi isso antes? - Perguntei a mim mesma.

Ela é grande, com duas grandes portas de madeira que pareciam um triângulo. As paredes eram brancas, mas estavam sujas de musgo e terra, e a tinta estava um pouco descascada. Além dos grandes vitrais que iam por toda a construção.

- Uma igreja abandonada? Por que teria uma igreja aqui? - eu disse com o vento frio batendo em meu corpo e sentindo cada parte de mim se arrepiar.

- Droga... já tá ficando tard... - fui interrompida com mais risos. Comecei a andar devagar em direção a igreja. Mesmo com medo, pensei que provavelmente quem estava ali poderia me ajudar.

Consegui ver pela porta meio aberta um grupo de crianças, todas de vestido e laços no cabelo, brincando de rodar.

- Oi, com licença... vocês poderi... - Eu disse entrando na igreja, vestida com toda a coragem que me restava. Mas fui barrada assim que meu pé pisou no chão do lugar.

Meu corpo travou e minha garganta se fechou. Eu não conseguia respirar e por mais que eu tentasse eu não conseguia me mexer. Parecia estar invisível para o grupo de garotas que estavam a menos de 5 metros de distância.

O desespero foi tomando conta do meu corpo e sentia a escuridão me sugar

- Droga, acho que esse é o meu fim - foi a única coisa que consegui dizer.

Até acordar sentindo o baque do meu corpo contra o chão frio.

Bip... bip... bip

Meu despertador começou a tocar logo em seguida.

- Isso foi um sonho? - pergunto pra mim mesma, bem baixinho. De repente, vejo a minha porta se abrir e uma luz entrar no meu quarto.

- Filha? Tá tudo bem? Eu ouvi um barulho e... você caiu da cama de novo? - meu pai diz me observando no chão, abrindo um sorriso solidário.

Me Amaldiçoe Um PoucoOnde histórias criam vida. Descubra agora