12. A Morte Visita de Madrugada.

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O cheiro avassalador, a pele quente e a respiração branda dele sumiram. Abro os olhos e meu braço percorre o vazio ao meu lado na cama. A ausência dele faz surgir a inquietação por eu ainda não saber onde ele possa ter ido. Acima de tudo, preciso que ele volte à se deitar comigo.

- León - chamo ele e meu quarto me devolve o silêncio.

Levanto-me com a típica secura em minha boca. Ando e abro a porta, passando para o corredor. Desço a escada e passo pela sala de jantar até chegar na cozinha. Abro o armário de cima da pia e apanho um copo de vidro, enchendo-o com água gelada de uma garrafa da geladeira. Tomo alguns goles pretendendo ir ao quarto do meu padrasto assim que eu esvaziar o recipiente.

Ponho o copo dentro da pia, invocando o leve som do choque entre a superfície de aço e o produto de vidro, sendo sucedido pelo clique assombroso do gatilho de uma arma, atrás de mim.

- Fica paradinho. Coloque as mãos pro alto. E se vira pra mim bem devagar.

Puta que pariu! Tenho a impressão de que já ouvi essa voz antes, alguns dias atrás, na fazenda de Edgar. Não pode ser...

Obedeço-o, engolindo ar seco, e me viro lentamente.

- Ziff - digo, olhando bem nos olhos manchados de olheiras dele.

- Lembrou de mim. Boa memória. Mas sabem o que dizem de mim? Desse cara ninguém esquece.

A espingarda que ele segura com as mãos apontando os dois canos para mim desencadeia um tremor que sobe das minhas pernas até a cabeça. Mesmo na penumbra, vislumbro o medonho sorriso de dentes amarelos dele, convencido de poder estar me controlando através do medo. Embora eu ainda esteja ileso, um raio entre meus pensamentos sugere a possibilidade de eu tomar um tiro à qualquer Instante.

- Olha só - ele volta à falar com voz pesada, pegando-me de surpresa outra vez. - Não vamos criar pânico, guri. Eu trouxe alguns camaradas comigo. Espero que não se incomode. Eu só preciso que você me leve até o quarto do seu papai. Vamos lá.

- Tá bom - digo, quase mudo.

- Bom menino. Mas sem pressa. Vamos com calma.

Quero surtar, gritar, clamar por socorro. Essas opções agora fazem parte da lista de loucuras que vão custar a minha vida. Chegando no pé da escada, um dos dois homens que acompanharam Ziff naquele dia na fazenda sobe os degraus antes de mim portando uma metralhadora. Que vantagem eu teria contra esse cara? Ele me encheria de balas num piscar se eu tentasse correr pra dentro do meu quarto. O chefe dele, vindo logo atrás de mim, também não refrescaria o meu ato de fuga. Tá tudo inteiramente fodido, a menos que...

León!

Ajoelho-me em meio aos meus pensamentos agarrado na última esperança: Meu padrasto acordado, consciente da invasão dos membros da Foice, preparado para salvar nós dois. Aposto o meu espírito de que ele já não deve mais estar no quarto dele e da mamãe.

- É aqui - aponto para a porta onde paramos.

- Fica de olho nele, Greg - ordena Ziff para o companheiro de prontidão no final do corredor.

Ziff empurra a porta com cuidado e adentra no quarto pisando de leve. A escuridão é um reino infinito dentro daquele cômodo, tornando-se impossível saber se León está lá deitado ou fora da cama. Viro o rosto para o lado em que posso ver Greg com olhos grudados em mim e mantendo o cano da arma baixo, certo de que eu sou a única preocupação sob a sua mira. Eu não teria tanta certeza. Isso se prova assim que a porta atrás dele se abre e uma sombra salta para fora, surpreendendo-o com um poderoso mata leão.

Ele se esforça para se desprender, mas a sombra é ágil. Crock! O eco do som sinistro me faz experimentar um choque que nunca senti antes. A cabeça de Greg tomba para o lado e seu corpo amolece como se ele tivesse desmaiado. Mas eu sei que ele não está mais respirando. E nas mãos da sombra, ele é arrastado para fora de vista.

Meu Padrasto Irresistível (Romance Gay) - Agora No KINDLEWhere stories live. Discover now