13. Minha Mente Surtando Pra Caralho.

1K 67 6
                                    

Dormir se tornou praticamente impossível pelo resto da madrugada. Descarto o uso de pílula sedativa, pois meu temor pelos pesadelos são gritantes. A náusea e o vomito só passaram depois que tomei um remédio para inibi-los. "Não estar bem" é um termo inferior ao "Jamais serei o mesmo" no qual o meu estado encaixa-se. Meu corpo, minha mente, meu espirito, estão todos fragilizados.

Tomo um banho. Visto-me. Sento-me na beirada da cama e observo através da janela o pequeno arco solar escalando no horizonte. Todo o peso está empacado dentro de mim, congestionando tudo que eu devo liberar. Ao invés de eu tomar uma atitude, prefiro não me mover, deixando que a sensação corrosiva corroa-me.

Enquanto isso, atento-me ao exterior. Ouço o som dos pneus diminuindo a velocidade, aproximando-se de casa. Garagem sendo aberta. Portas de carro batendo. Vozes familiares. León. Minha mãe. Ela está de volta ao Colorado. Meu padrasto foi busca-la de carro no aeroporto como antes havia planejado.

Os minutos vão se passando. São quase 8 horas. Pego minha mochila e passo o braço pela alça, colocando-a no ombro antes de sair do quarto. O cheiro do famoso omelete com salsa da minha mãe me alcança durante a minha descida pela escada. Juro que farei um tremendo esforço para conseguir engolir um pouco de comida assim que entro na cozinha.

- Filho!

Olho para ela, contagiosamente alegre e cheia de beleza, enxugando as mãos com as unhas pintadas de verde esmeralda no avental amarelo e vindo me abraçar com desenfreada urgência.

- Mãe - mantenho meus braços envolta dela, apertando-a contra mim, respirando o cheiro adocicado das mechas ruivas dela. - Bem-vinda de volta.

- Aquela saudade não parava de apertar o meu coração - ela se desgruda de mim e me fita dos pés à cabeça, sorrindo. - Olha só pra você, meu garotão. Tá um pouco diferente. O que andou fazendo?

- Nada demais. Eu... - minha visão vai direto na de León, que está sentado numa das cadeiras do balcão bebericando uma xícara de café. Trocamos um olhar que diz "entra no jogo". - Andei praticando novos hábitos. León tem me ajudado. É muito bom poder contar com ele.

- Eu jamais poderia esperar mais que isso - diz ela, satisfeita, indo até o meu padrasto. - Esse homem é uma dádiva dos céus. E o melhor marido fiel que já tive - por fim, ela beija o rosto dele.

Sento-me ao lado dele e coloco o café na minha xícara. Minha mãe me serve um prato de omelete com salsa. Embora o cheiro seja agradável, meu estômago não dá nenhum sinal de fome.

- Senti falta do seu café da manhã - digo à ela, pegando um garfo.

- Gostaria que eu te levasse pra escola? - pergunta a Sra. Wilson.

- Eu posso fazer isso - intervém León.

O talher escapole dos meus dedos e cai na beirada do prato emitindo um tilintar espalhafatoso. Meu coração bate no nível máximo. Honestamente, não estou preparado para começar o dia sendo passageiro do homem que ajudei à triturar três corpos.

- Querido, tá tudo bem?

O tom preocupado de minha mãe vai permanecendo na superfície à medida que vou submergindo na lembrança maldita da madrugada anterior, dentro do açougue.

- Anthony! - León teve que elevar o tom de sua voz acima do motor barulhento do triturador.

Ofegando, olhei apavorado para ele.

- Não vai dar. Eu não consigo. León, desliga isso.

Logo, ele apertou o botão de desligar da máquina e me encarou com seriedade.

Meu Padrasto Irresistível (Romance Gay) - Agora No KINDLEWhere stories live. Discover now