21. Nas Sombras Do Que Fazemos.

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Do outro lado da tela do meu celular, Gavin revira os olhos e não hesita com as palavras na hora de responder se Vincent Mackenzie ainda seria o mesmo depois de ter sido torturado na garagem da própria residência.

- Quem se importa? Foda-se aquele vacilão. Juro. Aquele que mexer com o meu irmão, eu caço nem que eu tenha que descer aos infernos, mas eu vou encontrar o desgraçado.

- Será que ele vem atrás da gente pra se vingar? - essa é uma das perguntas que mais tilintaram na minha cabeça depois que Nathan e Gavin levaram-me de volta para a Ballard.

- Anthony, eu ordenei que ele ficasse longe da gente. Olha. Caso ele faça o contrário, o que eu duvido muito, vamos ter que pegar mais pesado com ele - o filho mais velho de Edgar faz uma expressão pra lá de "Comigo Ninguém Pode".

Mordo o lábio inferior e olho para cima, relembrando do Vincent-Porco pendurado sendo punido na minha frente a socos e humilhações. Uma derrota entanto para um valentão de escola elevada. Praticamente uma eterna lembrança sombria.

- Creio que o trauma da "cabeça de porco" seja o suficiente pra ele não vir.
- Ideia de gênio, não foi? - gaba-se Gavin. - Mas não acho que soltar ele depois da tortura tenha sido uma boa escolha.

- Por que?

- Ele merecia mais.

Ou talvez você só esteja exagerando mais que o necessário, Gavin.

- Esquece. Já foi. Agora, nova aventura.

- Fica ligado. Vamos planejar algo pros próximos dias. Nathan, você e eu. Topa?

Gosto da companhia dos dois irmãos. Ainda não sei muito sobre eles, mas nada que passar mais tempo com ambos resolva, mesmo que eu já fique com um pouco de receio por conta de imprevistos violentos. Espero que tenha sido só dessa vez.

- Eu nunca dispensaria um role com vocês - digo à ele.

- A gente se vê então. Tchau, tchau. Bons sonhos, Anthonyzinho.

- Boa noite, Gavin.

O rosto sorridente dele se apaga assim que desligo a video-chamada. Boto meu celular perto do abajur aceso sobre o armário pequeno. Ainda tô sem sono, o mesmo que eu não vá adormecer agora. León só virá daqui à alguns minutos. O que eu posso fazer?

Ah. Porra. Lá vem o tédio rastejando ardilmente em minha direção.

- Querido, desculpa ter que te incomodar. Poderia pegar um copo de água pra mim? - escuto a voz da minha mãe vindo do quarto dela e do León.

- Não esquenta. Pode pedir sempre que quiser. Tô aqui pra isso - responde meu padrasto em tom doce e cordial.

- Tão romântico - diz ela pra ele.

Os passos dele passam na frente do meu quarto, indo direto pra escada. Eu poderia ficar aqui e esperar por ele, mas eu não tô com paciência pra fazer isso. Pulo da cama e desço pra ir até a cozinha ficar nem que seja uns dois minutos com ele. Antes que eu adentrasse no cômodo, paraliso no canto e observo ele perto da bancada.

Atento-me aos detalhes da cena. Ele derrama um, dois, três, quatro pingos de um pequeno frasco de vidro escuro na água dentro do copo. Em seguida, ele guarda o produto dentro da última gaveta do armário de baixo da pia. Depois ele dilui a substância no líquido girando em sentido horário com a colher.

Pronto.

León sai pela outra passagem da cozinha, facilitando para que ele não me veja. Espero ele subir todos os degraus da escada. Ando até a gaveta que ele tocou. Puxo-a e apanho de dentro o tal frascozinho. Leio o rótulo e meus músculos da mão reagem trêmulos assim que absorvo a mensagem.

Então, é assim que ele tem feito para ter que conseguir passar todas as noites comigo sem que minha mãe jamais possa descobrir. Se em algum momento ela acordasse e fosse dar por conta que o marido não estava ao lado na cama, ela se levantaria para procurar por ele. A única forma de evitar isso, ou seja, de manter nosso segredo seguro, é fazendo o que ele tem feito desde que ela voltou pra casa.

Dopa-la.

Meu Padrasto Irresistível (Romance Gay) - Agora No KINDLEWhere stories live. Discover now