capitulo 01

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Naquela noite sombria e macabra, eu sentia sua presença de forma avassaladora, seus sussurros e suspiros ecoavam como gritos de socorro naquele vale encharcado de sombras e ossos. Sua beleza era hipnotizante, mas carregava consigo uma aura de perigo que desafiava a própria lógica. Como ela ousava ser tão irresistível com aqueles olhos vermelhos como rubis e cabelos negros como a meia-noite?

Eu me via refletida nela, sua angústia latejava em mim, fazendo meu coração estremecer. Por que tanto desespero naquele olhar doce? Ela era tão jovem para estar tão consumida pela agonia, vestida em trajes vitorianos e com os cabelos negros e desgrenhados que destacavam sua pele pálida e esguia naquela noite de lua cheia.

"Por favor, conte-me sua aflição. Por que você está tão angustiada?" Gritei para ela ao longe, esperando desesperadamente por uma resposta daquela misteriosa mulher.

Ela correu em minha direção, seus traços mórbidos refletindo a noite fria que se alastrava. A voz dela tremia enquanto murmurava: "Não siga os Vasilles, não seja sua própria ruína, Perséfone!"

- "Como você conhece o meu nome? Quem é você?" - Perguntei, enquanto ela permanecia imóvel à minha frente, com sua pele gélida, olhos vermelhos ardentes e os cabelos do mais profundo tom ônix. Era como se eu estivesse encarando meu próprio reflexo na escuridão daquela noite.

"Quem são os Vasilles? E por que você é tão semelhante a mim?" Perguntei com uma curiosidade aflita, enquanto olhava profundamente nos olhos vermelhos daquela mulher misteriosa.

Naquele momento, um jovem rapaz alto surgiu diante de nós, seus olhos refletiam uma sede insaciável por sangue e uma dor profunda. Ele estava manchado de sangue, um vermelho carmesim, e seu odor penetrante de sangue fresco inundava minhas narinas. Ele se aproximou da jovem mulher com uma rapidez assustadora, e, com um movimento lento e letal, mordeu o pescoço dela. Uma onda de pânico e horror se apoderou de mim, enquanto testemunhava aquela cena macabra. A jovem não oferecia resistência, aceitando seu destino cruel, a morte lenta e inevitável nas mãos daquele monstro insaciável.

Ele fixou seus olhos dourados em mim, sondando minha alma enquanto sugava a vida restante do corpo gelado diante de mim. Senti seu desejo por mim crescer à medida que ele abandonava a jovem no chão. A visão de seu rosto pálido e magro, com uma marca de mordida voraz em seu pescoço, me deixou enjoada. Era doloroso testemunhar a morte prematura daquela jovem, sua juventude ceifada de maneira tão brutal diante dos meus olhos.

Meu instinto gritava para correr e pedir socorro, mas eu estava atordoada, perdida em um local estranho. As ruas desprovidas de iluminação pública e de casas familiares que eu estava acostumada a ver no vilarejo apenas ampliavam meu sentimento de desorientação.

Era como se eu tivesse sido transportada para outro século, um tempo distante e inexplorado. Enquanto eu permanecia vestida em minhas roupas contemporâneas, aqueles dois diante de mim pareciam ter sido arrancados diretamente do século XVIII, uma desconcertante mistura de passado e presente que desafiava a compreensão.

Eu estava perdida em meus pensamentos quando, de repente, senti suas mãos geladas tocarem meu pulso, congelando-me até o último suspiro. O toque gelado sussurrava promessas sinistras, fazendo minha pele arrepiar-se com a sensação de perigo iminente.

"Perséfone, nunca desistirei de encontrá-la. Seu cheiro e seus olhos vermelhos são as marcas de sua maldição, e você sempre estará ligada a mim pela eternidade," ele proclamou com um sorriso macabro. Seus dentes afiados e manchados de sangue brilhavam na penumbra, enquanto seu rosto permanecia na sombra.

Embora eu não pudesse ver seu rosto claramente, nunca esqueceria aqueles olhos dourados que ardiam como chamas no fogo. Tremia ainda mais quando ele aproximou seu rosto, seus lábios sanguinários buscando o meu. Lutei contra o seu domínio, mas minha força humana se mostrou impotente diante da sua força sobrenatural. Um estalo cruel ecoou no ar quando ele quebrou meu braço, a dor intensa nublando meus pensamentos.

No auge do sofrimento, eu preferiria que ele me matasse rapidamente, libertando-me da agonia torturante que me envolvia.

"Alguém, por favor, me salve!" Gritei, as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, enquanto a agonia me consumia. Eu ansiava desesperadamente por um despertar, para escapar daquele pesadelo de terror e dor que parecia nunca ter fim. Minhas forças estavam se esgotando, e meus olhos fixaram-se nos olhos dourados da criatura diante de mim, que agora pareciam tristes. Por que ele demonstrava essa expressão após infligir tamanha crueldade?

Então, um estrondo ecoou, e um grito chamando meu nome cortou o ar. "Perséfone, reaja, por favor! Não desista da vida tão rapidamente. Volte para mim, minha filha," a voz do meu pai ecoou em meus ouvidos como um apelo desesperado.

Um choque percorreu meu corpo, e o pesadelo, juntamente com a figura do rapaz, começou a desaparecer lentamente. Finalmente, consegui abrir meus olhos e sentir o calor da cama completamente encharcada pelo suor. Um arrepio percorreu minha espinha enquanto eu considerava a possibilidade de que tudo o que vivenciei pudesse ter sido mais do que um simples sonho.

Continuar..

Perséfone Rose

Perséfone Rose

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Sombras Nortunas - A Maldição Do Vampiro Where stories live. Discover now