24. Preparados Para Metermos Bala Nesse Caralho!

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Edgar termina de relatar do início ao fim como ele e os dois filhos fizeram para saírem vivos da casa da fazenda percorrendo um corredor da morte imprevisível. Posso ver, através do olhar dele, um medo inevitável, e também, uma chateação por Nathan e Gavin serem os verdadeiros responsáveis. Eu não nego que me sinto mal por ele. Mas sinto mais ainda por eu ter feito parte da vingança dos rapazes contra Vincent. Em parte, também é minha culpa. Cacete.

- Então, é graças à vocês dois que quase morremos está noite! - ele aponta para os dois envergonhados.

- Pai - chama Gavin, em tom firme. - Nathan e eu não fazíamos ideia de que o tal do Vincent tem um pai que é membro dos Foice. Por favor. Perdoa a gente.

- Perdoar? - Edgar reage incrédulo. - Eu devia ter mandado vocês lá pra fora! E resolverem essa merda como homens!

- Mas pai! O filho maldito daquele maluco fez isso com o Nathan!

- Eu não ia deixar barato, pai - fala Nathan, embora vermelho como tomate, corajoso demais para recuar nessas horas.

- Por que vocês não me ouviram?! Eu disse que ia resolver isso do jeito certo! Que porra vocês fizeram com o menino?!

Os dois suspiram tensos, trocam olhares, olham para mim e me dão a certeza de que a honestidade é a nossa única saída se ainda cremos no amanhã.

- Nós amarramos ele - diz Nathan, cruzando os braços.

- Batemos nele - Gavin dá de ombros.

- E colocamos uma máscara de porco na cabeça dele - engulo em seco ao ser encarado por Edgar e León espantados com minha impactante participação.

- Você fez parte disso? - indaga León, boquiaberto.

- É claro. Eles me convidaram. Eu fui. Ajudei a atrair Vincent pra nossa armadilha - explico com uma sensação pegajosa de suor na testa.

- Anthony... - ele está prestes à me repreender. Entretanto, Gavin o corta.

- Relaxa, León. Vincente não sabe quem é Anthony. Não virão atrás dele. Eu garanto.

Bom. Se essa era a preocupação imediata do meu padrasto, parece ter evaporado, pois ele respira um pouco aliviado. Por enquanto...

León muda o foco.

- Eu diria que uma explosão gerada por um botijão de gás seja o suficiente para matar alguns e deixar outros feridos. Mas dependendo do grau de ferimentos, é melhor que as vítimas seja socorridas o quanto antes. Isso quer dizer que é bem provável que eles já devam ter ido embora da fazenda.

- Melhor não termos tanta certeza - contrária Edgar. - Essa gente é esperta. Podem ter deixando alguns caras de guarda pelo local esperando para pegar nós caso voltemos.

- Pois bem. Edgar, traga o carro pra frente de casa. Vamos entrar e resolver isso lá dentro. Vocês estão expostos demais aqui fora.

- Vamos acabar acordando Rose.

- Ela dorme feito uma pedra - León responde, presunçoso.

Graças ao remedinho que você dá pra ela todas as noites antes dormir, né?

Levo Nathan e Gavin para dentro de casa. León espera por Edgar, que estaciona o veículo em frente à garagem. Logo, estamos todos reunidos em volta da bancada da cozinha com a luz do teto acesa sobre nossas cabeças, atento aos detalhes do plano de León.

- Temos uma grande vantagem: Anthony e eu. Os Foice já devem saber que pelo menos uma vez na semana eu costumo visitar vocês. Então, eu proponho um plano. Vocês ficam aqui, seguros. Anthony e eu pegamos a caminhonete e vamos até a fazenda pra passar o pano. Se tiver alguém lá esperando por vocês, vamos dar um jeito nisso.

- Não. É melhor que a gente vá junto também - sugere Edgar, preocupado.

- Vão estragar o disfarce. León e eu vamos fazer de conta que não sabemos de nada. Nem pra onde vocês foram - digo.

- Eles podem não deixar vocês saírem de lá - fala Nathan.

- Isso não vai acontecer. Confia. Vai estar tudo sob controle - assegura León.

- E se a gente for, mas mantendo distância. Esperamos pelo sinal se tudo estiver ok pra daí nós se aproximamos. Afinal, vocês podem precisar de nós - Gavin faz com que León pondere seu argumento.

- Bem pensando. Podem vir. Mas sejam cautelosos. Onde vocês vivem é quase uma zona silenciosa. Qualquer barulho, chama a atenção.

- Sabemos disso - assenti Edgar.

- Certo. Agora vem as armas. Trouxeram alguma?

- Três espingardas. Tão no carro. Ainda temos 6 munições.

- Venham comigo - ele gesticula com a cabeça para que o sigamos.

Não há ar de mistério para o que prevejo descobrir junto com Edgar, Nathan e Gavin. Meu padrasto leva nós à cruzar a última porta do corredor do andar de baixo. Entramos no depósito de diversos objetos e materiais. Eu já sabia da existência de uma porta branca no canto da sala, próxima de uma motosserra pendurada na parede. Porém, nunca cheguei à abri-la pra ver o que tem dentro. E mesmo que León vá destranca-la agora com uma chave que ele tira do bolso do jeans, meus instintos me dizem que aquele cômodo é especial.

Ele aperta o disjuntor, acendendo uma única lâmpada, iluminando um abarrotado e mortífero arsenal de armas de fogo.

- Puta que pariu. Isso é irado, León. É quase parecida com a que o papai tem no porão, só que maior - elogia Gavin, apreciando mais de perto.

- Por que não me contou sobre esse lugar antes? - cutuco o ombro do meu padrasto.

- Eu ainda não confiava muito em você - responde ele, olhando nos meus olhos.

- Uau - finjo estar surpreso. - Normal. E agora?

- Pode pegar o que quiser. Mas não se empolgue tanto. Tô de olho - ele faz aquele gesto de apontar os olhos com os dois dedos pra mim com uma sobrancelha arqueada.

Levamos um tempo para escolhermos qual arma portaríamos com cada um de nós à caminho da fazenda, lembrando que deveríamos usa-las para matarmos quem tentasse fazer isso primeiro contra a gente. Enquanto eles apanham as quais estão mais familiarizados, fico com uma submetralhadora Tauros SMT 40. Penso no estrago que essas balas vão deixar em alguém.

Alguém chega por trás de mim, enlaçando minha cintura com os braços e apoiando o queixo no topo da minha cabeça. León. A presença dele me faz lembrar de algo inteiramente importante.

- O que vamos dizer à mamãe sobre termos saído de casa muito cedo antes mesmo de ela acordar?

- Eu cuido disso.

Ele sai por alguns minutos e quando volta, traz consigo um ar de "missão cumprida".

- E ai? O que foi que você fez?

- Escrevi um bilhete e coloquei no travesseiro. La diz que você vai precisar de mim pra um trabalho de artes da sua escola. Você vai pintar um quadro meu. Pelado - ele sorri com aquele charme descarado.

- Idiota - reviro os olhos e rio.

Nem acredito que amo esse homem. Porra. Culpa das pirocadas que ele me dá.

Meu Padrasto Irresistível (Romance Gay) - Agora No KINDLEWhere stories live. Discover now