𝔠𝔞𝔬𝔰 & 𝔠𝔞𝔬𝔰 & 𝔠𝔞𝔬𝔰.

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aquele caos, delineado na beleza do que um dia foi tão puro, tinha minhas digitais morando em cada entrelinha.

o gosto salgado dos cristais flamejantes pesa em minha língua enquanto tentava impedi-los de escorrer por minhas bochechas, mas talvez não fosse apenas eles que estavam por me definhar. por inocência, dei passe livre para que aquele veneno entrasse, agora me corroendo tão profundamente na arte infernal de me reduzir a uma estrela morta dentro de uma constelação que já não existe mais.

por mais que eu tentasse me esconder, não havia para onde escapar. os monstros estavam dentro de mim, corroendo a carne na fome voraz de se alimentar dos meus medos que os fortalecia, me fazendo submissa ao rebobinar incansavelmente aqueles pensamentos tão cruéis no intuito de me sabotar.

e no final, eles conseguiram.

não consigo mais chorar, porque as lágrimas foram extintas desde meu último soluço em derrota. mais falso que meus sorrisos, talvez fosse eu. aqueles dragões cuspidores de fogo se tornaram parte de mim, e as memórias de quando fui verdadeiramente feliz passaram a ser frangalhos conforme eu as esquecia.

talvez eu nunca tenha sido amada de verdade, talvez fui usada apenas por carência, manipulada por prazer, porque eu era boa, boa demais para qualquer um, menos para mim.

talvez eu precisasse me proteger de mim mesma, porque eu já não era um bom lugar para ficar. talvez eu continuasse a assistir aquele pandemônio destruir o castelo perfeito que eu havia construído para mim comigo dentro, porque a cabeça vazia foi oficina do diabo até eu me tornar o meu próprio diabo, me definhando dia após dia, hora após hora, segundo por segundo até eu ser nada mais do que cacos estilhaçados do que um dia foi uma linda e completa arte do amor.

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PANDEMÔNIO ♥︎Where stories live. Discover now