27. A Brecha Na Toca do Segredo.

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Aos poucos, vou despertando. Tomando consciência de que estou em meu quarto, deitado em minha cama e com minha perna sobre o tronco nu de León, totalmente capotado ao meu lado. Levo meus dedos da mão à percorrer as linhas do rosto dele. Admiro apaixonado o homem pelo qual me entreguei pintado pela cortina azulada da noite fria que adentra pela janela.

Um som súbito ecoa no silêncio do cômodo, vindo da entrada. Viro o rosto em direção à porta e a vejo parcialmente aberta. Em seguida, ela é empurrada mais um pouco, até que a passagem pro corredor fica escancarada por inteira. Não há nada à não ser escuridão.

Permaneço quieto, atento à qualquer novo detalhe que possa surgir. Merda. Não estou gostando disso. Uma onda de temor emerge dentro de mim, invocando as horrendas lembranças daquela noite em que Ziff, Greg e Sam invadiram essa casa só para nunca mais saírem vivos. O arrepio gélido que se espalha em meus pelos vem junto com um novo som.

Passos leves. Muito ligados à alguém chegando perto. Passando no corredor.

Minha mãe.

Ela some de vista indo para a direita e meu coração é abalado por uma imersa explosão de batimentos acelerados. Entro em pânico. Olho para León, prestes a mexer com ele, mas o que eu faço é tão rápido que assim que me dou por conta, estou no pé da passagem, mirando a porta do quarto da minha mãe e do meu padrasto sendo fechada com delicadeza.

Será que ela viu? León e eu? Deitados na mesma cama como um casal de amantes? Não. Não. Não. Nem fodendo. Não pode ser que ela já tenha se dado por conta que meu padrasto e eu estamos juntos.

Engulo em seco. Não me atrevo à ir lá nem que me dessem 1 milhão de dólares. Fecho a porta e penso se giro a chave colocada na fechadura. Hesito em trancar. O que eu devo fazer? Olho novamente para León, inconsciente do meu medo, longe do perigo silencioso que nós acerca à partir de agora. Minha mãe acordada e andando pela casa, isso só teria sido possível se...

O REMÉDIO!

Será que ele lembrou de ter dado para ela a água com as gotas do frasco para dopa-la? Mas e se ele deu, ela bebeu? León nunca se descuidaria de dar o copo cheio à ela antes de vir deitar comigo. Acho que ela pode ter captado pequenos sinais, assim ficado desconfiada, e enfim, ter finalmente se dado por conta de que está sendo traída.

Caralho! Eu meio que dei muito na cara fazendo aquelas perguntas sobre traição extraconjugal mais cedo. Como eu fui burro! Estraguei tudo! Porra! A merda vai acontecer por minha causa!

Ando até o lado da cama e começo a cutucar León, chamando-o com a voz baixa.

- León. León, acorda. Amor - o que eu disse? Eu chamei ele de amor espontaneamente.

- O que? Você tá bem? Teve outro pesadelo? - ele esfrega os olhos e pisca algumas vezes, com a voz sonolenta.

- Gostaria muito que fosse... - respiro fundo. - Minha mãe... Ela... Eu acabei de ver ela passar na frente do meu quarto.

De repente ele se senta na cama, encarando-me com completo espanto.

- Tem certeza?

- Eu fui até o corredor e vi a porta do quarto de vocês sendo fechada - respondo.

- Puta que pariu... - ele cobre o rosto com as mãos, arrasado com o ocorrido.

- León, você dopou ela essa noite?

Ele me fita surpreso.

- Como você...?

- Eu vi. Entendo que essa seja a única maneira para você estar aqui comigo. Mas voltando ao foco, você deu a água à ela?

- É claro que eu dei.

Fico ainda mais apreensivo.

- E como ela tá acordada?

- Eu não sei. Espera... - ele pensa um pouco e depois se levanta, indo até a porta e saindo, ainda pelado - Esqueci - diz ele, voltando para apanhar a cueca Box largada no chão perto da cama e vestindo-a antes de sair outra vez.

Cogito em acompanha-lo, mas não consigo sair do lugar. Meu corpo pesa como chumbo. Ou seria minha consciência por conta do que estou cometendo? Um erro?

León volta com o frascozinho nas mãos. Na minha frente, ele desenrosca a tampa e abre a boca, pondo algumas gotas na língua. Fico olhando para ele, ambos esperando o efeito da sonolência sucumbi-lo. Minutos se passam e nada acontece. A cara que meu padrasto faz é de profunda frustração.

- Ela já sabe.

Na real, só há uma coisa que devo esperar da minha mãe agora: o ódio duradouro pelo único filho, que destruiu toda a confiança que talvez nunca tenha sido prevalecida entre os dois. Aquelas palavras que ela me disse... Já ouviu falar que sempre cabe mais um dentro da cova? Pronto. Já sinto o gosto da terra de cemitério na minha boca.

Sento-me na beirada da cama, apoiando as mãos sobre minhas coxas. Mil coisas estão embaralhadas na minha cabeça. Incapaz de competir com o caos, peço ajuda ao meu padrasto.

- O que a gente vai fazer, León?

- Com certeza ela já deve estar achando que você e eu estamos tensos por ela ter descoberto. Não podemos dar na cara de jeito nenhum. Temos que disfarçar - responde ele.

- Se for assim, pode ser que ela também reaja da mesma forma, como se nada tivesse acontecido - teorizo.

- Ou possa ser que ela espere o sol nascer pra surtar e jogar tudo na minha e na sua cara.

Meu peito toma uma porrada bruta após ouvir isso.

- Eu não tô... Ainda não tô preparado pra isso... Não vou conseguir...

- Anthony. Você não tá sozinho nessa. Vamos enfrentar isso juntos.

E aí ele se aproxima de mim e me puxa para um abraço protetor. Deito minha cabeça no peitoral quente dele, exalando o aroma masculino da pele dele. É tão bom estar com ele, mas tão ruim por não parecer muito justo.

- Consegue voltar à dormir? - sussurra ele no pé do meu ouvido.

- Eu não sei - digo à ele.

- Vamos tentar então.

Meu Padrasto Irresistível (Romance Gay) - Agora No KINDLEWhere stories live. Discover now