Capítulo 2

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De volta ao colégio, na segunda-feira, Nathan e Isabel estavam no mesmo lugar, atrás da quadra, entregando-se ao mesmo prazer.

Quando estavam juntos, o mundo poderia partir-se ao meio que nenhum dos dois notaria. Por isso, não perceberam quando uma silhueta desenhou-se a alguns metros de distância. Era Rafael, o professor de inglês, que já vinha dando falta do casal de namorados há mais de duas semanas.

O professor notava sempre a ausência dos dois, sobretudo, nas segundas e sextas-feiras, dias que lecionava na turma 10B. A princípio, julgou ser uma coincidência. Depois, passou a desconfiar da recorrência das faltas. Por fim, viu-os saindo de fininho, de mãos dadas, na sexta-feira anterior, quando a sirene soou, indicando o fim do quarto horário e o início do último. Então foi apenas uma questão de encaixar as peças.

Rafael conhecia Nathan desde que começou a trabalhar na escola, o que contabilizava quase três anos. O garoto costumava ser destaque em todas as matérias, além de ser um excelente atacante que sempre se destacava nos campeonatos interclasse. Mas, nos últimos três meses, praticamente desde o início do ano letivo, o rendimento de Nathan havia caído pela metade, o que não passou despercebido pelos professores.

Quanto à Isabel, ela era uma aluna regular, sempre na média. Não era uma excelente aluna, mas, em compensação, tampouco era péssima. Sempre quieta e calada, a garota fazia as atividades e as entregava dentro dos prazos, mas nunca realmente se envolvia com os demais colegas. E, como Nathan, nos últimos meses, seu rendimento também havia caído pela metade, enquanto sua frequência aumentou consideravelmente.

Nem Isabel, nem Nathan faltavam um dia sequer ao colégio, o que, longe de levantar suspeitas, parecia ser algo bom. Uma análise nem tão minuciosa, porém, revelaria que as motivações não eram lá tão boas.

Diante daquela cena, um tanto quanto preocupante para qualquer profissional da educação, Rafael ponderou uma porção de coisas. A escola — extremamente respeitada na região — tinha o seu regulamento, onde era extremamente clara acerca daquele tipo de comportamento. A penalidade seria uma suspensão na certa. O único problema deste método era que ele falhava miseravelmente — prova disso eram os muitos casaisinhos espalhados pela escola, dos quais Nathan e Isabel eram apenas um exemplo.

Ainda pensando no que faria, Rafael limpou a garganta propositalmente, chamando a atenção do casal que distanciou-se um do outro como dois ímãs — com dificuldade e resistência.

— Por que vocês não estão na minha aula?

A resposta era óbvia, mas nem um pouco convincente.

Mas mesmo diante da obviedade da resposta, nem Nathan ou Isabel responderam. Era evidente que nenhum dos dois conseguiam ordenar os próprios pensamentos.

— Eu tô aplicando uma prova valendo cinco pontos.

— Desculpa, professor. Nós...

Nathan olhou de relance para Isabel, que, por sua vez, tinha o olhar baixo, e não conseguiu pensar numa boa maneira de concluir as palavras.

— Vocês sabem que não pode fazer isso aqui dentro, né?

Outra vez, Nathan buscou o olhar de Isabel, como se implorasse pela sua ajuda, mas a garota continuava a encarar o chão.

— Seus pais sabem disso?

À pergunta, seguiu-se um silêncio incômodo.

Uma pergunta simples com uma resposta um tanto quanto difícil de pronunciar.

— Foi o que eu pensei.

Rafael observou os dois adolescentes que, ao contrário de antes, agora, denotavam extrema timidez.

Imaturo Amor - PausadaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora