Capítulo 3

54 9 4
                                    

Uma Semana Depois

— E não tem outra alternativa que não seja a suspensão? — Angélica perguntou, aflita, já imaginando a reação do marido quando soubesse que Nathan estava suspenso da escola por três semanas.

A diretora, por sua vez, negou implacavelmente.

— O Nathan cometeu duas faltas graves e eu imagino que a senhora entenda que nós somos uma instituição séria.

— Claro.

Angélica passou a mão pelos cabelos, visivelmente frustrada, e suspirou.

— Mas... Quinze dias?

— Na verdade, era para ele ter sido expulso, mas um professor pediu que fosse dada uma segunda chance.

— E a menina?

— A Isabel irá receber a mesma punição.

Angélica se colocou de pé num único movimento, determinada a ir embora. O jeito era encarar o fato de que Nathan havia conseguido meter em seu histórico escolar uma baita suspensão. Ficar ali, tentando convencer a diretora de dar uma colher de chá para o seu filho, não iria levá-la a lugar nenhum. De maneira que agradeceu — sabe-se lá pelo que — e saiu da diretoria questionando-se onde havia errado.

Do lado de fora, Nathan estava sentado num banco com os cotovelos apoiados sobre os joelhos e o olhar fixo nas próprias mãos. O ritmo frenético com que o garoto batia os pés no chão denunciava o seu estado ansioso.

Assim que ouviu o barulho da porta da diretoria sendo aberta, Nathan saltou do banco e olhou, envergonhado, para Angélica.

— Mãe...

— Em casa a gente conversa.

Angélica tirou a chave do carro de dentro da bolsa enquanto caminhava para fora da escola.

— Você tentou falar com a diretora? Meu pai vai me matar, mãe!

— Pensasse nisso antes, né, Nathan?

Já do lado de fora do colégio, Angélica voltou o olhar para o filho, vendo-o prestes a chorar. Mas, antes que pudesse dizer qualquer coisa, avistou, a alguns passos de distância, uma mulher cobrindo uma garota com tapas fortes.

— Aquela é a Isabel?

Nathan virou-se na direção que sua mãe olhava e assustou-se ao ver o tanto que a garota apanhava. Ele, que até então estava preocupado com o castigo que receberia do pai, de repente, nem se preocupou mais, pois, diante do que estava vendo, enfrentar Malcolm parecia até fácil demais.

— V*dia! É pra isso que você vem na escola? Se quer ser p*ta, eu conheço um bom lugar pra você começar sua carreira.

Simone desferiu um último tapa na garota, desta vez, no rosto, antes de cuspir as palavras:

— Eu devia ter te abortado.

Em seguida, meteu-se num Celta velho e foi embora, deixando Isabel para trás, que se abaixou para apanhar alguns cadernos que, com toda a briga, havia caído sobre a calçada. Ao erguer-se novamente, a garota avistou Nathan que, de tão assustado, estava imóvel ao lado da mãe.

Não estava arrependida de ter traído a confiança do professor de inglês, entregando-se aos beijos de Nathan atrás da quadra outra vez, mas sentia um profundo ódio da escola por tê-la proibido de ficar com quem mais desejava estar. Enfrentaria todos os tapas e injúrias de sua mãe se tivesse a certeza de que, no dia seguinte, estaria no colégio outra vez para ficar nos braços de Nathan. Mas, de tudo que podiam tomar dela, tiraram-lhe logo a sua única razão de viver.

Imaturo Amor - Em AndamentoWhere stories live. Discover now