Prólogo

84 12 68
                                    


    Embora a crendice popular tenha feito com que eles ficassem "escondidos", quem procura um pouco mais de informação sobre o mundo dos espíritos se depara com eles: os guardiões do tempo e das celebrações. Eles são responsáveis por manter nosso mundo longe do caos, captando nossos sonhos e trazendo boas energias.

    Cada região do mundo tem seus guardiões do tempo. Seres misteriosos ligados diretamente com a natureza e seus deuses. Segundo os antigos anciões, esses seres explicavam a dinâmica do universo, pois sem tempo ou espaço, o mundo não existiria em sua essência.

Mas, você deve estar se perguntando, como eles se parecem? Eles interagem conosco?

     Bom, eles não só interagem conosco, como adquiriram uma aparência mais humana para se misturar entre nós. Sua aparência é tão comum, que seu vizinho pode ser um deles e você nem imagina.

Agora, uma pergunta que eu faço para você, mero leitor. Você gostaria de conhecê-los?

(....)

     A festa rolava solta entre os fazendeiros. Os homens pulavam a fogueira e as mulheres riam com alegria, enquanto que a satisfação das crianças era a correria dos jogos e brincadeiras da festa junina. Tudo estava em uma energia maravilhosa e aconchegante de união e celebração.

    Uma das crianças mais novas, também conhecida como Aninha, corria entre as crianças mais velhas. O problema de ser o mais novo é que muitos não têm paciência e acabam deixando-os desamparados.

— Hey, que tal a gente brinca de pique-pega? — Perguntou João.

— Eu achei uma ótima ideia. Tá com a Aninha. — Fernando toca no ombro da garotinha e todos saem correndo, rindo da pobre coitada.

— Não é justo! — Correu Aninha pela floresta adentro, atrás de seus "amiguinhos".

     Era uma pena que a nossa pequena garotinha morena ,de maria chiquinha, não reconheceu a malícia dos seus colegas. Tudo havia sido armado para que a nossa pequena ficasse para trás e não pudesse acompanhá-los. Chegou um momento, que a pequena se viu perdida e já não reconhecia o caminho de volta. Aninha para entre algumas árvores e começa a chamar pelo grupinho de antes, que agora já se encontravam de volta na festa.

     Suas mãos pequenas seguram firme em seu vestidinho xadrez, feito recentemente pela sua avó Chica, que juntou por muito tempo vários retalhos para poder presentear a amada neta com todo seu amor incondicional. Ela aperta ainda mais seus dedinhos, sentindo medo por estar perdida no escuro. Aninha andava a passos largos e medrosos, até que sentiu duas mãos fortes a segurarem e a pegarem no colo.

— O que você faz aqui, mocinha? — Sorriu um belo homem, de cabelos negros e ondulados. Seu olhar era de um carinho absoluto e sua expressão carinhosa fez a menina suspirar aliviada. — Você poderia ter se machucado.

— Desculpe. — Ela abraça o rapaz e encosta a cabeça em seus ombros. Por mais que seus pais dissessem que não deveria confiar em estranhos. Esse estranho em específico parecia diferente.— Eu me perdi dos meus amigos.

— Entendi. — Ele ajeita o chapéu de palha e olha para o chão por um momento. Havia uma armadilha de ferro muito bem camuflada entre as folhas. Com certeza aquilo poderia ter feito um estrago enorme na nossa pequena "caipirinha". Por sorte, ela caiu nas graças de seu salvador. — Que tal a gente voltar?

     Ele caminhava com ela em seus braços, cantarolando uma canção doce e aconchegante. Quando chegaram, ele a colocou deitada em um dos bancos de madeira e a cobriu com um manto xadrez branco e azul.
    O rapaz arruma a postura e observa em volta, até que seu olhar encontra o grupo maldoso de crianças. Ele se aproxima com um sorriso paternal, pronto para dar uma boa chamada de atenção nos pestinhas. Porém ele sentiu uma energia diferente no ambiente, uma energia fria que se camuflou nas sombras e correu até as crianças. Como um passe de mágica, o cadarço das crianças se enrosca e todas caem como um dominó. O rapaz acaba abaixando a cabeça e dá uma risada discreta, antes de desaparecer.

— Aninha, querida. — O pai de Ana se aproxima e passa a mão em seus cabelos. Ele se senta na beira do banco e a acorda com gentileza. — Onde conseguiu esse manto?

— O moço que me deu. — Bocejou ela.

— Moço? — Ele olha o grupo de homens no centro da festa. Era uma cidade pequena e todos se conheciam. E pelas suas contas, não faltava ninguém, o que fez o homem arrepiar nervoso. — Querida, o que disse sobre falar com estranhos? ...Vem. Vamos ficar juntos da sua mãe.

     Enquanto um pai preocupado tentava entender o que tinha acontecido, nosso grande salvador se encontrava na clareira da floresta. Ele para embaixo de uma árvore e olha em volta, procurando por um rosto familiar.

— Outubro? — Chamou, desconfiado. — Eu sei que está aí. Apareça!

— Achei que não tinha me percebido. — Outubro sai das sombras e se aproxima de Junho, com um sorriso malicioso. — Resolveu dar uma de herói? Desde quando você interage tão abertamente com os humanos?

— Eu....Só senti que deveria ajudá-la. Era apenas um filhote. — Junho passa a mão na nuca, se sentindo sem graça.

— Juno, Juno... — Outubro para a sua frente e segura seu queixo com firmeza, o obrigando a lhe encarar. — Essa sua empatia por eles, vai acabar te matando.

— E o que você faz aqui? — Perguntou em um tom gentil, não querendo que seu amigo se sentisse ofendido. — Este mês é regido por mim.

— Eu estava só de passagem, quando senti sua presença na região. — Outubro solta e desvia o olhar para a lua. — Sabe que gosto da sua regência. É calorosa e divertida, mesmo sendo inverno.

—Seu irmão também tem uma festividade bem calorosa. — Sorriu Junho, ao lembrar de Fevereiro. Porém, um pensamento lhe surgiu e ele resolveu questionar o amigo. — Julho tem festas parecidas com as minhas. Porque não aparece nas dele?

— Seu irmão é um porre. Outro que também é descuidado e interage demais com os humanos. — Juno nota uma certa antipatia em seu tom.

— Bom... — Junho dá um grande sorriso e encaro os olhos do ruivo. — Que bom que gosta de mim.

— Cara... — Outubro riu, achando graça do jeito bobo apaixonado de Junho. — Como você é emocionado.

Ambos os amigos saíram floresta adentro. Logo o sol nasceria, e estava na hora das festividades se encontrarem para recarregar um pouco as forças. Até porque, o amanhã era o significado de uma vida diferente. 

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Oiii Gente!! Olha eu aqui inventando moda novamente kkkkkk

     Resolvi criar um romance baseado nos meus #OCMeses, e espero que vocês gostem. 
Vou amar ter você comigo nessa loucura aleatória kkkkkk Um grande abraço a todos que me incentivaram a criar os OCs e a escrever a fanfic. Amo todos vocês!!! 

Os Guardiões do Tempo - Um rascunho dos mesesOnde histórias criam vida. Descubra agora