34. Dois Invasores Inesperados Na Cabana do Meu Padrasto

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É o segundo encontro que terei com León Pascal. Por mais que o primeiro tenha sido num bar frequentado por homens e mulheres heterossexuais, as lembranças daquela noite são inesquecíveis. Ainda são perfeitas, mesmo antes de termos matado três homens depois que eu tive a minha primeira vez com meu padrasto. Seja o que for nos esperar lá na frente, apenas desejo que essa noite, ele e eu, sejamos felizes como fomos outra vez.

Tomo um banho. Vou para o quarto, onde abro o guarda-roupa e vasculho por um conjunto que me caia bem. Alguns dias atrás, antes de esvaziarmos nossas malas, León e eu não se importamos de misturar nossas peças de roupa. Aliás, sabemos à quem pertence cada uma que trouxemos. Portanto, não me confundo na hora que pego uma camisa preta com estampa de escudo e um jeans comum.

Prontamente vestido, aplico alguns espirros de perfume adocicado em mim. Paro na frente do espelho quadrado do banheiro e analiso a minha imagem. Melhor do que isso, impossível. Clichê, mas honesto. Saio fechando a porta e sigo para o andar de baixo, onde meu cavalheiro galante me espera.

Ainda sinto aquela sensação de quando saímos juntos para ir ao bar. Nossa eterna noite especial. Meu coração fica batendo contra o peito totalmente desregulamentado. Não se trata de nervosismo, só uma acentuada ansiedade para ver o meu homem deslumbrar-se com meu estilo, elogiar-me e beijar-me no limite da intensidade. Aposto todas as minhas fichas que ele também deve estar estonteante.

Esperava encontrar León no pé da escada, mas a ausência dele paira no lugar, e por estranho que pareça, a porta da entrada da cabana está escancarada, dando para ver a mata escura no lado de fora.

- León - chamo ele ao descer o último degrau. - León, eu já estou pronto. Cadê você?

- Aqui estou, querido - essa não é a voz dele.

Surgindo, adentrando pela passagem, a figura de um homem alto e forte arreganha um sorriso esquisito para mim. O cara estranho fica parado e só tenho tempo de reparar no corte pompadour comb over do cabelo loiro cor de milho dele antes de ele dar um longo assobio.

- Olha só esse novinho - os olhos cor de carvão dele me estudam dos pés à cabeça com malícia pura. - Vamos à algum lugar essa noite?

Dou um passo para trás, automaticamente em sinal de alerta.

- Quem é você?

- Shhh - ele faz o gesto do silêncio, levando o dedo indicador até os lábios finos. - Nada de alarde.

- Pro caralho você! León! Temos um intruso! León!

- Eu não teria feito isso se eu fosse você - ele encena uma careta de decepção.

PORRA! Não tive a mínima noção, pois assim que me dou por conta, um hálito de cigarro toca a pele do meu pescoço e braços musculosos me prende com toda a força contra o peito dele. Quem? Provavelmente outro invasor. É claro. Não podia faltar. Estou fodido.

- Solta, porra! León! Socorro! - invisto em meus impulsos para tentar me soltar, mas é claramente inútil.

- E ai, irmão? O que acha? Bora comer o cuzinho dele? - indaga o cara atrás de mim, arrepiando-me de pavor.

Estupradores? Sim. Estou fodido, e ao quadrado.

- Só se for agora - concorda o outro, chegando perto, empolgado. - Três... Dois... Um.

- Atacar!

Do nada. Tudo se desenrola do nada. A ponta do taco de basebol acerta em cheio a cabeça do cara loiro, que cambaleia e tomba no chão, tocando a região atingida e xingando mil obscenidades. Dou um pisão num dos pés do homem atrás de mim. Ele grita e afrouxa o aperto dos braços. Livre, afasto-me e me viro no exato segundo em que León está pronto para acertar a próxima tacada no tal invasor.

- León! Para! Somos nós! - o homem que me segurava levanta as mãos para o alto, indefeso. Reparo que ele tem o mesmo porte do outro, mas a cor da pele é amendoada e o cabelo crespo em corte afro. - Sou eu. Jeffrey.

- Cacete - León abaixa o taco, suspirando.

- E o Quinn - diz o cara no chão, com a voz fraca, suspendendo a mão.

À princípio, os nomes soam familiares para mim. Só então, depois que vejo León trata-los da maneira mais amistosa de todas, trazendo Quinn para coloca-lo sentado numa das cadeiras da mesa da cozinha e pedir para que Jeffrey pegue um saco de ervilhas congeladas do congelador da geladeira, o clarão se faz na minha cabeça.

Esses dois idiotas são os irmãos do meu padrasto, citados pelo próprio na primeira vez que minha mãe o levou até em casa.

- Eu podia ter matado vocês, seus arrombados - esbraveja León, pegando o saco congelado da mão de Jeffrey e pondo na cabeça de Quinn. - O que tavam pensando entrando daquele jeito?

- Era só o nosso jeito de dizer: chegamos - responde Quinn, soltando um chiado de dor.

- Posso ter ficado puto com essa chegada sem noção de vocês, mas... Fico muito feliz em vê-los.

Uma troca de abraço rola entre os três.

- Esse é o meu enteado - León aponta para mim. - Anthony Wilson.

Dou um aceno tímido com a cabeça.

- Foi mal, Anthony, pelo susto - diz Jeffrey, desconcertado.

- Tudo bem.

- O que fazem aqui? - interroga meu padrasto. - Como me encontraram sem que eu dissesse à vocês?

- Chegamos do Texas hoje de manhã. Demos uma passada na casa da Rose, onde pensamos que você estaria, já que ela é a sua esposa. Mas assim que ouvimos ela falar "ele não mora mais aqui", ops, problemas no paraíso.

- O que leva seus irmãos até aqui querendo ter a resposta para a seguinte pergunta: o que você fez? - Quinn aponta para León.

León olha para mim e dou de ombros. Talvez sejamos julgados, mas faria sentido escondermos a verdade? Eu creio que não.

Ele abre a boca e acaba sendo interrompido de imediato por Jeffrey.

- Um segundo. Não precisam falar. Eu já saquei. Porém, corrijam-me se eu estiver errado. León, você tá pegando esse novinho?

- Anthony e eu estamos juntos.

- Sabia - diz Quinn. - A gente te conhece, cara. Mulheres não são a sua praia. Pensei que soubesse disso.

- Eu tava confuso - justifica meu padrasto.

- Como foi que tudo isso aconteceu?

Sem delongas, ajudo León com a narração do ocorrido, sem se aprofundar nos detalhes. Certas coisas não precisam serem ditas. Principalmente se forem íntimas de um casal.

- Não vai demorar para Rose superar isso e aí vocês voltam à se darem bem - presume Jeffrey.

- Não acho que venha à ser tão fácil assim - respondo.

- O futuro é uma máquina de reviravoltas.

- Vocês iam sair - pergunta Quinn.

- Sim - confirmo.

- Pra onde?

- Heliogábalo - responde León, cruzando os braços.

- Jeffrey e eu vamos juntos com vocês. Nada mal. Tô afim de curtir essa noite.

- Você sabe que é um bar gay?

- E daí? Eu também gosto de pica.

- Eu também - diz Jeffrey, sorridente.

- Perfeito. E não se discute mais. Vamos nessa. Vou levar todos pra lá no meu carro.

Quinn se levanta num salto da cadeira e sai andando em direção à porta da cabana, acompanhado pelo irmão Jeffrey.

- Você tá bem da cabeça? - indaga León ao irmão Quinn.

- Tô. Só preciso transar - responde ele.

Resta o silêncio e logo ouço León dizer para mim, com aquele sorriso cordialmente irresistível:

- Você tá lindo.

Olho para ele, sorrio, agradecido, e obtenho a mesma conclusão sobre ele.

- Você também está lindo.

Meu Padrasto Irresistível (Romance Gay) - Agora No KINDLEWhere stories live. Discover now