Isabel inclinou-se levemente no banco e observou a fachada da casa de dois andares quando Angélica parou diante do portão da garagem e apertou um controle disposto no quebra-sol. Instantaneamente, perguntou-se por que não havia nascido com a mesma sorte.
— Bel.
A garota foi trazida de volta para a realidade pela voz de Nathan, que já havia aberto sua porta e a esperava descer. Mas ela mal teve tempo de colocar os dois pés sobre o piso de lajota que revestia o chão da garagem quando um Golden Retriever surgiu correndo alegremente. Temerosa, ela voltou para dentro do carro.
— Ele não morde.
Nathan explicou com um sorriso enquanto tentava conter o cachorro que, despreocupado com seu tamanho, queria brincar a todo custo.
— É seu?
— Sim.
Isabel observou o pelo dourado e brilhante do animal e pensou no quão legal seria ter um cachorro como aquele em casa.
— O nome dele é Spock.
O Golden Retriever latiu.
— Spock?
— É, de Jornada nas Estrelas. Meu irmão que deu esse nome para ele.
— Você tem irmãos?...
A imagem de Angélica fez Isabel se calar. Nathan, por sua vez, limitou-se a balançar a cabeça, respondendo que sim, enquanto sua mãe se aproximava despretensiosamente.
— Pelo jeito você já conheceu o bagunceiro da família.
Spock latiu outra vez e correu em volta dos três, exibindo-se.
Angélica esperava que a garota fosse, ao menos, sorrir, mas não houve uma mudança sequer em seu semblante, por mínima que fosse. Se os olhos eram mesmo a janela da alma, a alma de Isabel parecia impenetrável. Pelo menos, foi isso que Angélica pensou enquanto acompanhava os dois adolescentes até o interior da casa.
— Nathan, vai se trocar e, depois, desça para o almoço.
— Não, mãe. Eu vou comer primeiro.
Nathan jogou a mochila sobre o sofá, mas quando voltou os olhos para Angélica, ela não precisou dizer nada. Mesmo querendo protestar, o garoto apanhou sua mochila novamente e direcionou os passos para a escada que levava ao segundo andar da casa. Isabel até tentou implorar pelo olhar que ele ficasse, mas não houve remédio. Quando deu por si, estava a sós na sala com Angélica.
A garota já não se incomodava tanto com a presença da mãe de Nathan, mesmo tendo-a conhecido há menos de uma hora. Na verdade, agora, sentia até uma certa segurança que nunca havia sentido antes. Mesmo assim, uma voz em seu interior insistia em dizê-la que ainda não era hora de baixar a guarda.
— Pode deixar sua mochila aí.
Isabel olhou para o sofá que Angélica apontava e, com movimentos lentos, como se temesse qualquer erro, tirou das costas a mochila vermelha com listras pretas que carregava consigo desde o oitavo ano. Havia sido um presente do seu pai para o seu aniversário de 13 anos.
Na parede do seu quarto, havia uma foto capturada naquele dia: um 14 de Março. Sempre quando estava triste, o que acontecia com mais frequência do que o normal, deitava-se com o rosto voltado para a parede e ficava horas encarando a fotografia, desejosa de que fosse possível embarcar numa máquina do tempo e viajar ao passado, para aquele dia que havia sido o melhor da sua vida toda.
Na foto, ela e seu pai seguravam uma traíra de quase 60 centímetros. Isabel estava sorridente, algo raro de se ver. Aquela foi a primeira e única vez que pescou. Mais do que isso. Aquela foi a primeira e única vez que teve a sensação de estar viva. Desde então, o mais próximo que chegava de sentir-se da mesma maneira era quando Nathan a beijava.
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Imaturo Amor - Em Andamento
RomanceIsabel queria ser feliz e esperava sê-lo, saciando os insaciáveis desejos do seu coração. E o caminho mais curto para a felicidade apresentou-se diante dos seus olhos quando ela conheceu Nathan, o garoto mais popular, e inteligente, da turma. Mas tu...