Primeiro

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Janeiro, Fevereiro e Março.

Era somente durante a primavera que Minatozaki Sana poderia permanecer na Coreia do Sul. Aos 27 anos de uma carreira de ilustre escritora, a japonesa estava passando por um bloqueio pela terceira vez.

Sana possuía duas trilogias publicadas e mais um livro anunciado para ser publicado, amava escrever romances e dramas, não podia negar que os altos e baixos de sentimentos e relacionamentos a inspiravam, e por isso não conseguia passar mais de três meses se relacionando.

  Atendia pelo pseudônimo Sasha, nunca havia mostrado seu rosto em eventos, e as poucas pessoas que conheciam sua verdadeira identidade eram seus amigos mais próximos, familiares e colegas de trabalho. Sana odiava chamar atenção.

Por crescer em uma família um tanto quanto conturbada e difícil, tendo que lidar com um irmão narcótico e uma mãe doente, encontrou refúgio nas fantasias que criava durante o ensino médio. E isso acabou virando seu emprego.

  Logo no início de janeiro, a escritora foi para a Coreia do Sul, buscar inspiração. Gostaria de permanecer em algum hotel ou pousada perto de florestas, mas não conseguiu fugir das ordens de Kim Dahyun, sua amiga.

Não era fácil buscar inspiração na casa de Dahyun, a coreana trabalhava como produtora musical em uma grande empresa e passava metade do dia compondo em seu pequeno estúdio particular, o que fazia Sana se sentir um tanto solitária.

Como solução para a solidão, a japonesa gostava de sair para caminhar pelas ruas de Incheon durante a manhã até encontrar alguma praça ou restaurante e enfim abrir seu notebook e encarar a tela com um novo arquivo em branco.

A primeira semana de janeiro passou em um piscar de olhos e Sana não possuía nenhuma ideia sobre o que faria em relação ao seu livro. Possuía metas a cumprir e pelo menos metade do manuscrito precisava ser entregue na primeira semana de junho.

Domingo era o único dia que Dahyun não trabalhava, então logo que despertou encontrou Sana encarando a tela do notebook na mesa da sala de jantar e não pôde evitar uma risada.

- Rir não vai me ajudar ou me inspirar Dahyun - Sana não desviou os olhos da tela do notebook, apenas ajeitou o conjunto de moletom que estava usando e suspirou - Eu tô fodida - deu um tapa na própria testa e escutou a amiga se aproximar.

- Calma Sha, ainda tem bastante tempo, eu sempre fico assim quando preciso compor algo novo também, é normal - a Kim colocou uma mão em cada ombro da amiga e começou a fazer uma massagem, a fim de acalmar a mesma - Deixe isso pra lá, vamos sair e beber alguma coisa, hm?

- Sério? - Sana se levantou com rapidez, empurrando a amiga sem querer - Opa, desculpa - riu ajudando a outra a se equilibrar.

- Sério. Eu tenho alguns contatos, hoje a tarde vão fazer um evento para promover um álbum que ajudei a produzir, eu não tinha muita vontade de ir antes, mas se você for eu vou - sorriu.

- Certo. Vou descansar um pouco, me avise quando estiver quase na hora de ir - Sana fechou o notebook com um sorriso imenso no rosto e foi saltitando para o quarto de hóspedes que havia monopolizado.

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Dahyun parecia outra pessoa. As roupas largas que usava em casa foram substituídas por um vestido e saltos, o cabelo cinza estava solto e uma maquiagem leve tomava conta de seu rosto. Já Sana parecia não ter mudado muito, usava uma calça jeans escura e uma camisa gola alta preta, apenas o cabelo que não estava preso em um coque desajeitado, estava solto.

Quando o táxi deixou a dupla no edifício Sana prendeu a respiração ao sentir o cheiro de cigarro vindo dos grupos aglomerados na calçada. Odiava cigarros e qualquer coisa com cheiro forte. Deixando evidente o desconforto, a escritora sentiu sua mão ser puxada por Dahyun e logo estava na recepção, observando a amiga passar seus nomes e documentos para a recepcionista.

Last Waltz - SahyoWhere stories live. Discover now