Capítulo 5 - Prazer, Hera

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O vento gélido bateu sobre o rosto de Lucas Cardoso e em reflexo, ele afundou mais as mãos nos bolsos do longo sobretudo. Batendo a porta do carro, ele cerrou o maxilar e encarou tediosamente os homens armados enquanto andava até eles.

Assim que chegou perto o suficiente, o caminho que antes era fechado foi aberto quando os brutamontes se colocaram para o lado deixando espaço para que o rapaz adentrasse o beco escuro.

Retirou com calma o sobretudo, ajeitando a manga de sua camisa social e a gravata para que ficasse centralizada em seu peito. Passou suavemente a mão no cabelo e ajeitou a postura assim que os olhos do homem pousaram nos seus. Aproximou-se da entrada do galpão em passos firmes.

— Você é pontual.

— Uma qualidade.

— Sente‐se.

O homem indicou a cadeira a sua frente e assim Lucas o fez. Analisou a figura daquele ser sob seus olhos, os cabelos bagunçados, a barba por fazer e os olhos fundos. O cigarro dançava em seu dedo e ele o levou até a boca, logo soltando sua fumaça.

— Diga, rapaz. O que te traz aqui?

— Eu procuro por uma mulher. Hera Galott.

— E por você acha que eu sei sobre ela?

— Você é o sub do Cartel de Santorini, é inimigo daquela mulher e eu sei que vocês já se combateram.

— E o que mais você sabe?

— Você perdeu. — Cardoso deu de ombros e entrelaçou as pernas, cruzou suas mãos despretensiosamente. — Perdeu dezenas de homens e até hoje não se recuperou. Hera Galott acabou com seu cartel e eu tenho certeza que se você tiver a chance de retribuir isso, fará sem sombras de dúvidas.

— Aonde você quer chegar?

— Eu preciso de algo e em troca, eu também te dou algo.

— O que me daria? — O mais velho jogou o cigarro no chão. — A cabeça daquela puta?

— A oportunidade de você mesmo arrancar a cabeça dela.

— Garoto. — O homem riu em escárnio e empurrou a cadeira para trás se levantando. — Você não faz a menor de ideia de quem ela é, não é? Não sabe um terço sobre Hera.

— Me ajude a descobrir. — Lucas soou, calmo e tranquilo. Seus olhos observavam tranquilamente a visão do homem, nervoso e com a respiração gradativamente desregulada. — Ela tem tanto poder assim sobre você?

— O que disse? — Espalmou as mãos sobre a mesa, o nervoso se transformando em fúria. — Ela não tem poder sobre mim!

— Então por que você treme e suas mãos suam?

— Escute o que vou lhe dizer, garoto. — Ele apontou o dedo indicador para Lucas. — Είναι δώρο από τα ελληνικά. Αβλαβές στην αρχή και θανατηφόρο στο τέλος.

Cardoso sorriu de lado, dando de ombros e se levantando. Suas mãos tocaram a gravata ajeitando-a e ele pegou o sobretudo que antes estava apoiado sobre a mesa. Cerrou seu olhos e abriu um largo sorriso.

— Pense no que te falei. — Murmurou tedioso encarando o relógio em seu pulso. — Os gregos não precisam vencer sempre.

Virando-se para sair, ao olhar para o lado, Lucas conseguiu enxergar perfeitamente o objeto que brilhou sob seus olhos. Apoiado no parapeito da janela.

— Linda caixa de Pandora. Irei aguardar que me procure.

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SUPREMACIA - NOVA DINASTIA [ HIATUS ] Where stories live. Discover now