Capítulo 1

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Naquela cidadezinha cinzenta os sinos tocavam anunciando o horário de nove horas da fatídica manhã, os pássaros se recusavam a cantar ou voar alegremente, o cocheiro resmungava com o cigarro na boca enquanto seus patrões subiam abordo.

Naquele dia em específico algo grande iria acontecer, a união de duas famílias com dinheiro para dar e vender.

Os Greengrass e os Miller resolveram fazer um acordo unindo seus primogênitos no laço matrimonial, naquela tarde um ensaio aconteceria, o ensaio para o..

─ Ouçam! Ouçam! ─ Se ouve o grito do homem enquanto balançava seu sino pela vila ─ Faltam dez minutos para o ensaio do casamento de Miller!

A notícia se espalhava como areia numa ventania, nunca ouve cidade mais fofoqueira que esta que lhes apresento.

A jovem noiva observava tudo da janela da carruagem, estava melancólico, afinal nunca conheceu a moça que seus pais escolheram para o casório.

Casamento arranjado é algo complicado de fato, os pais de S/n deram sorte ao se apaixonarem ao longo do casamento.

─ Aonde está a S/n ─ A senhora Miller pergunta ao descer pela escadaria.

─ Não sei querida ─ Disse seu marido, sentado a mesa.

A mesma tinha poucas coisas, apenas pão, manteiga, geleia e jarra de café. A casa na qual os senhores e a jovem Miller viviam estavam caindo aos pedaços, eles odiavam essa vida que tinha, de pobres, vivendo na mais baixa estrutura social.

Queriam ser grandes ricos. Eles trabalham como comerciante, a fortuna estava em ascensão. Por isso arranjam um casamento com a filha do casal de aristocrata, Camille Greengrass.

─ S/n! ─ Gritou a senhora Miller no andar de baixo. Impaciente de esperar.

Em alguns segundos ouviram barulhos na escada, então a única filha jovem dos Miller apareceu. Usando um terno preto, sem muitos detalhes, não era tão chamativo, deixava sua pele branca exposta no busto.

─ Finalmente você desceu S/n ─ A senhora Miller exclamou. S/n não disse nada a não ser pegar uma banana que começava a apodrecer ─ Nós ainda temos que passar na casa dos Greengrass, não quero passar uma má expressão a eles, então vamos não posso me atrasar.

─ Nós não podemos querida ─ O senhor disse a corrigindo. Ela que fez pouco caso para sua fala ─ O carro está a nossa espera.

─ Ah está uma linda manhã ─ Disse a senhora Miller assim que pisou fora de casa.

O dia estava nublado, além do vento fresco da manhã. Alguns pessoas andavam pelo bairro, carros passando.

─ Um ótimo dia ─ Disse novamente.

─ Mãe menos ─ S/n disse atrás da mais velha.

─ Pare de reclamar S/n, você irá se casar com uma linda moça e ficaremos rico, seremos da classe A ─ A senhora Miller disse, seu esposo abriu a porta do carro para que ela entrasse.

O cocheiro parou a carruagem com uma tosse seca de fumante, recebendo em resposta uma repreenda de Ellise que estava radiante com a perspectiva de sua linda filha se casar com uma das moças Greengrass.

O coração da mais nova batia como louco em seu peito, assim que as grossas portas se abriram, ela sentiu como se pudesse morrer a qualquer momento.

A sua frente uma mulher rabugenta em seu vestido vinho, mas como tudo na cidade ele parecia mais cinza avermelhado do que vinho em si.

Ao lado da mulher estava um homem gordinho e mais baixo que a esposa, o mesmo tentava sorrir mas parecia um sapo com problemas de psicopatia.

─ Olá Sr.  e Sra. Greengrass ─ Disse o Miller mais velho.

─ É um prazer ter vocês em nossa casa ─ A mais velha Greengrass disse, abrindo um sorriso falso. O seu marido fizera o mesmo.

─ Obrigada ─ A senhora Miller disse.

─ Vamos tomar um pouco de chá e conversar, enquanto o ensaio não começa ─ O senhor Greengrass sugeriu.

O Sr. e a Sra. Greengrass os trataram com uma educação polida, mas nada afastava o pensamento de como a casa era linda.

Ao saírem pelo corredor a mais nova viu sua chance de escapar do assunto "como o casamento deve ficar".

Andou pelo hall logo entrando na vasta sala e no meio da mesma um piano de calda, o móvel era branco como marfim mas com o reflexo da luz a poeira brilhava infeliz.

Sentou se no banquinho após regulá-lo, viu as teclas gritarem por um músico, e atendendo-lhes o pedido a morena começou a tocar suavemente.

Fazia tempo que não tocava, seus pais achavam um desaforo sua filha, única filha, querer se tornar músico a herdar a empresa de peixes.

Ali com os dedos nas teclas conseguiu sentir a jovem S/n que sonhava com a grande plateia lhe aplaudindo.

No topo das escadas do hall uma moça surgiu, delicada e linda de perfil, o corpo estruturado e muito bem modelado era envolto pelo vestido azulado.

Guiada pela música a jovem seguiu, rumo ao piano a muito comprado e quase nunca usado.

Tocando no móvel a moça viu uma moça de terno preto, mas se limitando a esses detalhes ela fechou os olhos apreciando a doce melodia, Que coisa mais bela, pensava balançando a cabeça ao ritmo calmo e simples do instrumento.

Assim que a moça terminou, a garota aplaudiu delicadamente assustando a músico que se virou muito rápido em sua direção.

S/n estava encantada com a moça a sua frente, era sem dúvidas tudo o que diziam e mais, mas não lhe importava apenas seu exterior, importava também a personalidade da moça a quem estava comprometida.

─ Isso foi incrível... senhorita... ─ Começou delicadamente a moça

─ S/n ─ Se apresentou beijando a mão da garota. - É um prazer conhecê-la... senhorita...

─ Camille, mas pode me chamar de Milli, quer dizer, meus amigos me chamam de Milli, se eu tivesse amigos ─ Sussurrou a última parte melancólica, mas a tristeza foi encoberta com o sacolejo de cabeça e o falso sorriso treinado para esses momentos ─ O que faz aqui, S/n? ─ Mudou de assunto se sentando no banco sendo seguida pelo moça.

─ Vim para o ensaio de meu casamento ─ Respondeu suspirando vendo a moça olhar para baixo enquanto suas mãos mexiam no tecido azulado de seu vestido.

─ Então... acabou de conhecer a noiva ─ Falou brincalhona mas nenhuma das duas riram.

Antes que pudessem quebrar o clima pesado as portas da sala que levavam a outro comodo foram abertas com brusquidão.

─ Camille ─ A voz áspera e rouca da Sra. Greengrass ecoou pelo espaço e a moça referida se levantou rápido ficando na pose aristocrática e fria que sua mãe tanto lhe ensinava ─ Vejo que conheceu a sua noiva ─ Olhou para S/n que já estava de pé ao lado da moça morena.

─ Nos conhecemos agora, Madame ─ Esclareceu a jovem.

─ Claro ─ Resmungou o Sr. Greengrass com a boca mal se mexendo Eles seguiram para onde o padre se encontrava pronto para o ensaio começar.

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𝐀 𝐍𝐨𝐢𝐯𝐚 𝐂𝐚𝐝𝐚𝐯𝐞𝐫 ᴶᵉⁿⁿᵃ ᴼʳᵗᵉᵍᵃOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz