❝Eu encontrei quando não quis
Mais procurar o meu amor
E quanto levou foi pra eu merecer
Antes um mês e eu já não sei
E até quem me vê lendo o jornal
Na fila do pão, sabe que eu te encontrei
E ninguém dirá que é tarde demais
Que é tão diferente assi...
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A madrugada foi mais longa do que eu esperava. Passei horas no quarto da Dhiovanna conversando, aconselhando, chorando junto com ela que só pegou no sono quando o dia clareou.
Tive que me levantar da cama de fininho e sair de lá na ponta do pé para que ela não acordasse e jogasse todo o trabalho que deu para dormir no lixo, e quando voltei para o quarto do Gabriel não o encontrei lá. Curiosa, desci para procurá-lo por todo o apartamento silencioso. Por onde anda Gabriel Barbosa uma hora dessas? Pela claridade, acho que deveria ser pouco mais de seis da manhã.
O encontrei dormindo todo esparramado no menor sofá da sala com uma almofada entre as pernas, e me vi sorrir do que via na minha frente. Sem brincadeira, ele parecia um anjo ali. O cabelo cacheadinho com as mechas loiras, as bochechas sendo amassadas por uma dessas almofadas, e a boca bem inchadinha ajudaram nisso. Ele é perfeitinho desse jeito, do jeito dele. E cada dia que se passa eu tenho mais vontade de ter esse carinha mais perto de mim. Sendo o pai do nosso bebê, meu amigo ou sei lá o que somos agora.
Por mais que ele seja irritante quando quer, debochado quando necessário, e chato, é perfeito do jeito dele e me faz bem. Na real, quem o Gabriel não faz bem? Ele é atencioso com a família, com os amigos, com os torcedores do time... Ele é lindo do jeito dele.
— Perdi a pose — Diz abrindo os olhos me fazendo dar um gritinho ridículo de susto — Vai ficar me admirando por mais quanto tempo?
— Porra, você quer me matar? — Perguntei, levando a mão no peito.
— Você que tá me olhando aí a mó tempão, eu que te pergunto. Tava pensando em como me matar de um jeito fácil? — Sentou-se no sofá.
— Você tava dormindo todo torto, vim te chamar pra ir pra cama — Viro de costas me direcionando até as escadas — Vem logo, anda antes que eu desista.
— Posso mesmo ou você vai mudar de humor e me expulsar de novo? — Perguntou vindo atrás de mim.
— Cala a boca antes que desista — Subo devagar cada degrau da escada por medo, tô completamente fraca de tanto sono então cairia aqui facilmente.
— E a Dhiovanna, chorou por muito tempo? — Ele perguntou vindo bem do meu ladinho.
— Muito. Mas nós fomos conversando, ela foi ficando mais calma e tá dormindo agora.
— Obrigado por ajudar — Me agradeceu, me olhando de lado e dando um sorrisinho bonito.
— Não foi por você, foi por ela.
Entramos no quarto, ele fechou a porta e veio atrás de mim no banheiro. Privacidade entre a gente? Ficou no caralho, não existe mais.
— Eu preciso fazer xixi, vai ficar parado aí? — Perguntei, realmente querendo saber.
