47. Soldados Furiosos

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Inspirando fundo, León da dois passos diante do melhor amigo. Ambos ficam cara a cara. Nem Gavin, nem eu temos a mínima coragem de dizer alguma coisa.

- Quando você ia me contar? - confronta Edgar, perguntando.

- Desde que eu tivesse certeza de que você não ia me julgar - responde León, mantendo a cabeça erguida com o rosto pingando de suor.

- Porra. León. Você é o meu melhor amigo. Por que eu te julgaria? Eu não sou nenhum padre.

- Agora você já sabe.

- E vou te dizer: trair a esposa com o enteado é muito errado! Onde você tava com a cabeça?

León balança a cabeça, decepcionado, dizendo:

- Eu sabia.

- O que queria que eu dissesse? - questiona Edgar, estendendo os braços, e recebe um dedo apontado contra a face pelo meu padrasto.

- Edgar, você é um hipócrita! Vai falar de mim e se esquece que você se casou com uma mulher que você era amante dela.

Bam! Foi tão rápido que está mais pra um míssil do que uma bomba atômica, mergulhando os rostos de Edgar, Gavin e o meu num estupor instantâneo. Que tamanha revelação estrondosa. Ninguém tinha a noção de que isso sairia da boca de León.

- O que? - reage Gavin, pálido feito uma estátua grega.

- León! - repreende Edgar.

- Que história é essa, pai?!

- Gavin, conversamos sobre isso depois.

Mas Gavin não para, ele prossegue, mais exaltado do que nunca.

- Você contou pro Nathan e pra mim que o senhor e a mamãe se conheceram no colegial!

- E eu queria que tivesse sido assim! - grita o pai, cuspindo saliva.

- Caralho. Como você pode inventar isso? Agora você foi longe demais, pai! - Gavin dá as costas, distanciando-se à passos largos.

- Gavin! - Edgar o chama, mas é ignorado.

- Nathan, tenho uma coisa pra te falar! Vem cá!

Abalado, Edgar é logo devorado por uma íra fervente, parecendo um pouco maior do que o tamanho normal. Ele se vira para encarar León como se fosse um inimigo e parte com tudo para cima com os punhos cerrados.

- Vai se foder, seu puto destruidor de famílias!

- Vai você! - León não baixa a guarda.

Colidindo um contra o outro, os dois caem rolando pelo solo de terra preta, agitados e trocando mil ofensas. Edgar tenta acertar um soco em León e pega no ar. Todas as tentativas acabam sendo falhas por eles serem bom de desvio. Mesmo assim, é bem provável que só parem quando um estiver morto.

Penso rápido e chuto um pouco de terra na cara deles, intervendo com sucesso. Tiro León de cima de Edgar, que também levanta-se. Meto-me entre eles, ambos sujos.

- Não desvia o foco, León. O assunto aqui é Anthony e você. Como puderam fazer isso com Rose? - enfrenta Edgar, revoltado.

- Edgar, só aconteceu - respondo.

- Ela não merecia isso. Muito menos de um filho.

- Reconheci que errei. Eu já falei com ela. Estou tentando me reconectar com ela.

- Mas nada vai mudar o que vocês dois fizeram!

León ergue a voz mais uma vez.

- Eu sei! Você tá certo! Pelo menos entenda a gente!

- Não dessa vez. Não depois de você falar pra eles o que só eu poderia contar. Você estragou tudo! - encerrando a discussão, Edgar sai andando, bufando.

León também se afasta. Fico sozinho, e pensativo. Gavin saiu daqui indo até o irmão caçula para contar à ele a recente descoberta sobre o pai ter sido amante da mãe deles antes do casamento. Como Nathan deve reagir após ouvir? Assim como o irmão mais velho, ele não verá mais Edgar com os mesmos olhos.

Vou atrás deles. Dobrando um carvalho, avisto a dupla perto de uma rocha, sob a sombra de uma árvore, guardados do sol.

- Por que ele mentiu? - questiona Nathan, entristecido.

- Talvez ele não quisesse que julgássemos eles - cogita o outro irmão.

- Mas o que custava ele pelo menos ser honesto?

- Eu não sei.

Chego até eles limpando a garganta, anunciado a minha presença.

- Meninos - sou fitado por eles. - Posso ficar?

Eles respondem "sim".

- Peço desculpas pelo transtorno - digo.

- Tá tudo bem, Anthony - fala Nathan, enquanto tomo um susto, vendo Edgar vindo por trás dele e parando para ouvi-lo. - Sempre tem algo para acontecer com a gente. Eu só não entendo por que o nosso pai mentiu pro Gavin e pra mim.

- Deixa ele falar - aponto para o pai deles.

Quando me preparo para deixa-los à sós resolvendo os assuntos de família, ouço Edgar dizendo:

- Pode ficar, Anthony.

Interpreto isso como um sinal positivo. Permaneço de pé onde estou, cruzando os braços. E espero ele começar.

- Eu ia contar. Um dia. Conheci a mãe de vocês dois quando eu ainda estava no quartel. Ela era enfermeira. A melhor da equipe. Ágil, dedicada e dócil. A mulher mais graciosa que já vi. Comecei a me sentir tentado toda a vez que ficava perto dela, até que notei a aliança no dedo.

"Assim que me dei por conta de que ela já tinha um homem, eu me afastei. Mas depois, ela começou à vir atrás de mim. Destruir aquele casamento era a última coisa que eu queria. Lutei o máximo que pude contra os meus desejos, até que perdi"

"Tentei me arrepender, mas não conseguia. Eu sentia que aquilo era o que eu realmente queria. León, que sempre quis o meu bem, não aprovou de início. Com um tempo, ele foi entendendo-me. Eu amava aquela mulher e ia cuidar dela até não poder mais"

"Ela ainda não tinha filhos. Nem eu. Então, decidimos que teríamos vocês dois. Gavin e Nathan. E formaríamos a família Sunderland, vivendo em uma fazenda próspera no Colorado"

"Posso ter vários arrependimentos. No entanto, ela nunca foi um. Nem vocês"

Apesar de Edgar ter sido sincero em tom, palavras e expressão, Gavin ainda o confronta.

- Pensei que o senhor fosse um homem corajoso. Os dois fizeram a coisa errada e esconderam dos próprios filhos a verdade. O que mais andou aprontando, pai? Por acaso ficou com outra mulher além da mamãe?

- Nunca.

- Não acredito muito nisso agora.

- Já deu - Nathan bate com o pé no chão. - Quero ir pra casa. Pode nos levar?

Com um suspiro de exaustão, Edgar responde:

- Vamos pro carro.

- Edgar, eu sinto muito - diz León.

- Conversamos outra hora. Se não fosse pelos Foice, eu teria embarcado com os meninos pro Texas e ido passar um tempo com o meu primo. Pelo visto, vamos ficar na casa da praia, só por mais um tempo até descolarmos um lugar novo. Tchau, Anthony.

- Tchau - despeço-me de Edgar.

Junto com os filhos, ele sobe no carro e arranca o veículo do local, seguindo a trilha para a estrada.

- Vamos - León toca o meu ombro e vai em direção a cabana. - Temos um compromisso. Afinal, a noite ainda pode ser boa, não?

Meu Padrasto Irresistível (Romance Gay) - Agora No KINDLEWhere stories live. Discover now