A luta contra golias

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Lidar com a bipolaridade é lutar contra Golias todos os dias. Uma hora estou melancólia, noutra em paz. Uma hora estou animada em fazer planos, outra hora me sinto cansada e entediada. Sinto prazer em fazer pequenas coisas como comer algo diferente e em outro momento me corto e me arrependo ao sentir minha pele queimar quando lavo meus machucados. Eu não desejo essa condição nem mesmo para aquela pessoa que já me fez mal algum dia. Será que amanhã acordo feliz? Será que pensarei em tirar minha vida? Tudo é muito pesado, misterioso. Sem contar a minha mente que, mesmo depressiva, de cama e sem tomar banho a dias, fica a mil por hora, pensando em diversas coisas aleatórias ao mesmo tempo. O que seria de mim sem as minhas medicações? Eu sei a resposta. Eu nem estaria aqui. Já passei pela mania e também pelos momentos pavorosos em que tomei choques na cabeça (não posso negar que o sono com propofol era uma delícia). Minha mãe complica muita coisa nisso tudo. Escandalosa, tóxica, incompreensiva. Ela faz muito mal pra mim. Mas quer saber, ela é uma santa. Quem se internaria junto da filha em uma clínica psiquiátrica? Nenhuma. E por falar em clínicas, eu já estive em quatro, passando as tardes fumando cigarros e tomando café. Apenas. Depois do que vivi e vi, o melhor lugar para se tratar é em casa, no conforto do seu quarto, assistindo filmes, acendendo um incenso, tomando chá de meleleuca. É tudo tão difícil, principalmente pelo fato de que nunca vou me curar, que sempre terei que lidar com esses demônios. Já pensei em fazer de tudo, vou me matricular em aulas de pintura ou aprender uma nova língua. Quem sabe começar a nadar, escrever, ler, ser mãe de planta, tocar algum instrumento, fazer uns videos para o Tiktok. Mas aí vem a pergunta, isso é o transtorno de bipolaridade, ou sou eu, minhas opiniões, gostos e interesses? Hoje em dia eu só durmo com remédio e tudo anda muito confuso, pois minha concentração está péssima e não consigo guardar nenhuma informação na minha mente (fui demitida sexta feira e tenho certeza que foi por causa disso). Li que tomar remédios  para dormir aumenta as chances de alzheimer e demência. Sei que vou enfrentar uma nova luta com Golias, passando noites e mais noites em claro até meu corpo desacostumar dos comprimidos e conseguir dormir normalmente. Ah! E com 6 anos de diagnóstico dado engordei 30 quilos (pra completar). Mas o fato é, eu sou tão ferrada da cabeça que não ligo tanto para o meu peso, penso que tenho outras prioridades como amenizar as insanidades da minha mente. Eu já disse que sou compulsiva? Cigarro, café, compras, comida, antigamente por bebida e cocaína (meu calcanhar de aquiles que me fez desenvolver esse presente dado por Deus, há!) Eu poderia escrever páginas e páginas sobre como eu lido com tudo isso, mas no final de tudo o certo é viver um dia de cada vez. Eu estou bem melhor hoje em dia, antigamente eu era catatônica, tipo, urinava na cama (os choques me fizeram bem). Hoje faço faculdade de psicologia (estou gostando muito do curso), não bebo e tento levar uma vida ''correta e leve'' (por mais que eu ache que é chata mesmo). Tomo meus remédios religiosamente porém dei uma pausa na terapia (já passei por 4 terapeutas e nunca obtive resultado). Bem, por hoje é só!! Obrigada por ler!!

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⏰ Last updated: Jan 19 ⏰

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