5 - Sem respostas.

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GRACE

Quando a luz do sol se desfez transformando aquele triste dia em noite, não se podia ver nenhuma estrela no céu, ele estava carregado de fartas nuvens escuras, as horas se arrastaram e tudo ficava mais mórbido, toda a Floresta das Labaredas coberta pelo breu.

Meu coração estava pesado e todos estávamos lentos, a Floresta que era cheia vida, já não emanava esta sensação.

Eu sentia frio a ponto de meus dentes baterem, mesmo enrolada em uma manta que Damian colocou sobre meus ombros, e com ele ao meu lado.

Nunca havia feito um frio como este, gélido, como se toda felicidade houvesse sido enterrada abaixo de nossos pés.

Carregamos inúmeras velas para fora de casa, e elas foram acesas, uma a uma, por nós, ao redor do lago, a meia noite.

E as crianças dormiam serenamente no interior da casa.

Nenhuma libélula colorida e brilhosa veio a superfície. Não naquela noite.

Todas as criaturas estavam silenciosas, nenhum abernate era ouvido, sequer seus passos pesados, não haviam gnomos correndo, não haviam corvos noturnos com seu cantar estranho. Era somente o breu e o silêncio.

Nos sentamos ao redor do lago, juntos sobre um tapete escuro, os rostos conhecidos iluminados apenas pelas curtas chamas.

Uma lágrima desceu pelo rosto de Chiara, ela limpou rapidamente.

— Tem algum significado? — Eric cortou o silêncio com o sussurro, se voltando para Damian que estava entre nós. — Além da homenagem. — Ele se referia as velas.

— É um ritual antigo. Para que nas trevas ela encontre luz, onde esteja. Nós não temos todas as respostas. — Braeden foi quem o respondeu. E prosseguiu. — Fadas gostam de acreditar que existe luz, até para seres como nós. Ramona também acreditava.

E então me lembrei, Ramona era meio fada... Digo, híbrida de fada.

— Eu não entendo como. — Chiara sussurrou. Mais uma vez. Sendo embalada por Braeden, meu coração doía por ela.

Chiara foi a mais próxima de Ramona, era como uma mãe para ela, e ela não conseguia entender como uma bruxa tão poderosa simplesmente sucumbiu. Por que não havia resposta, se elas que conhecem a magia melhor do que qualquer um de nós não podia responder.... Não é como se pudéssemos simplesmente nos conformar.

Eu perguntei a Damian, se tinha algo a ver com a poção que elas tomam para manter a juventude. Bruxas tem imensa longevidade, mas envelhecem, lentamente.

A poção que elas tomam garante a juventude, a vitalidade, o colágeno em suas peles.

Então ele me garantiu que mesmo parando de a beber, não queria dizer que Ramona sucumbiria até a morte. Daquela forma.

Céus! O que deixava tudo mais inexplicável.

Toquei minha face quando a primeira gota de chuva caiu sobre minha bochecha, e então, outra e depois outra.

— Vamos sair daqui. — Disse Braeden.

— Não. — Chiara negou veemente, se agarrando a ela.

— Chiara. Precisamos. — Insistiu a outra bruxa.

— Não, vamos ficar. Ela precisa fazer isso. — Falei, eu entendia Chiara.

O luto tinha suas particularidades, e se ela precisava, apenas precisava.

A chuva logo nos havia atingindo em toda sua força, molhando cada parte de nós, esfriando nossos corpos, Damian ao meu lado tremia a ponto de bater queixo.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Feb 03 ⏰

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O que flui sob nós | LIVRO II - PAUSADO Onde as histórias ganham vida. Descobre agora