Minha mediocre Rotina

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A fantástica filosofia de uma assassina

Haewon, uma jovem de 30 e poucos anos, vivia em Seul com sua vida agitada. Haewon sempre tinha uma rotina apertada onde eram sempre as mesmas coisas: às 5h o relógio despertava, 7h ela estava a caminho do trabalho, às 9h ela precisava ouvir seu chefe insuportável com bafo de cigarro baforar na sua cara, ao meio dia, uma pausa para um café e sempre às 21h ela voltava para casa. Uma rotina que se tornara cansativa. Haewon sempre ia na loja de conveniência vestida com seu pijama azul de pelúcia com lindas orelhinhas, e sempre comprava a mesma coisa: um lámem e um soju, mas ela se recusava a sorrir para a atendente da conveniência, pois na sua cabeça ela era apenas mais uma garota que trabalhava meio período para se sustentar na faculdade.
— Boa noite, deseja mais alguma coisa? — perguntou a moça da loja, tentando ser simpática
— Não, eu vou querer só isso mesmo — respondeu Haewon.
Sem olhar para trás, Haewon pegou sua sacola no balcão, e na sua cabeça, ela estrangulava o pescoço da atendente, em um pequeno lapso de tempo.  Ela abriu a porta, olhou para a atendente e sorriu para ela.
Saiu balançando a sacola e dando pequenos pulos de alegria ao subir a rua de sua casa, até que de repente ela esbarra em um rapaz que se vestia um sobretudo preto e usava óculos escuros, mesmo sendo de noite. Haewon bateu em seu peito com a cabeça, mas rapidamente ela o olhou e disse:
— Eiii! Você não tem o hábito de olhar por onde anda? — esbravejou ela.
O rapaz logo respondeu com um aceno de cabeça e saiu andando, deixando Haewon totalmente sem reação.
Haewon, muito estressada, foi atrás e começou a discutir com ele, enquanto ele andava de costas para ela sem hesitar, fazendo com que ela gritasse no meio da noite em um rua deserta.
— O que você pensa que está fazendo? Olha o que você fez com meus chinelos! Você vai ter que pagar!
Haewon o agarrou pelo colarinho, virando-o para ela, até que o rapaz tirou os óculos e olhou fundo nos olhos de Haewon. Naquele rosto havia pequenas gotas de sangue, respingadas como se fossem uma obra de arte, misturadas nos cabelos longos e lisos. Ela observou como seu nariz era levemente empinado e sua boca que mais parecia um coração.
— Me passa seu WeChat que combinamos de comprar novos chinelos — disse ele.

Haewon, tão hipnotizada, não sabia o que falar e só correu em direção oposta, assustada e sem entender nada. Ela parou no meio do caminho tentando retomar o fôlego para voltar para casa.
Naquele dia, ela não conseguiu dormir pensando em quem era aquele homem, quais segredos ele escondia por trás daquele rosto angelical respingado de sangue.
Às 5h o despertador tocou e Haewon acordou assustada, batendo a mão pelo despertador, ela gritou:
— Droga, Haewon! Por que teve que sonhar com esse homem?
Passou a mão nos cabelos juntando-os para amarrar no alto, se recostou no balcão do banheiro, olhando no espelho e se perguntou:
— E se... Não, não, eu estou ficando louca.
Jogou uma água no rosto, tomou seu café e de novo saiu atrasada para o trabalho.
Haewon saiu correndo e chegando na porta do elevador, ela colocou a mão para impedir que fechasse, porém ele subiu e Haewon já estava meia hora atrasada.
— Droga! Mais um dia com o Sr. Kim baforando na minha cara.
Haewon já estava inquieta esperando o elevador descer, mas não demorou muito para que isso acontecesse. Ela entrou, e percebeu que um homem também havia entrado e ao erguer sua mão para apertar o seu andar, sentiu um toque em sua mão. Ele também estava indo para o mesmo andar que ela.
— Desculpa! — Ela fez uma reverência.
— Não tem problema... — O homem respondeu. Ela o olhou e percebeu que seu rosto era familiar.
— É que... saí atrasada, mal consegui calçar meus...
Olhou Haewon para os pés, com cada um de um par.
— É... pelo jeito você não tem um certo problema com calçados.
Haewon o olhou com um rosto enfurecido.
Assim que o elevador se abriu, uma voz eufórica surgiu.
— Haewonnnn, onde você estava? Sr. Kim está louco atrás de você! — disse Park Min Jea, puxando-a pelo braço e correndo com ela até as escadas.
— Quem era aquele com você? Não me diga que...— disse afoita.
— Não! Nem consegui olhar para ele, não sei quem é.
— Ahhh, vamos logo, precisamos estar na sala de reuniões em 2min.
— Você acha que pode chegar atrasada? — disse o Sr kim, com uma mancha de café em sua blusa branca amarrotada.
— É que... — começou ela, buscando uma explicação em sua mente.
— Eu não quero saber o que você faz da sua vida, só vá para sala de reuniões, um novo cliente acabou de entrar com parceria na empresa.
Haewon correu com seus sapatos trocados, entrou na sala de reuniões e para sua surpresa, lá estava ele, sentado de frente para ela.
— Ei... eu conheço esses olhos, esse nariz... Meu Deus, é ele! — pensou Haewon com cara de espanto.
— Então seu nome é Haewon? — perguntou ele.
— Oi? Sim, Haewon. — respondeu ela com o pensamento longe.
Sem acreditar que aquilo estava acontecendo, Haewon, gritou, batendo as mãos na mesa.
— Você é o cara da noite passada, com o rosto respingado de sangue? Sim é você!

A Fascinante Filosofia de uma Assassina Where stories live. Discover now