Capítulo Único

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Ato I - Nascimento

Foi um parto de cinquenta e seis horas.

O herdeiro dos Iwamoto não queria nascer, quase esgotando as forças de sua mãe em seus esforços para traze-lo ao mundo, e quando finalmente veio não parou de chorar por quase quarenta minutos, já apresentando traços de sua personalidade exigente logo no parto.

Quando ele vai para o colo de sua mãe  após finalmente se acalmar, ela observa seus olhos azuis se abrirem pela primeira vez e os fios loiros, mais dourados que os seus branqueados, que preenchiam sua cabeça. Seu primeiro filho, o herdeiro de seu clã, a cara de um pai que ele nunca conheceria.

— Qual será o nome dele, Katara?- o ancião presente no parto questionou.

O nome, dentre tantas coisas que ela pensou sobre esse bebê o nome nunca foi uma deles. Talvez uma tolice, já que todos os bebês precisavam ser nomeados todas as vezes.

Qual nome ela deveria dar para esse pequeno ser?

Qual nome o pai dele iria querer?

Mas o pai dele não importava, importava? Era só um homem qualquer que ela conheceu em um festival qualquer e que ela nunca mais iria ver na vida. Esse bebê era dela e só dela, não importava a aparencia que ele tivesse, ele pertencia aos Iwamoto.

— Deidara- ela sussurrou cansada após um tempo, deixando seu dedo ser segurado pelo pequenino, se lembrando de uma lista de nomes que havia feito muito tempo atrás para quando engravidasse - Deidara Iwamoto.

— Deidara não significa nada- o ancião franziu o cenho.

— Ele também não significará- Katara encolheu os ombros, ocupada demais olhando para o filho para ver a careta que o mais velho fez diante de suas palavras e que em outro momento a teria divertido muito.

— Vou avisar aos outros de sua decisão- o homem disse por fim, saindo do cômodo.

— Deidara significa 'argila muda' pra você- sua mais fiel empregada disse quando estavam sozinhas, sentada ao fim da cama, se lembrando da mesma ocasião que a mulher

— Ele será moldado para o que for melhor para esse clã- Katara explicou, finalmente desviando os olhos do pequeno- Ele será moldado pela vida. E ele não terá nada a dizer sobre isso.

— Um pouco mórbido, não acha?

— É perfeito para um clã como o meu.

-

Deidara tem dois anos e não vai se lembrar disso mais tarde na vida, mas hoje é o dia em que sua mãe morrerá.

As coisas começam normais porque elas sempre começam normais, ninguém acorda e pensa "hoje é o dia em que sofrerei uma tragédia". O pequeno loiro se levanta cedo e toma café da manhã e brinca com uma pequena horda de empregados designados a realizar todas as suas vontades. Ele acabou de aprender a fazer pequenas estátuas irreconhecível com argila e é apenas o que quer fazer o dia todo todos os dias.

Quando Katara entra no quarto, ele está prestes a dar os retoques finais no que pode ser vagamente reconhecível como um navio. A roupa, as mãos e o rosto dele estão todos sujos de branco, assim como a maior parte do cômodo e ele está se divertindo.

— O que é isso?- ela pergunta ao filho, se aproximando com cuidado com uma pequena folha de pergaminho amassada na mão direita.

Os empregados, não acostumados a ver sua chefe entrar nos aposentos do herdeiro, se apressaram em organizar toda a bagunça que o menino fez com medo de serem repreendidos, mas a atenção dela não está neles ou no cômodo.

A arte é uma explosão Where stories live. Discover now