Olhos cinzas culpados e mentirosos.

Traidor

Hermione conheceu Draco em um bar, cercado por garotas bonitas, todas prontas para lhe oferecer o que desejasse, mas os olhos do loiro estavam completamente hipnotizados pela castanha.

Draco fez Hermione se sentir especial, quando ele poderia escolher quem quisesse, mas optou por ela. Engataram em um relacionamento sério, e os dias e meses foram passando, até que finalmente resolveram morar juntos.

Hermione estava tão feliz. Draco não era o cara perfeito, mas durante o tempo em que estavam juntos, ele era cuidadoso e amoroso, e isso bastava.

Ela conseguia ignorar os comentários dolorosos que ele fazia quando estava bêbado, ou a constante dúvida sobre se era suficiente, desde que pudesse terminar cada dia ao seu lado, sentindo o calor do seu corpo enquanto assistiam a um filme juntos após um longo dia de trabalho. Como todo casal, brigavam o tempo todo, muitas vezes por motivos tolos.

Num domingo quente de verão, em uma rara folga para ambos, Draco passou o dia inteiro tentando descobrir o que havia de errado com o ar-condicionado, à medida que o calor se espalhava pela casa.

Ele não era muito habilidoso em consertar coisas e a ideia de ter que sacrificar seu dia de folga com Hermione para lidar com eletrodomésticos estúpidos o deixava ainda mais furioso.

Vestindo uma bermuda preta de algodão, o suor escorria entre os músculos de suas costas e se acumulava na base de sua espinha. Ele teria ido nadar se o sol não estivesse tão quente lá fora. Em vez disso, sua mente vagava para Hermione e o que ela poderia estar fazendo no quarto.

Irritado por não conseguir consertar o ar-condicionado, ele voltou para o quarto e encontrou Hermione deitada de bruços, folheando um livro.

— O que diabos você está lendo? — Ele puxou o livro das mãos dela, dando uma olhada — Romance obsceno, Granger? É inútil quando poderíamos estar colocando em prática...

Ela odiou o sorriso canalha nos lábios dele.

— Idiota, você poderia parar de ficar incomodando com os livros e ir arrumar o ar-condicionado?

— Eu estava fazendo isso agora… — Ele encolheu os ombros — E eu não sou um faz-tudo que você pode comandar.

— Então você não vai chegar perto de mim hoje!

— Não dou a mínima!

— Certo!  — Irritada, ela jogou o livro nele, e da mesma maneira que se desentendiam rápido demais, não demorava para fazer as pazes.

Draco agarrou a perna dela, puxando-a para si. Ela gritou e riu quando ele caiu sobre ela, corpos suados se encontrando. Draco a cobriu de beijos pelo rosto e, por fim, tomou apaixonadamente seus lábios.

— Baby — ela resmungou em meio ao beijo — Não consigo fazer amor com tanto calor.

— Tudo bem então. — Ele envolveu um braço forte em suas pernas e, antes que ela tivesse a chance de questioná-lo, ela foi levantada por cima do ombro dele, rumando apressadamente para o banheiro.

Com a bunda dela ao alcance de seu olhar e enquanto ele lutava com os controles do chuveiro, Draco esperava por mais risadas e gritos quando a água gelada os atingisse. Mas em vez disso, foi surpreendido pelo gemido alto de alívio que escapou dela, fazendo seu desejo crescer ainda mais.

— Isso é tão bom! — Ela suspirou.

Com delicadeza, ele a baixou, seus narizes se tocando, gotas d'água se agarrando aos cílios dela e descansando em seus lábios.

— Melhor do que isso? — Ele pressionou os quadris contra os dela, gemendo baixo ao senti-la roçar em sua ereção. A água havia encharcado sua camisola, tornando-a translúcida. Seus mamilos se destacavam contra o tecido branco, rosados e eretos.

— Nada é melhor do que você — ela sussurrou, o beijando profundamente.

Dois anos se passaram. Era um dia normal. Hermione havia dito a Draco que chegaria tarde em casa e provavelmente chegaria até as 22h. Eles não estavam mais brigando o tempo todo, mas Draco não tocava em Hermione há dias. Suas interações eram limitadas a pequenos beijos na testa e abraços curtos. Ainda tinha o trabalho que os ajudava a mantê-los afastados. Apesar de sentir que seu relacionamento estava desmoronando, Hermione tentava ignorar isso à medida que os dias passavam.

As reuniões terminaram cedo e Hermione até aproveitou para ir ao shopping. Comprou uma lingerie nova, achando que poderia apimentar as coisas com Draco novamente. Quando ela chegou em casa, o ambiente estava quase silencioso. Então Hermione aproveitaria para tomar um belo banho e surpreender Draco com a lingerie que comprou pensando nele. Ela desejava passar uma noite agradável compensando o tempo perdido com seu noivo.

Mas ela nunca pensou que poderia ser tão estúpida, tão ingênua.

Assim que seus pés a levaram até seu quarto e a porta foi aberta, ela viu uma mulher ruiva e nua em cima dele.

“Merda, porra”

Foi a primeira coisa que Draco disse quando percebeu que Hermione o pegou em flagrante.

Hermione não queria ouvi-lo, não queria vê-lo. A única coisa que queria era sair o mais rápido possível para não ter que enfrentar Draco, para que não se tornasse real o fim deles.Draco rapidamente empurrou a ruiva para longe e correu atrás de Hermione antes que fosse tarde demais.

— Não, não, Droga, Hermione… espera! Por favor, deixe-me explicar. — Suas palavras eram como facas disparadas direto para o coração da morena.

Hermione queria ficar o mais longe possível dele, mas seu corpo paralisou, parando no meio do caminho e virando-se para encarar o rosto pálido; Olhos cinzentos culpados e mentirosos.

— Que Draco? O que você pode me dizer para explicar por que diabos você estava transando com outra garota?— Ela tentou ao máximo parecer neutra, mas sua voz falhou quando as palavras foram pronunciadas. Tinha total certeza de que a resposta dele não mudaria nada do que acabara de acontecer. Nada poderia consertar seu coração partido.

Draco tentou encontrar as palavras certas, mas então ele apenas olhou para ela, e o silêncio dele foi o suficiente para Hermione encontrar forças para ir embora.

No momento em que ela tocou a maçaneta, sentiu uma mão forte agarrar seu braço com força. Ela não olhou para ele, só queria ir embora logo.

— Deixe-me ir. — Implorou, com o coração sobressaltado, quase desmoronando diante dele.

— Por favor, Hermione... por favor, não vá embora... — Ele implorava atrás dela, e ela não resistiu em se virar para encará-lo com o rosto cheio de lágrimas.

Hermione quis abraçá-lo e confortá-lo até lembrar o motivo das lágrimas dele e por que estava prestes a ir embora da casa que compartilharam por dois anos.

— Queria que você tivesse pensado nisso antes de me trair.

— Foi um erro, amor. Eu juro, eu só… eu, ela não significa nada para mim, Hermione, por favor...

Hermione não pôde deixar de sorrir. Tudo parecia tão falso agora, que as palavras dele eram como um zumbido em seus ouvidos.

Mas ela precisava perguntar, seu ego ferido falando mais alto, então com os olhos cheios de lágrimas, olhou para ele e perguntou:

— Quanto tempo?

Os olhos de Draco encontraram os dela e, por um segundo, ele pensou em mentir, dizendo que não havia compartilhado nenhuma outra noite com a ruiva, nem um único momento sagrado. Mas ele não achava que mentir poderia fazer Hermione mudar de ideia.

— Algumas semanas — Ele disse, quase sussurrando, e isso foi o suficiente para Hermione sair pela porta.