Capítulo 7 - Koresia

217 22 84
                                    

Hera Galott observava atentamente as águas tranquilas do Lago Kournas. As mãos afundadas sobre os bolsos da jaqueta. O lábio inferior sendo maltratado pelos dentes vez ou outra.

O barulho suave do pisar cuidadoso atrás dela não a fez virar. Apenas suspirou e cerrou os olhos analisando com mais cuidado a paisagem à sua frente. Freitas deveria estar tediosamente encarando suas costas. Mas Hera não se importou, não iria virar-se, gostaria de apenas admirar mais aquele lugar.

— Eu costumava vir aqui com a minha mãe. Era um lugar especial para ela. — Começou a falar. — Nós corríamos e brincávamos ao redor do lago. E as vezes, ela me segurava pela cintura e me virava de frente para as águas, apenas para dizer: admire-o.

— Esse lago costumava ser chamado de Koresia, em homenagem à antiga Korion. Eu não sei se você sabe da história. Esta cidade continha um templo pra Atena. — Hera suspirou. — Apesar do meu nome, a deusa da sabedoria sempre foi a minha preferida. Irônico, não é?

Galott não obteu resposta. Não se importou com aquilo. Não queria que Freitas compartilhasse alguma coisa também, até porque, sabia que ela não iria.

— Acho que foi nesse lago que vivi os momentos mais felizes e calmos da minha vida. O resto... Era uma verdadeira tragédia. Essa é a primeira vez que venho aqui após a morte da minha mãe. — Então, calmamente Hera virou-se e o seu corpo inteiro congelou. — Você não é a Freitas.

— Olha só, você é esperta. — O sorriso curto arrepiou a pele da Galott.

E pela primeira vez, ela se encontrou estática.

O que tinha a sua frente era terrivelmente belo e o poder que exalava dela lhe arrancava cada vez mais o ar.

Os olhos da grega observaram os verdes claros. Observaram seus longos cabelos castanhos, a camisa social branca e lindamente alinhada, a calça preta e o sobretudo da mesma cor. As mãos cruzadas atrás do corpo, e seus ombros tensionados. Seu maxilar travado e o nariz empinado. Sua postura impecável. Seu ar tranquilo.

— Quem é você?

— Eu agradeço por ter compartilhado um pouco da sua vida comigo, senhorita Galott. Apesar de eu não me importar nem um pouco com ela. — A mulher havia ignorado totalmente a pergunta de Hera. — Mas você começou a falar e eu fiquei com um pouco de dó de interromper, entende? Até me sensibilizei com a sua história incrivelmente triste.

— Diga de uma vez quem é você ou então seu sangue vai sujar essa grama.

— Ah, não... — O riso sombrio que foi dado fez a grega engolir em seco. — Isso nunca iria acontecer. Se algum sangue for derramado aqui, será o seu. Mas tudo bem, eu vou aceitar o seu pedido.

Erguendo sua mão, a morena sorriu. Hera aceitou o aperto. O contato gélido de sua palma fez a grega soltar um suspiro.

— Meu nome é Rafaella Kalimann. Eu tenho algumas coisas a tratar com você.

— Acredito que sim. Ao menos não estaria aqui. — Soltou a mão de Rafaella. — Freitas te mandou? Eu não negocio com ninguém além dela.

— Mas você vai negociar comigo.

— Eu não vou. Apenas com ela.

— Eu espero, com calma é claro, entender qual é sua obsessão com a minha esposa. Está ficando meio assustador.

Esposa.

Esposa.

Esposa.

Esposa... Aquela era a esposa de Freitas. Rafaella Kalimann. Esposa.

SUPREMACIA - NOVA DINASTIA [ HIATUS ] Où les histoires vivent. Découvrez maintenant