Meus gatos

Capítulo Único

Eu tive a honra de pertencer a alguns gatos no decorrer da vida. Foram gatos lindos. Deixa ver se lembro de todos. O primeiro foi Capitão, o nome completo era Capitão Escarlate e a gente abreviava. O segundo foi uma jaguatirica que meu pai trouxe da serra, rapaz, nunca amansou. Era bebê quando chegou e ninguém encostava nela. Deixa explicar, meu pai era uma espécie de guarda florestal naquela época. Tivemos até um bambi . O quintal de casa era uma festa. Às vezes a mãe era morta por caçadores. A fazenda ficava encostada à cidade, mas vivíamos em outra dimensão. Passaram-se muitos anos. Nós mudávamos muito, os gatos não me achavam. Muitos cães nos tiveram, mas os gatos não são muito fãs de mudanças. Até que um dia ela me achou. Escutei um arranhado na porta da sala. Fui ver o que era. Lá estava, uma bolinha de pêlos branca e cinza, meio carijó. Já me sentindo adotada dei um nome a ela.

Katú! Vivíamos felizes. Katú ficou grávida e teve seus filhotes na Santa Paz do Senhor. Não lembro mais quantos foram ( me perdoa Katú) ela ficou só com a Mancha, Mancha por ser toda branca e só ter uma Mancha negra nas costas. Nessa casa em que morávamos no Rio, havia uma bonita horta no quintal, ali era o território de caça da Katú não me cansava de ficar observando ela literalmente ensinar Mancha a caçar. Foi uma das experiências mais gratificantes que já tive de minhas vivências com gatos. Quando nos mudamos para outra cidade, Mancha se assustou com o caminhão de mudança e desapareceu.
Katu ficou com a gente. Katu ficou com a gente, até que meu marido sofreu um AVC, tive que voltar para casa de meus pais até ele completar o tratamento, com dois meses ele já havia voltado a trabalhar, mas isso já é outra história. Continuando a história da Katu, meus pais eram humanos de um cofapinho de nome Ringo.
Ringo e Katu foi ódio à primeira vista. Não pude ficar com ela. Minha enteada levou a gata para a casa dela, resultado? Nunca mais me devolveu. Um ano depois, a senhora que me auxiliava em casa, me trouxe uma bolinha de pelo quase preto, nem o olho havia aberto ainda, achei ela com cara de Katita. Dava mingau de fubá com um conta gotas, Katita foi jogada em um rio, foi a única sobrevivente de uma ninhada de rua. Passei a cuidar dela, afinal, é difícil um gato adotar a gente. Dois meses se passaram e era preciso tomar as vacinas. Quando liguei para a clínica Vet, Isso tudo lá em Goianésia, eles disseram que alguém iria buscar a gata. E quem foi buscar foi o próprio veterinário, dono da clínica. Ele pegou katita nas mãos e me soltou essa pérola que nunca mais esqueci: onde foi que a senhora achou isso?

Está certo que ela era muito feia mas não precisava humilhar minha dona. Alguns dias depois, ganhei outra gatinha que me adotou de imediato. Mas pensa numa gata rueira. E como sou muito criativa pra nomes ela se chamou katina. Essas duas gatas na janela são Katita e katina, as duas se deram bem e cresceram em graça e sabedoria. Alguns dias depois, meu marido trocou de empresa e fomos de mudança de Goianésia para Jataí. Katina desapareceu. Até na hora de sair não a encontrei. Fazer o que. Fomos embora. Quando chegamos em Jataí o caminhão estava estacionado em frente à casa. Os rapazes que estavam carregando as caixas e móveis estavam rindo e me disseram: vocês têm um gato encaixotado aí,só não sabemos ainda em qual caixa ele está. Fiquei com pena, mas feliz por não ter perdido minha Dona.
Entretanto Katina continuava rueira. Até que apareceu grávida. Pariu 5 gatinhos a noite, em cima da minha cama. Quase morri com tamanha honra (estou sendo sarcástica).
Nesta foto está Katina e suas crias, restantes do massacre operado por Tito, que é como chamamos Katita ( não me perguntem porque).

No dia seguinte, arrumei um ninho pra ela e seus bebês e fui dar um rolê no shopping. Quando voltei o caos estava instalado em casa. Katita sempre foi ciumenta, ela matou 3 gatinhos só sobrou 2 um macho lindo todo preto e uma fêmea de 3 cores. Essa ainda achei que iria morrer, pois seu olho ficou muito machucado. Mas ainda bem que não morreu, e dei minha neta pra ela. Maria Clara a chamou de Marcelina, nome muito comprido, virou Cecé. Cecé foi ficando, um dia éramos nós que não podíamos levar outro dia era minha filha que não podia vir buscar.

Sobrou o Meia, Meia porque ele tinha as Patinhas brancas. Meia também desapareceu. Fazer o que, acontece. Quando meu marido se aposentou de vez, mudei para Jundiaí, para auxiliar meus pais a cuidarem de meu avô que já estava com 103 anos. Lá, minhas gatas tiveram que morar no barracão, onde guardei muitas coisas minhas. Lembram-se do cofapinho Ringo? Pois é, na casa do Dito cujo. Um ano depois meu avô descansou. Ai sim, mudei para cá. Onde vou também descansar meus ossos. Moro em Laguna SC. Aqui, não existe Secretaria de Zoonose, ou Centro de Zoonose, ou seja lá que nome queiram dar para secretarias de cidades responsáveis. E assim a gente vai levando. Aqui são todos gatos de madame. Ah! Mister Dengows é um siamês que minha filha achou na rua. Ele brigou com minha filha e acabou por me adotar. Mas é tão arisco que não consigo tirar uma selfie com ele. Esse é meu gato Hippy, gostaram da minha arte?