Prólogo

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Muitas pessoas no mundo não conhecem a sua história ou o que o destino lhes reserva, o que muitas vezes é mais dramático do que se espera.

Pois bem todos já ouvimos falar em contos de fadas como Entrelaçados, Bela Adormecida ou Cinderela, mas aposto que nunca ouviram falar da História do Pedro.
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Mas este conto começa muito antes do Pedro nascer. Começa por uma simples jovem que acreditava ser amada pelo homem dos seus sonhos e fruto desse amor surgiram dois gémeos (falsos, mas parecidos).

-Olha como são lindos Luís! -A mulher acariciava os bebés. Ela levanta a mão e aponta para um deles. -Acho que este devia ser o Afonso e este o Pedro. -Ela sorriu. O esforço tinha valido a pena pelos lindos bebés que tinha parido.

-Cristina... Precisamos de falar sobre eles. -O Luís dizia. A mulher fez uma cara de desentendida e deixou o homem continuar. -Eu nunca te disse isto porque... Não tive coragem e não queria estragar o que tínhamos. -A Cristina, que estava deitada senta se, entendendo o que o homem queria dizer. 

-Quem é ela? -Ela perguntou irritada. -Tiveste relações comigo,  engravidaste me e este tempo todo tinhas outra? -Uma lágrima escorreu pelo seu olho. Só não sabia se era de ódio ou tristeza. -Quem é ela? -Perguntava outra vez reforçando o "ela".

-A Pedra. -Ela deu uma leve risada de choque. -Nós já estávamos juntos mas quando te vi não consegui controlar e...

-A minha melhor amiga... -Estavas este tempo todo comigo e com a minha melhor amiga ao mesmo tempo! -Ela tinha percebido. Todas as vezes que marcavam de sair juntos e ele magicamente nunca podia porque tinha que fazer ronda ou então estava doente. Era tudo falso.  

-Cristina... -Ele tentou falar mas ela interrompeu-o.

-Vai te embora Luís -Mais uma lágrima saiu do seu olho. Ela limpou-a com raiva e apontou para a porta. -Sai!

E assim ele saiu. Muitas coisas passavam pela sua cabeça e ela finalmente percebeu que ele não a amava. O suposto "dia mais feliz da minha vida" conseguiu ser arruinado pela pessoa que mais amava. 

Os médicos entraram e levaram os bebés para exames e para a mãe poder descansar.  Não adiantou de muito pois o seu telefone tocava e tocava. Era o Luís . 

-Por favor não digas à Pedra

-Não queres acabar com o nosso relacionamento nem com a vossa amizade.

-Desculpa por tudo Cristina. 

-Eu juro que te amei mas não podia simplesmente acabar com a Pedra

-A Pedra quer que venhas jantar conosco e com os bebés depois de teres alta. Não sei se é boa ideia.

Ela ligou o telefone e olhou para as mensagens a pensar se responderia ou o que responderia, mas foi surpresa pelo toque de telefone. A chamar: Pedra 

-Olá Pedra. -Fingiu parecer feliz mas era difícil mentir à melhor amiga. Não podia simplesmente dizer que andava a ficar com o marido dela e que precisava de a perdoar. 

-O que é que se passa Cristina? 

-Estou apenas cansada. -Mentiu. Custava lhe mentir à melhor amiga mas era pelo bem dela. E pelo seu.

-Não quero parecer muito apreçada mas quando é que conheço o pai dos teus lindos filhos? Já estamos a tentar sair à muito tempo mas nunca conseguimos. -Ela bufou. 

Pois. O pai deles. O marido dela. O marido da sua melhor amiga era o pai dos filhos dela. 

-Como é que ele se chamava mesmo? -A Cristina congelou. 

-Hum olha podemos falar depois? É que tenho que fazer as malas porque me vão dar alta amanhã. 

-Claro! Olha o Luís já falou contigo? Aposto que não, aquele preguiçoso. -Ela riu. -Achas que consegues vir cá a casa jantar? Trazes os meninos e o pai deles e assim jantamos todos juntos!

-Eu tenho que pensar ainda mas amanhã digo te alguma coisa. -Então a Cristina encerrou a chamada e ficou a olhar para o teto enquanto pensava na porcaria que se tinha metido. Começou a pensar nas coisas que tinha que resolver e começou a pensar em soluções. Pegou no telefone dela e ficou a olhar fixamente para o contacto na lista telefónica: Nuno. 

Nuno é o colega de trabalho da Cristina na policia, no mesmo local onde o Luís trabalha. Clicou no botão de chamar e esperou. Estava quase a desligar quando ouviu uma voz familiar.

-Cristina? -Era o Nuno. -Como é que estás, correu tudo bem no parto? 

-Preciso da tua ajuda. -Ela fungou. Não conseguia mais esconder as lágrimas. 

-Estou a caminho.

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-Então tu queres que finja que sou o pai dos teus filhos e que temos um relacionamento à quase um ano?

-A forma que o dizes faz me sentir muito estúpida. -Ela pôs a mão na testa. -Desculpa estar te a pedir isto Nuno eu sei que não te querias meter em confusões mas eu realmente preciso de ajuda. Não precisa de ser durante muito tempo é só até as coisas acalmarem e...

-Está tudo bem... Eu ajudo te. -Ela abraçou-o fortemente e sorriu. Talvez o que não sabia era o real motivo do Nuno a ajudar. 

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-Cristina a melhor coisa que fizeste foi parir esses bebés definitivamente! -A Pedra sorriu. -Tu também Nuno que ricos filhos que fizeste. -O Luís tossiu com a afirmação mas a Pedra estava demasiado ocupada a brincar com o Pedro para perceber alguma coisa. 

-Sim eles realmente são muito lindos, mas deve ser porque saem mais à mãe. 

-Adoro este, é tão lindo e sorridente! Qual deles é que é o Pedro ou o Afonso? -A Pedra perguntava enquanto levantava o bebé e brincava com ele. 

-Esse é o Pedro. -A Cristina respondeu. -O Afonso é mais branco e tem uma pinta na bochecha.

-A sério achei o Pedro a coisa mais fofa do mundo, mesmo sendo gémeo do Afonso. -Ela sorriu.

-Achas que poderias ficar a tomar conta deles amanhã por mim? Tenho que tratar de uns assuntos. 

-Claro que sim Cristina! Não me importo nada. 

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Quando a Cristina abriu a porta de casa estranhou  o choro alto vindo do quarto. Olhou pela casa à procura da Pedra mas apenas encontrou um bilhete em cima da mesa. 

-Pedra? -Ela gritou. Sem sinal de resposta ela correu para o quarto dos bebés e apenas encontrou o Afonso deitado. Decidiu então abrir o envelope.

Querida Cristina, 

Não sei se te cheguei a dizer, mas o meu sonho sempre foi ser mãe. Trocar fraldas, mudar de roupa... Sempre foi o meu maior sonho. Mas quando descobri que não poderia engravidar, fiquei destroçada. O quanto chorei e tentei arranjar uma forma de poder engravidar não dá para escrever. Mas quando vi o teu bebé... Algo acendeu dentro de mim. Ele era luz. Fiquei apaixonada não vou negar. "Mas ela é a tua melhor amiga!" eu pensei, até que me lembrei que não quiseste saber quando andavas com o meu marido e pensavas que não sabia de nada. Acontece que não posso simplesmente deixar o Luís, ele é a minha fonte de dinheiro e de felicidade, às vezes... Então pensei: Ela ainda me vai agradecer, afinal cuidar de um é mais fácil do que dois. 

Não adianta chamares a polícia Cristina, a esta altura já estou bem longe de ti. Sinto muito que as coisas tenham acabado assim entre nós mas não havia outra opção. Não vou dizer ao Pedro que tem um irmão e acho que deverias fazer o mesmo com o Afonso. Para o bem deles. 

Não me tentes contactar ou procurar, não vai valer a pena. Mais uma vez sinto muito que tenha acabado assim. 

Assinado: Pedra

A Cristina desabou. Conseguiu perder duas das coisas que mais amava neste mundo em menos de 24 horas. Mas ela sabia que o destino estava do seu lado e que eles iriam se reencontrar.



Depois de 13 anosWhere stories live. Discover now