CAPÍTULO 1

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Pov Luiza

07:04 PM

Hockey sempre correu nas minhas veias.

É um conjunto de fatores que faz essa porra ser o melhor esporte do mundo. A sensação de cortar o gelo com meus patins, de sentir as temperaturas baixas se misturando com toda minha roupa e tralhas de proteção enquanto minha pele fica quente pela adrenalina. O frio na barriga em ansiedade antes das partidas, a satisfação de ganhar. Eu sou doidona por essa vida....

Mas digamos que não estou mais acostumada a ela.

— Tá perdendo a forma, capitã? A vida de empresária gostosa tá acabando com a pose? — Natália zombou assim que deixei meu corpo cair no chão do lado de fora do ringue de gelo. — Você mudou, Luiza. Você mudou.

Vagabunda.

Falou como se não fosse a porra de uma jogadora profissional de Hockey.

Mostrei meu dedo do meio para ela, mas isso consumiu o pouquinho de energia que eu consegui acumular nesse pequeno descanso. A parte foda do hockey é que quando você não joga com frequência tu que vira o disco do tanto de pancada. Como que eu dava conta, meu Deus? Fui de vinte e poucos a cem anos em dez segundos só pode.

— D-Deixa a minha capitã em paz, ladra de ficantes — Duda partiu para minha defesa... ou tentou, já que a idiota da minha melhor amiga mal consegue falar sem ter que puxar o máximo de oxigênio possível para seus pobres pulmões.

— Tu tem uma estamina baixa para uma médica que vive correndo pra lá e pra cá no hospital — A missão de vida da Natália é atormentar Duda e eu. — E você realmente nunca vai esquecer o meu rolinho com a Chloe, né?

— Quem perdoa é Deus, já eu faço é anotar os vacilos.

Três anos atrás minha vida tomou um novo rumo. Eu conheci o amor da minha vida, fiz as pazes com meu pai, vi um dos meus melhores amigos e meu irmão se formarem, vi a galinha desse mesmo amigo virar à atração principal da formatura (Joana Galinha sempre icônica foi o centro das atenções aquela noite com sua mini beca personalizada), me formei e passei a ser preparada para assumir as empresas da minha família, e por fim virei a filha postiça favorita do meu sogro ( Eduarda nega até a morte, mas todo mundo sabe a verdade).

Por mais que a vida tenha mudado, o meu carinho e conexão com cada pessoa da minha vida ficou mais forte. Eduarda continua sendo a minha idiota, assim como Mason e Jack. Loirona e Zangada continuam sendo à chefia, a única diferença é que agora não estamos mais na faculdade, e não moramos mais juntos como antigamente... mas nem esquenta, todo mundo é vizinho.

Zangada e Loirona fizeram essa surpresa para a gente. Uma hora eu achava que ia entregar cookies e nos apresentar para nossos novos vizinhos, e na outra vi minha melhor amiga abrindo a porta e ficando tão chocada quanto eu antes de surtamos e nos abraçamos como se tivéssemos chegado da guerra depois de anos sem se ver. Resumindo, Chloe e Duda compraram o apartamento do lado e eu nunca fui triste.

— É, deixa nossa capitã em paz — Cecília pisca pra mim como a amiga fiel que é enquanto sai do ringue de gelo, sendo seguida por suas colegas de time.

Sim gente, Cecília é a última cavaleira em pé. Do nosso antigo time ela é a última a se graduar e a última a ainda representar o time de hockey da nossa faculdade. Para ser bem sincera eu me sinto muito orgulhosa de ver o quão longe as minhas garotas chegaram, e mesmo que não morássemos mais na mesma cidade, nosso grupo de conversa continua mais forte do que nunca, repleto de ofensas e fofocas.

As novas jogadoras do time são garotas legais e com grande potencial, além de amarem Duda e eu, e idolatrarem Natália, que hoje é uma jogadora profissional da liga de Hockey. Geralmente uma vez a cada duas semanas eu e as garotas jogamos uma partida com nosso time do coração, e por mais que nosso corpo reclame, nada barra o quão em casa nos sentimos dentro do ringue.

Jogo de Hockey 2Where stories live. Discover now