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I could follow you to the beginning
Just to relive the start
Maybe then we'll remember to slow down
At all of our favorite parts

All I wanted was you 

All i want - Paramore
     


               Hoseok descia as escadas do púlpito da coletiva de empresa com passos apressados, seu coração acelerado e a respiração irregular. As lágrimas escorriam pelo seu rosto, misturando-se ao desespero que dominava sua mente. Cada degrau parecia pesadamente marcado pelo peso de suas escolhas, ecoando a dor que o consumia. A porta se abriu com um estrondo, e ele saiu correndo pelos corredores, sem rumo, como se a corrida pudesse apagar o que acabara de fazer.

               Imagens de momentos felizes com Taehyung invadiam sua mente: risadas compartilhadas, olhares cúmplices, toques suaves que faziam seu coração disparar e as noites intermináveis de prazer. Mas agora, tudo isso parecia um sonho distante, sufocado pelo remorso. A acusação que acabara de fazer, a palavra "assédio" saindo de sua boca de forma implícita como um veneno, deixava uma marca indelével em sua alma. Ele sabia que estava se traindo, mas a ameaça de seu chefe pesava como uma espada sobre sua cabeça, a promessa de que, se não fizesse aquilo, Taehyung pagaria o preço mais alto.

                A crise de ansiedade tomou conta dele — mais uma vez, o peito apertado, como se um peso insuportável o estivesse esmagando. Ele sentia que estava sozinho, mesmo cercado por pessoas. A sensação de não ter apoio, de estar lutando uma batalha sem aliados, o deixava ainda mais desesperado. “Eu amo Taehyung”, pensou, e a dor se intensificou. O amor que sentia pelo outro era mais forte que qualquer medo, mas a cruel realidade era que ele havia escolhido a sobrevivência de Taehyung em detrimento de sua própria integridade.

                  Hoseok parou por um momento, encostou-se a uma parede e deixou que as lágrimas fluíssem livremente. O que ele tinha feito? A única coisa que sabia era que precisava proteger Taehyung, mesmo que isso significasse sacrificá-lo. A luta interna entre amor e culpa o consumia, e ele sabia que, independentemente do que acontecesse, as cicatrizes daquela decisão o acompanhariam para sempre em sua vida e na do Kim.

                  Arrastou-se pela parede, sentando-se no chão do corredor, permitindo-se chorar e ser vulnerável mais uma vez, pouco se importando se alguém o veria ou não. Não queria mais manter a farsa que atuava naquele púlpito, não queria mais ser refém de seu chefe e, principalmente, não queria ficar longe de Taehyung. Mas se via sem escolhas, não havia saída. E agora, sentia que nada que pudesse fazer mudaria a imagem que o moreno criaria dele.

                 Afinal, sequer poderia falar com ele. Proibido de fazer a única coisa que seu coração implorava. Sua mente clamava por Taehyung, para que abrisse os olhos e percebesse que tudo isso foi um sonho bizarro e macabro, que ele ainda estivesse nos braços do homem que amava. Do único homem ao qual ele pertencia.

                 Girou a aliança em seu dedo e pressionou os lábios, tentando voltar a respirar. Mas seu pulmão parecia afundar ainda mais, como se o peso de mil toneladas estivesse sobre seu peito. Fechou os olhos novamente, ansiando, dessa vez, que se fosse para morrer, que fosse agora. Porque para o Jung não havia mais uma vida. Não sem a única pessoa que o fez se sentir vivo como nunca antes. Não sem o sorriso quadrado sendo direcionado apenas para ele.

                 Encolheu-se entre seus joelhos, apoiando a cabeça ali, abraçando-se. Sentindo que agora a única pessoa que tinha era ele mesmo. Ninguém viria correndo para resgatá-lo. Não havia heróis. Naquela história, era impossível que ele ficasse com o mocinho. Descobrindo mais uma vez que suas escolhas já não eram mais suas, desde o dia em que nasceu. Refém da opinião de seus pais, prisioneiro do apreço de seus fãs, carcerário de seu chefe. Condenado a nunca poder ser feliz.

•Polaroid• Vhope [Concluída]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora