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It's been too long since we took the time
No one's to blame, I know time flies so quickly

But when I see you, darling
It's like we both are falling in love again
It'll be just like starting over (over)
Starting over (over)

(Just like) starting over — Jhon Lennon

             Taehyung estava gostando de Nova York. Já não se sentia mais refém de sua própria casa, conseguindo circular com facilidade pelas ruas. Algumas vezes percebia olhares de desgosto ou raiva, mas ninguém o atacara nem o xingara em voz alta. E, para ele, aquilo já era uma vitória. Haviam se passado três semanas desde a mudança, e Kim estava feliz com seu novo visual e, principalmente, feliz por poder sair sem ser crucificado por isso.

            Conseguiu até alguns bicos como fotógrafo, depois de espalhar cartazes com seu número, usando um codinome falso — ainda cauteloso em relação a isso. Tinha que confessar que sentia muita falta de ser útil em alguma coisa, sobretudo naquilo que tanto amava fazer.

             No entanto, tinha de admitir que ouvir — ainda que sem querer — as ligações de Jimin e Jungkook, escutando-os contarem sobre seus dias e sobre o quanto sentiam saudades um do outro, não ajudava em sua carência. E muito menos na saudade que sentia de Hoseok. Sequer conseguia admitir isso em voz alta, mas chegou a baixar um aplicativo de namoro. Depois de trocar algumas mensagens despretensiosas com algumas pessoas, percebeu que não era a mesma coisa. Não era isso que ele buscava.

             Estava com saudade de uma conversa específica. De uma voz específica, de um sorriso específico, de um olhar específico e de um toque específico. E se odiava por isso.

             Nesses últimos dias, a última conversa que tivera com Hoseok rondava sua mente sem cessar: o choro dele, o quanto parecia verdadeiramente destruído; o olhar de arrependimento, a voz trêmula, o “eu te amo” engasgado. Taehyung começou a pensar se não teria agido de modo emocional demais. Talvez fosse melhor tentar conversar e acertar as coisas entre eles. Não falava em voltar a namorar, apenas queria um encerramento verdadeiro.

              Talvez, depois de uma conversa sincera entre os dois, com um desfecho legítimo, as coisas se tornassem mais fáceis para Taehyung. Assim, poderia seguir em frente. Pelo menos, sentia que Hoseok já havia seguido. Agora mesmo, por exemplo, estava em seu avião particular, vindo para Nova York para o último show da turnê, depois de longos stories abraçado a Irene, que trabalhara no país anterior.

               E sim, antes que você pergunte, Taehyung não conseguia controlar sua curiosidade e continuava stalkeando Jung pelas redes sociais. Mesmo que a frequência de postagens tivesse diminuído bastante, Hoseok ainda publicava sobre os shows ou stories com Irene. Quase como se fosse calculado. Quase sem vontade. Mas o ciúme de Kim, misturado à inveja por saber que Hoseok continuava vivendo sua vida sem grandes problemas, não lhe permitia perceber que havia um padrão ali.

               Assim como havia um padrão nas conversas abafadas das ligações entre Jimin e Jungkook, ou nos assuntos furtivos sobre seus próprios sentimentos em relação a Hoseok. Taehyung estava tão afundado em si mesmo, tão ocupado em lutar contra o que sentia por Jung, que sequer percebia o que acontecia ao seu redor.

              Taehyung não percebia, mas bem debaixo de seu nariz um plano tomava forma. Jimin e Jungkook, com a ajuda cuidadosa de Jin, articulavam conversas baixas, trocas rápidas de olhares e ausências que passavam despercebidas. Ele estava tão absorto em sua própria tempestade de pensamentos que nem desconfiava de que algo maior estava sendo arquitetado ao seu redor.

•Polaroid• Vhope [Concluída]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora