Uma reviravolta inesperada

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-Vamos, Jho. Acorde - com muito custo abro meus olhos e dou de cara com meu irmão, Isaac me chamando. - Que bom que acordou. - ele sorri, e tenho vontade de que quebrar seus dentes. Logo em seguida ele saí em direção ao seu quarto, aproveito que ele saiu e me levanto. Pego minha toalha e vou em direção ao banheiro, depois de escovar os dentes, tomar um banho rápido, pego minha mochila que estava jogada no chão do meu quarto. Bato duas vezes na porta de Isaac.
-Ei mano, ainda tenho tempo se você quiser posso te dá uma carona. - fico lá por alguns minutos esperando sua resposta.
- Eu aceito, com certeza. Valew mano. - sorrio ao sair rumo as escadas, meu irmão mais novo e eu éramos apegados. Nossas brigas eram poucos, para não dizer que quando brigavamos era algo muito sério. Indo até a cozinha pego uma maçã, meu pai já havia saído como era de costume, ele era médico e quase não parava em casa. Mas mesmo depois da morte da minha mãe, ele foi um excelente pai. Cuidou de nós como se fosse nossa própria mãe, ele sempre fora nosso pai/mãe ao mesmo tempo. Eu tinha orgulho de ser filho dele. Vejo um retrato tirado Quando viajamos para Veneza, minha mãe estava radiante, seus cabelos loiros batiam na cintura, seu sorriso era idêntico ao de Isaac. Eu sempre fui mais parecido com o meu pai. Apenas uma coisa todos havíamos de igual, a cor dos olhos. Todos tínhamos olhos azuis. Era genética. Sorrio ao ver que um dia fomos muitos felizes juntos. O sorriso do meu pai, Thomas era algo difícil de se ver hoje em dia. Amanhã faria dois anos da morte da mamãe, eu sentia falta dela. Na verdade todos sentíamos, mas como meu pai não tinha muito tempo, nos limitavamos a aproveitar o pouco tempo que tínhamos com ele. Ouço o rangido familiar das escadas, coisa que ninguém nunca se preocupou a arrumar. Isaac com sua cabeça loira , aparece. Quando o vi tive um vislumbre da nossa mãe.
-Vamos - ele abre a porta e a segura esperando eu passar.
- O que houve com você? Resolveu ser educado ou o que? - falo rindo quando pego meus óculos e os coloco nos meus olhos. Estava um pouco frio naquele dia, com o tempo ficando meio louco eu nunca tinha muita certeza de quando iria fazer calor ou frio.
-Eu? Não posso ser educado uma vez que vocês já estranham. - ele resmunga indo em direção a garagem. Subo na minha moto, ela era minha vida logo depois que minha mãe havia falecido, eu cuidava dela como se fosse minha filha. Pego um capacete e entrego a Isaac.
-Tome cuidado para não arranhar a pintura da preciosa - falo num tom autoritário.
-Calma mano, é apenas uma moto. - diz Isaac. Ele sabia do meu amor pela moto, mas adorava me provocar.
-Suba logo ou vai de ônibus - rosno para ele. Ele sorri e sobe na moto. Dou partida na moto e vou em direção a escola de Isaac.
Quando chego ao estacionamento da minha velha escola, estaciono minha moto na vaga de sempre. Tinha acabado de estacionar quando ouço o barulho de outra moto chegando. Me viro e dou de cara com o meu melhor amigo desde a infância, Eric. Ele se vira dando uma varredura no local. Como sempre faz. Quando me vê abre um sorriso malandro.
- E aê, cara? Como acordou hoje? - ele passa na minha frente indo para a entrada da escola.
-Estou de péssimo humor hoje. - eu o sigo para entrar junto com ele. Páramos para pegar nossos livros de português. Nossos armários eram colados praticamente. Quando chegamos, a professora, Dora estava analisando algum papel em suas mãos, sua testa estava enrugada. Passo por ela e quando ela me vê me oferece um pequeno sorriso, como sempre aceno com a cabeça. Eu tinha lugar marcado desde o primeiro ano, sempre sentava na última carteira da última fileira, Eric sentava ao meu lado. Dora se levanta, dá um bom dia caloroso para todos os alunos, pega novamente os papéis que eu a vi analisando e fala:
-Hoje, eu gostaria de apresentar duas novas alunas que acabaram de chegar, elas vieram do Alabama. Sejam bem-vindas, Haika e Sierra. E turma- ela faz uma pausa e olha novamente a folha. -Elas são gêmeas, mas não são idênticas. - Nesse momento, entra uma ruiva, seu rosto era branco com olhos verdes brilhantes, ela sorri mostrando seus dentes perfeitamente brancos, ela estava com um vestido da cor dos seus cabelos, um vermelho bastante chamativo. Eric ao meu lado se inclina para sussurrar no meu ouvido.
-Caramba cara, que gata. - Não respondo porque minha atenção estava voltada para morena que entrou logo atrás da ruiva. Seus cabelos pretos batiam na cintura, seus olhos da mesma cor estavam um tanto tímidos. Ela tinha sardas no rosto o que a deixava mais sexy, ela parecia uma deusa. Suas pernas acentuavam com o vestido que ela havia escolhido, era preto cheio de caveiras. Elas conversam algo com a professora, se viram novamente para turma e se apresentam.
-Eu sou, Haika. - diz a ruiva sorrindo.
-Eu sou Sierra. - diz a morena. Aquele nome ficaria gravado nos meus pensamentos. Eric me cutuca mas não dou importância. A professora fala para elas procurarem algum lugar para se sentar, por ironia do destino ou que quer as pessoas chamem, os únicos lugares disponíveis eram na minha na minha frente e na frente do Eric. Olho para ele pela primeira vez desde que vi Sierra, ele está sorrindo.
-Que sorte cara, nos demos bem! - acabo sorrindo com a animação do meu amigo. Elas se sentam e olham uma para outra, falam algo que eu não consigo entender. Mas de uma coisa eu tenho certeza, preciso falar com essa menina. A aula passa rápido, não sei se foi porque passei a aula toda prestando atenção no anjo a minha frente ou se foi porque eu não ouvi nada do que Dora disse. Quando o sinal toca rapidamente me levanto, penso em ir falar com Sierra para me apresentar mas, Scott passa na minha frente e segura a mão dela depositando um beijo. Eu quero matá-lo. Mas me contenho. Scott gosta de querer as mesmas meninas com quem fico. Pego minha mochila, passo por ele, simulo um empurrão e peço desculpas. Olho nos olhos de Sierra, ela olha diretamente para mim. Parece que fico em transe e só consigo sair porque Eric me puxa. Cambaleio em direção a porta.
-O que houve com você, Jho? - pergunta Eric, ele tinha um olhar surpreso no rosto.
-Como assim? - pergunto com raiva.
-Você quase bateu no Scott lá dentro, sabe que não pode arranjar mais confusão esse ano ou será expulso. - Ele tinha razão, passo minhas mãos pelos meus cabelos. Solto um suspiro exasperado.
-Eu não sei cara - confesso parecendo derrotado. Não iria contar a ele sobre Sierra, não até ter certeza sobre o que eu estava sentido.

Os Lados da Mesma MoedaOnde histórias criam vida. Descubra agora