O barulho debaixo da cama

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I

Jane tem 11 anos. É uma menina calma, de olhos quase cinza e cabelos castanhos que fazem caracóis nas pontas. Como toda criança, tem seus medos. O que faz o medo de Jane ser diferente, você pode perguntar: ele é real.

Betty e Mark, pais de Jane, já tentaram de tudo para tirar o medo da menina, mas ela insiste que existe um monstro debaixo da sua cama. Mal sabe ela. Toda noite é uma luta para coloca-la para dormir. Eles precisam averiguar a parte de baixo da cama duas ou três vezes e deixar a luz acessa, assim como a porta aberta. Ela sempre acaba cedendo ao cansaço e dorme, mas aí aparecem os barulhos.

- Não se preocupe... - alguém parece bater quatro vezes no chão.

- Monstros não são reais, monstros não são reais. - A menina cita como uma reza.

Os barulhos cedem e o medo se esvai da garota. Ela consegue dormir.

II

- Mãe, ele apareceu ontem de novo.

- Ok Jane, isso já foi longe demais. Monstros não são reais e ponto final, chega! -a menina recuou quando a mãe se aproximou dela - Desculpe querida, mas você precisa entender que já está na hora de virar uma moça.

- Mas... - Jane desistiu de dizer quando levantou o rosto e reparou no olhar de reprovação da mãe. - ok. - ela finalizou cabisbaixa

Depois da escola, a menina ficava com a governanta da casa, ela decidiu que iria investigar, mesmo com medo, sobre o tal monstro. Ela foi ao seu quarto e revirou cada espacinho. Ficou frustrada ao não encontrar nenhuma prova de que sim, aquele monstro existia.

- Olha aqui monstro que fica debaixo da minha cama, eu posso ter muito medo de você, mas preciso de provas que você existe, então por favor. APARECE. - Depois de parar para pensar no que tinha falado, ela ficou assustada. Não sabia se realmente queria que ele aparecesse.

Mais uma noite tinha chegado e Jane não sabia o que esperar. Nessa noite, ela não deu nenhum trabalho para dormir. O que os pais acharam ótimo. Só que na verdade, a menina não dormiu, ela esperou amedrontada, pelo monstro. De repente, os conhecidos barulhos apareceram.

Toc... Toc... Toc... Toc...

- Finalmente... - Era uma voz tão animada e doce que ela ficou receptiva ao monstro.

- É você mon...stro?

- Ok, oficialmente, nós temos que melhorar essa nomenclatura e... que tal aumentar o espaço aí debaixo ein? - apontava pra cama ao dizer.

- Ham? - Finalmente o tal monstro se mostrou por completo. Jane estava com a boca aberta e olhos bem arregalados, mas não de susto, não de medo, mas de surpresa. Ele não parecia um monstro, na realidade, era bem humano. Claro, se você ignorasse uma espécie de bengala/cetro que ela vira em histórias de livros em que ele se apoiava e as roupas completamente estranhas e da gravata borboleta.

- Você não é monstro né? Por que você fica debaixo da minha cama? E por que você usa isso? - Jane dizia apontando para a bengala com uma espécie de brilho na ponta.

- O.k, muitas perguntas. Crianças sempre tem muitas perguntas. - falava isso num jeito atrapalhado que deixou a menina rindo - Não, eu não sou um monstro, mas também não sou humano. Só que - ele gesticulou um movimento de silêncio - não conte a ninguém! Eu fico debaixo da sua cama pois eu estou te protegendo deles. E eu uso isso pois é bonito e bastante útil, mas complicado de explicar.

Monstros São Reais #OneShotTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon