Por que ela não pode me amar? Por que ela não vê que eu não quero ser só o vizinho que sempre está ali por ela? Como ela não percebe que ele não se importa com ela tanto quanto ela se importa com ele? O que aquele idiota tem que eu não tenho? Além do coração da minha garota. Por que ela não enxerga que ela não é a única na vida dele? Por que ela continua com ele sendo que ele sempre a faz chorar?
Sempre que eu falo que ela merece alguém melhor ela fica chateada comigo. O que eu preciso fazer para mudar isso? Para que ela acredite em mim? Para que ela o largue?
Para fechar o meu dia com chave de ouro eu peguei o elevador com Ki Hong, o namorado babaca. O ambiente estava tenso, se eu ou ele falássemos mais do que o necessário, não sairíamos inteiros de dentro do lugar. Quinze andares me segurando para não começar a tirar satisfações com ele, para não falar o quanto ela é maravilhosa e como ela merece alguém que se importe e que mostre quão incrível ela é a cada toque, cada beijo, cada palavra dita, cada ação feita até quando não está próximo dela. Finalmente chegamos ao décimo quinto andar, ele desceu primeiro e tocou a campainha da minha vizinha de porta, que abriu segundos depois. Eu tentava alcançar minhas chaves enquanto equilibrava minhas compras em meus braços e ouvia e, por não conseguir me conter, via os dois se cumprimentando. "Oi, minha linda", o idiota disse dando ênfase ao pronome possessivo, que pelo jeito ela não percebeu. Ele colocou uma das mãos em sua nuca e aproximou o rosto do dela, encostou seus lábios devagar, quem aprofundou o beijo foi ela ao aproximar seus corpos. Para o bem da minha sanidade, eu achei a chave da porta e entrei, largando as coisas em cima da mesa e indo procurar alguma coisa para beber na geladeira.
Eu não sei o que eu parecia, um psicopata, um stalker, um obcecado (não que os três tenham uma diferença muito grande entre si), um ex-namorado que não superou o fim do relacionamento ou um cara que não tem o amor correspondido e a vê todos os dias, provavelmente o último, mas não tenho tanta certeza. Eu estava sentado no sofá, com o que achava ser a terceira latinha de cerveja e sem camisa lembrando-me da cena que eu havia presenciado recentemente. Ela estava linda, usava um short jeans e uma camiseta branca com alguma frase que eu não consegui ler, por causa de Ki Hong. Consegui ver também, que a parte descolorida do cabelo dela estava pintada de azul. Será que ele reparou nisso? Será que ele comentou? A elogiou? DEUS! Eu preciso parar de pensar nela, eu tenho que viver minha vida. Se for para eu mudar a ideia que ela tem de Ki Hong, não farei isso sentado no meu sofá. E com esse pensamento, que logo foi substituído por pensamentos sobre a pessoa que mora do outro lado da parede, levantei e fui fazer minha janta.
xx
Eu estava em casa conversando com Andrew, meu melhor amigo, quando a campainha tocou, ele me perguntou se eu estava esperando alguém, eu neguei. Ao abrir a porta tive uma surpresa ao ver Emma parada ali, a porta de sua casa aberta mostrando que ela pretendia voltar logo.
- Oi, Jiyong, - ela estava linda como sempre - por acaso você pode me emprestar um pouco de açúcar? - eu tive vontade de rir, isso não tinha como ficar mais clichê.
- Claro, quanto você quer? Dude, eu já volto pro jogo! - Eu disse para Andrew enquanto fazia sinal para Emma ir comigo até a cozinha. Ela me disse que estava fazendo cookies e depois me traria alguns, já que, palavras dela, ela precisava pagar o açúcar que ela estava usando. Quando ela estava voltando para seu apartamento, reconheceu Andrew e o cumprimentou. Ele perguntou se ela queria alguma ajuda com os cookies. Se eu não conhecesse Andrew muito bem, poderia ter ficado com ciúmes. Ela negou a ajuda, então falei que depois ela poderia voltar para nós três jogarmos alguma coisa e comermos os cookies que ela traria.
-Eu não sei se vou conseguir, mas se eu puder, eu volto.
xx
"Oi, eu sou o Jiyong. Você quer andar de bicicleta comigo?" Essas foram as primeiras palavras que falei para Emma, quase vinte anos atrás. Nós morávamos na mesma rua e não havia mais crianças na vizinhança. Depois de muito tempo a observando, tomei coragem e toquei a campainha da casa que ficava em frente a minha. Viramos amigos em poucas horas, mas ela teve que mudar de cidade, para nossa infelicidade. Ficamos sem nos falar por alguns anos.
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Crazy for you all this time
Short StoryPor que ela não pode me amar? Por que ela não vê que eu não quero ser só o vizinho que sempre está ali por ela? Como ela não percebe que ele não se importa com ela tanto quanto ela se importa com ele? O que aquele idiota tem que eu não tenho? Além d...