Prólogo

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Sem revisão

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  "Sempre que nós estamos juntos

É você quem liberta o mal de mim

Sempre que nós estamos juntos

É você quem liberta o mal de mim" (Detonautas) 

- Cadê o Aaron? - Perguntou Nick ao resto da Golden Blood.

- Ele atendeu o celular e foi para o camarim. - Respondeu o agente deles.

Um barulho assustou a todos. Os três integrantes da banda correram em direção ao camarim, e a cena que encontraram lá, os deixaram estáticos na soleira da porta. Tudo estava revirado, a comida estava jogada no chão, os espelhos estavam quebrados e Aaron estava em pé frente a parede, com a testa apoiada na mesma; as mãos estavam fechadas ao lado do corpo, a sua respiração era ofegante.

- Meu Deus. - Murmurou Elijah, e recolheu do chão o iPhone de Aaron, ou melhor o que sobrou dele, pois, o aparelho estava esmigalhado.

Aaron tem o temperamento explosivo, e quando está com raiva, desconta toda a sua fúria nos objetos e pessoas ao seu redor. Ele é uma força da natureza, totalmente incontrolável.

- Podemos ajudar em algo, Aaron? - Luke indagou.

O vocalista da Golden Blood se virou, com o rosto ainda vermelho devido a raiva, os punhos estavam machucados, e a camisa tinha marca de sangue.

- Não, vou trocar de camisa, e vamos iniciar o show. Depois resolvo o problema que estou envolvido.

- É algo relacionado com "os canas"? - Nick questionou. E Aaron soltou uma risada malvada.

- Não, mas a polícia poderá se envolver futuramente. - Falou enquanto vestia uma camisa, e caminhava para fora do camarim.

Os outros três integrantes o olharam preocupados, mas não fizeram mais nenhuma pergunta, e seguiram o guitarrista.

**

A música super alta fazia os meus tímpanos doerem, pelo amor de Deus! Alguém me dá um tiro de misericórdia! Isso é uma tortura, gente, como um ser humano consegue ficar no ambiente que não se consegue nem ouvir os seus próprios pensamentos? Onde está aqueles carinhas que usam os medidores de decibéis, quando se precisa de um? Acho que eles fazem parte da polícia, não sei, ouvi falar deles nas aulas de física, quando fazia o meu ensino médio. Falo como se isso tivesse acontecido há anos, não faz tanto tempo assim, estou no meu segundo ano de universidade, acabei o médio e entrei na UFRJ. Digamos que eu sou um pouquinho nerd, só um pouco mesmo, apesar da minha irmã dizer que eu poderia muito bem ser a quinta integrante do The Big Bang Theory, isso é um exagero, pois não gosto de física.

Voltando ao início, não falei aonde estou, só falei que faz muito barulho. Bem, estou num show de Rock pesado, na cidade de NY, com a minha irmã mais velha, e estou me sentindo mais perdida do que cego em tiroteio, fico olhando ao redor como se esperasse que a qualquer momento um desses loucos tatuados fossem pular em cima de mim. Não curto rock, não conheço nada desse gênero, sou mais chegada ao Folk e a Alternativa, bem humanas, né? Mas, eu sou de humanas, curso psicologia (gente, psicologia não é de exatas e nem de biológicas, ela é 100% humanas), fiz essa breve explicação, pois muitos não sabem disso, até mesmo lá na universidade eles confundem.

Estou em NY, e pensava em aproveitar a cidade, afinal não é todo dia que viajamos para o exterior, amei o presente de aniversário do meu pai. É a minha primeira vez fora do Brasil, não sou de família rica, somos de classe média, e por isso que queria aproveitar a viagem, pois não viria outra tão cedo. Mas a minha irmã frustrou todos os meus planos, ao resolver me arrastar para o seu tour, e ele só incluía seguir os passos da Golden Bood, sua banda favorita. Ela ficou sabendo que eles estariam na cidade, logo depois que nós desembarcamos, eu nem sabia quem eles eram, muito menos da existência deles, mas parece que eles são muito famosos.

Todo mundo os conhece, e eu fiquei me achando uma alienígena. É só que sou muito distraída, e não presto muita atenção em noticiários, revistas e coisas do gênero; prefiro ficar em casa lendo um bom livro, escutando uma boa música e estudando. Minha irmã é o oposto de mim, ela vive em festas, e é bem agitada, somos diferentes em tudo, até na aparência. Eu sou morena e ela loira, ambas temos olhos azuis e somos magras, não muito, isso é genética da minha mãe, que é gaúcha e foi modelo.

- Analu, olha só! Vai começar! - Minha irmã gritou ao meu lado.

E isso ainda não tinha começado? Meu Deus! Aonde eu fui me meter?

- Alê, eu quero ir para o hotel. Acho que a minha cabeça vai explodir, se eu escutar mais um som de guitarra.

- Não seja dramática, você irá amá-los.

- Até poderia, se eu gostasse de rock. - Falei ironicamente.

- Olha lá, eles apareceram. - Ela me ignorou completamente e começou a gritar feito uma louca.

Eu fiquei na ponta dos dedos para tentar ver melhor, mas foi em vão, e quando olhei para o lado, minha irmã estava sentada no ombro de um cara. Como assim, Brasil? Às vezes me assusto com certas atitudes da Alessandra, e olha que são 19 anos de convivência. Quando se fez ouvir os primeiros acordes de uma guitarra, a multidão foi à loucura, depois veio a bateria e então a banda começou a tocar um rock bem pesado, que martelava na minha cabeça, todos ao meu redor cantavam junto com o vocalista, o qual tinha uma voz super grave, e fazia uns troços com a garganta, que me deixava de boca aberta. Como um ser humano conseguia fazer isso? Será que a garganta dele não doía? Aquilo não é de Deus!

Como eu não curtia a música, e ficava parada no meio da multidão, o pessoal começou a me empurrar. Se eles iam para direita, eu também era levada para lá; assim foi durante todo show, no clímax da apresentação, um sujeito que estava do meu lado se empolgou e me deu um banho de cerveja, eu fiquei toda melada e fedorenta, a criatura nem percebeu o que tinha feito e continuou lá pulando, eu queria acertar ele com um murro.

Os instrumentos pararam de tocar, e o povo também ficou em silencio, nem todos, as mulheres ainda gritavam: "lindo" e "gostoso". Para quem, eu sinceramente não sei, então alguém começou a falar em inglês, e como eu sou praticamente analfabeta nesse idioma, não entendi porra nenhuma, mas a voz era muito bonita, deve ser o vocalista, pois tem o mesmo timbre. Ele continuou falando, e eu tentando olhar para saber quem era, esse é o problema com pessoas que não são tão altas, momentos depois começou uma chuva de aplausos e assobios e o show terminou, foram exatas duas horas de tortura.

- Ai, meu Deus, isso foi incrível. - Minha irmã falou quando estávamos dentro do táxi a caminho do hotel.

- Fale só por você, pois não acho nada incrível tomar um banho de cerveja.

- Foi o melhor show da minha vida. - Alessandra continuou. Ignorando o meu comentário. - Só faltei pular de alegria, quando Aaron disse que a banda viria para o Brasil.

- Quem é Aaron?

- O vocalista, quando chegar no Brasil vou comprar logos os ingressos.

- Só não conte comigo para ir com você a mais uma loucura dessa.

- Você é uma velha Ana Luiza. Nem acredito que amanhã voltamos para casa.

-E eu nem conheci a cidade. - Resmunguei.

- Conhecemos muitas coisas.

- Pubs e lojas de roupas! Eu queria conhecer a cidades e os seus pontos turísticos!

- Você faz isso outra vez.

- Quando for uma velha.

- Analu, você é uma exagerada.

- Odeio rock. - Resmunguei.

- Um dia você vai amar rock.

- Nem nos seus melhores sonhos.

Aaron (RETIRADO PARA REVISÃO)Where stories live. Discover now