Capítulo I

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Era um inicio de tarde cinzento, as nuvens cruzavam o céu sem pressa em uma sintonia única, de forma organizada e milimétrica elas impediam delicadamente o sol passar, dando um tom nublado para aquela tarde. Apesar do constante e gelado vento que soprava forte contra as colinas, ainda estava quente e sem sinais de chuva no horizonte... O calor não intimidou e nem mesmo impediu uma visita importuna há pequena cidade naquela tarde; no alto da colina se posicionava um observador, que admirava seu próximo alvo da sua extensa lista de vítimas. De longe ele estendeu seu braço como se pudesse toca-la, com sua mão aberta ele a encarou por mais alguns segundos... Sua pele pálida dava um certo contraste com seu cabelo preto e cumprido que balançava contra seus ombros ao ser constantemente soprado pelo vento que agora já estava quente, devido a pequena e maciça esfera negra que se formava diante da mão daquele homem. Em poucos segundos só havia cinzas, fogo e destroços para todo lado. Como uma forma humilde de contemplação ele caminhou por cima dos restos dos corpos de homens, mulheres e crianças, e exalando admiração de seu feito continuou seu percurso com um arrogante sorriso no rosto.
Duas semanas atrás...
Naquele dia a hora parecia não passar, a maçante aula de história ainda estava na metade, mas Kess não havia prestado atenção o suficiente pra saber se ainda teria muita tortura por vir. Ele se perdeu no tempo enquanto observava através da janela... Os detalhes o fascinava, ele gostava de ver a destreza dos pássaros voando tão alto, como se estivessem congelados no céu. Sua cintilante admiração foi interrompida quando a professora o inseriu num grupo destinado a fazer as pesquisas para os últimos trabalhos antes da formatura. Seu grupo foi composto pelo Doug, o nerd mais inteligente de toda escola, mas sua preguiça era mais relevante que qualquer assunto, o típico cara que poderia ter o mundo em suas mãos se não fosse o fato de ser tão apegado em sua cama. A outra integrante do trio era Mary, que havia chego na escola a poucos dias, tivera sido transferida e ainda estava perdendo o titulo de turista. Ela se destacava com seu par de esmeraldas verdes em seus olhos , era hipnotizante encara-la, e Kess fez isso por longos minutos até o fim da aula, até perde-la de vista quando o sinal de saída tocou.
No dia seguinte Kess acordou alguns minutos antes de toda claridade entrar pela janela e lhe saudar com mais uma manhã, mas essa seria um tanto diferente de todas as outras manhãs monótonas que compunham sua semana. Seu trio havia marcado de fazer as pesquisas de forma coletiva e a casa de Kess foi escolhida como o melhor lugar pra se encontrarem devido a localidade de todos... Os minutos foram passando, horas e o seu sono já lhe tirou toda esperança de retornar e lhe conceder mais um cochilo matinal, mas antes que ele pudera aceitar isso, uma voz lhe chama do lado de fora, uma voz fina, quase aguda e com certeza não era sua mãe. Mary demostrou pontualidade naquele dia enquanto Doug manteve sua reputação de preguiçoso... Eles o esperaram, mas ele não apareceu, então deram início as pesquisas.
Os minutos correram com pressa e algo tão entediante ganhou um valor imensurável na presença de Mary. Kess perdeu alguns detalhes de sua específica explicação porque fitava seus lábios e o contorno que eles faziam, parecia que foram esculpidos e isso foi o suficiente pra Kess assimilar com todos os outros adjetivos que ele já tiveram acumulado até o momento da sua mais nova amiga. Em um dos intervalos de sua admiração pela loira, ou no momento que ele disfarçava improvisadamente, Kess deu atenção quando suas pesquisas os levaram ao mesmo assunto; Kanjis! Supostamente era uma linhagem de anjos que já foram extintos e hoje foram rotulados como mitologia barata pra custar algumas páginas nos livros de história. O tema gerou algumas piadas com o nome de Kess, justamente pela semelhança com os anjos, que tinham os nomes extremamente raros. Ele ficou aliviado em ouvir piadas vindo de Mary, começou a perceber uma afinidade se formar timidamente, mas ficou mais aliviado ainda por ter Kisaki como sobrenome... Os anjos não tinham um segundo nome e por um milésimo de segundo ele quase cogitou. 
No fim da tarde Mary guardava seus livros enquanto Kess bancava o bom anfitrião trazendo um copo d'água... Ao lhe entregar ela o encarou por alguns segundos, depois voltou sua atenção pro copo, mas em cada gole sem pressa ela o encarava novamente e Kess a respondia, a essa altura com um certo desejo. Quando ela abaixou o copo ele a beijou, quase se arrependeu, pois não sabia se ela era comprometida, mas agora era definitivamente tarde de mais pra perguntar. Ele a levou na porta, seus olhos se encontravam com mais frequência, o assunto transbordava e eles precisariam de muito mais que uma tarde pra se conhecerem. 
Já se passaram duas semanas desde o dia que eles se aproximaram, depois daquele dia ambos adotaram alguns costumes; como sentar sempre juntos na sala de aula, trocar mensagens todos dias e levá-la em casa todos dias, mesmo chegando em casa no início de noite, mas Kess gostava disso. Ele planejou um jantar em sua casa pro dia seguinte, pensou em todos detalhes pra poder apresenta-la para seus país e poder servir mais que apenas um copo de água.
Após deixar Mary em casa, Kess caminhava de cabeça baixa em direção sua casa. Pensava sobre o jantar e em tudo que podia melhorar... Ao chegar perto de sua cidade podia vê-la de longe, logo após as colinas, sempre acesa e tão viva, mas hoje ela não estava acesa como de costume, cada rua, loja e casa, ardiam em incessantes chamas. 

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⏰ Última atualização: Jun 08, 2022 ⏰

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