entre lençóis.

Paulo narrando.

Todos os meus dias com ele foram bons até hoje - todos mesmo -, os melhores eu diria, até mesmo aqueles quando ele chega em casa cansado do trabalho querendo jantar e dormir, ou quando eu passo o dia de cara emburrada resolvendo coisas no computador. Mas porra, pra mim, aquele dia, foi um dos mais especiais.

foi no meu aniversario, Thales tinha passado a noite anterior no trabalho resolvendo umas burocracias, então eu jantei e fui dormir sozinho, e mesmo que vazia, a noite foi boa...me fez parar pra pensar na vida, e nele. Fui dormir quase 4 da manhã, porque pensar demais é foda.

Acordei com o celular vibrando pois as mensagens chegavam a todo segundo. Literalmente. A luz do sol refletia na minha tv e vinha direto nos meus olhos. Nem era 9:00 da manhã ainda, e eu lembrava claramente de ter fechado a janela.

Do outro lado da cama, vi o Thales com seu tradicional pijama de dormir. Pelo visto ele tinha acabado de chegar - e abrir as janelas - então decidi não acorda-lo e como era meu aniversário me dei o luxo de dormir até 10:40 da manhã.

No segundo despertar, meu celular continuava vibrando. Vinte minutos depois, me espreguiçei, virei de lado e dei de cara com o homem da minha vida. Meu nariz quase bate no dele, de tão perto. E como o sono dele é leve, certamente acordaria. Era a segunda noite que ele tinha passado no trabalho, até dormindo dava pra ver o quanto estava cansado.

Era eu trabalhando direto e ele também. Fazia tempo dá última vez que saímos pra ver um filme, ir na praia, ou fazer algo romântico. As nossas rotinas são tão agitadas e a gente vive tentando mesclar uma a outra por mais tempo possível pra nenhum dos dois perder algum momento importante do outro. Como quando tem alguma feira-dermato e eu vou com ele, mesmo sem entender porra nenhuma, ou quando ele vai nas minhas estreias, e eu consigo ver a sorriso dele do palco.

Ele parece uma criança grande, tanto dormindo quanto acordado. Eu amo todo o conjunto da obra: as sombrancelhas - alinhadas; o cabelo - e os fios loiros degradê; a barba - que já na hora de raspar; os ombros - ahhhh, os ombros dele - sem deixar de olhar os detalhes das mãos dele - ainda mais bonitas com o nosso anel - e a cintura dele - e aquelas benditas 'entradas' que me tiram do foco.

Thales abriu os olhos bem na hora que eu olhei pra boca dele. Ela é desenhada, parece ter sido feita à mão. " Feliz aniversário! " foi a primeira coisa que ele disse sorrindo, antes de entrelaçar seus dedos nos meus e dizer "bom dia" beijando a parte de cima ds minha mão. Eu respondi com "bom dia" bem no pé da orelha dele. E mais uma vez, ele sorriu. Começar o dia com aquele sorriso, não podia ser melhor.

Eu leventei com muito custo e fui tomar meu banho, Thales ficou desmaiado na cama por mais um tempo. Tinha tanta coisa pra resolver e ele tinha que voltar pra clínica a tarde. Saí do banho pronto, e fiz o nosso café da manhã. Ele resolveu vir falar comigo.

Eu contei que iria à casa do Fil de tarde ver o roteiro do filme, e questionei a possibildade de sair pra jantar. Ele fez que sim enquanto mastigava um pão de queijo, e enquanto eu me certificava que as chaves do carro estavam no bolso. Ele comeu mais um pão de queijo, calçei meu tênis e dei um selinho demorado nele.

- te amo! - ele disse

- também te amo!

Que calor do caralho fez aquele dia, puta que merda, fez 40 graus... na sombra. Mamãe, Juju, e Samantha me ligaram até eu chegar na casa do Fil. Passei a tarde na casa dele, rimos demais reescrevendo algumas partes do roteiro de Minha Mãe é Uma Peça 2 e escrevendo outras. Quase 7 da noite, Carol me ligou perguntando onde eu me escondia porque ela estava na porta da minha casa, querendo falar comigo.
Fui pra lá, porque ela insistiu que queria me ver. Fil veio comigo pra botar os papos em dia. Cheguei na porta de casa e a estranheza do dia pouco movimentado fez todo sentido. Carol não estava na porta. Já estava na minha casa, ela, e várias outras pessoas, inclusive, Juju, mamãe, Tia Penha e meu pai.