capitulo um

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(08:30)

-Elliot


Mais um dia nesta escola, odeio estar aqui, raparigas falsas, rapazes machistas, professores snobes.
Onde é que eu me encaixo aqui?
Os meus fones são a minha única salvação, o meu mundo é a minha única salvação.
Ando mais uns passos até chegar à sala onde iria ter matemática, sento-me no meu lugar, sem nunca tirar os fones dos meus ouvidos. O resto da turma começou a entrar e a sentar-se nos seus lugares e finalmente o professor entrou na sala.
A aula decorre normalmente, fofocas, discuções, murmúrios.
Eu ignoro, sou só eu a música e os meus desenhos obscuros.
Consigo ouvir a estridente campainha a tocar, arrumo as minhas coisas e saio da sala.

(14:00)

Sentei-me no muro da escola apenas a observar tudo à minha volta, tiro o meu caderno preto da mochila e escrevo o que me vinha na alma. Sinto um toque no meu ombro tiro o fone do ouvido e olho para trás.


-Hey, estavas bué calado na aula, está tudo bem? - Luke pergunta, paro a música que estava a dar no meu ouvido esquerdo e retiro os fones dos ouvidos.


- Oh sim estou, só dormi mal e não tinha muita vontade de ouvir as aulas. - respondo, o que não é completamente mentira, não me aptecia mesmo ouvir a aula. O rapaz mais nada diz, ele senta-se ao meu lado e observa as pessoas que estão no pátio connosco. Ficámos em silencio durante um bocado até que o loiro começou a falar sobre os seus irmãos e algo que se tinha passado na casa dele na noite anterior. Já conheço o Luke desde que tenho 10 anos, sempre fomos inseparavéis, ele é o meu melhor amigo, e coincidentalmente, o primeiro rapaz de quem gosto. Honestamente nem sei como é que somos tão amigos, somos opostos completos, mas acho que é isso que faz de nós tão bom amigos, acabamos por nos equilibrar.

-Posso vêr o teu desenho? - o rapaz pergunta, já me tinha esquecido que estava com o caderno na mão, normalmente não costumo mostrar os meus desenhos ou poemas às pessoas por medo que elas me julguem, e até porque tanto os meus poemas como os meus desenhos são o reflexo do que penso e sinto, e é stressante mostar às pessoas esse meu lado.

- Oh wow Elliot tu tens talento, nunca me tinhas dito que sabias desenhar, está mesmo brutal! - o rapaz quase grita, sorrio-lhe e retiro o caderno das suas mãos, observo o desenho no papel delineado.

- Nem é dos meus desenhos preferidos, este está um bocado rabiscado. - digo, lembro-me que comecei a fazer este desenho para me distrair do panico que sentia, normalmente ajuda mas nesse dia nada parecia ajudar, talvez seja por isso que não gosto muito deste desenho em específico, lembra-me um sentimento negativo, apesar de todo eu ser um sentimento negativo.

- Eu acho que está giro, gosto mesmo muito, posso ver mais?- pergunta, entrego-lhe o caderno e observo o rapaz e as suas reações a todos os meus desenhos, ele percorreu quase o caderno todo e antes de virar para a ultima página retiro-lho das mãos, ele olha para mim confuso e sinto o meu rosto corar.

-Uhm, este ultimo desenho não é algo que eu queira muito partilhar, desculpa. - o rapaz anui e encolhe os ombros, sei que ele está a fingir que não está desapontado.
A campainha soa o que me impede de dizer seja o que for, sinto-me irritado, o meu melhor amigo está triste comigo e tenho que ir para uma aula que odeio, numa escola que odeio com pessoas que despreso. Talvez tu sejas o problema.

-Sabes que mais, foda-se, não quero ir para a aula. - digo, os olhos do loiro arregalaram-se e ele olha-me chocado.

-Elliot não, tens que ir, sabes que as aulas de biologia são sempre uma seca sem ti a fazer merda. - ele brinca, sorrio com a lembrança da ultima aula, que nos levou a ambos ficarmos de castigo na escola, valeu a pena.

- Desculpa Luke, mas não quero mesmo nada ter biologia, para além do mais sabes que a stora adora pedir-me para ficar até mais tarde só para me fazer perguntas sobre a minha irmã. - relembro o rapaz.

-Okay eu entendo, vejo-te depois? - pergunta, anuo e despeço-me dele, vejo o rapaz a caminhar até ao edificio onde a aula iria acontecer, agarro na minha mochila e saio do enorme muro onde estava sentado, vou em passos largos até ao portão da escola e abandono aquele inferno. Aviso a minha mãe que não vou à aula porque não me sentia bem e apanho o autocarro para um sitio bem longe desta escola.

Heaven - 1ª temporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora