ARABELLA E MARGOT

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Se possível, leiam ouvindo "Iris, Goo Goo Dolls", de preferência a versão cover da Sleeping With Sirens. Ouvi essa canção para escrever e acho que la pela metade o capítulo fica mais emocionante com essa trilha sonora. Sem mais delongas, boa leitura e acreditem em mim quando digo que estou com lágrimas nos olhos e algumas delas são de arrependimento... Desculpem! ❤

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    — Vamos, vamos, a gente tem que sair daqui! — Arabella soltou Margot e respirou profundamente, agora precisava manter a calma. Estavam quase livres daquele pesadelo. — Vamos.—  Margot concordou. Mas antes de ir, Arabella tinha uma coisa a fazer, pegou o metal pontiagudo que deixara cair no chão e com toda sua força o enfiou na perna de Enrique, ele ainda não havia perdido totalmente a consciência e soltou um grito rouco quando o metal entrou em sua carne. — Sua vez, Passarinho. — Arabella ironizou antes de seguir Margot para fora dali. 
         Do lado de fora só viam árvores e uma pequena cabana a poucos metros de onde deixaram o sequestrador.
— Onde será que ele deixa o carro? — indagou Margot, olhando em volta.
— Eu não sei dirigir, você sabe?—  Arabella questionou, estava aflita, estavam perdendo tempo.
— Não, não sei.
— Então não importa onde está o carro. Estamos perdendo tempo, vamos. — Arabella disse, se dirigindo a uma trilha no lado leste do galpão. Margot a seguiu, não sabiam onde a trilha iria dar, mas precisavam se afastar dali, chegar o mais longe possível até encontrar alguém e pedir ajuda. O sol já estava se pondo no horizonte, logo mais escureceria e ficaria difícil enxergar na mata escura, tudo já estava parecendo igual.
      As garotas corriam, já haviam chegado ao fim da trilha e agora tentavam encontrar um caminho para fora da mata, chegar a algum lugar onde houvessem pessoas, uma delegacia, um posto de combustível, um telefone, qualquer coisa que pudesse ajudá-las a chegar em casa. Estavam sem forças para continuar correndo, os galhos das árvores arranhavam os braços expostos das duas e Margot já sentia as pernas doerem, cansadas demais para prosseguir. — Ara... Arabella.—  chamou, ofegante. — Vamos parar um pouco, estou exausta.
— Não Margot, aguenta mais um pouco.  Só mais um pouco.
— Não aguento, Bella, desculpa.— A garota colocou as mãos no joelho, ofegante. O suor pingava e escorria pela sua face.
— Tudo bem. — Assentiu. Uma parte de Arabella não queria parar, não queria dar a Enrique a chance de alcançá-las, não queria adiar mais se sentir salva e segura, em sua casa. Mas cedeu, também estava cansada. Sentaram-se no chão, junto ao caule de uma árvore e ali ficaram.

       — Acho melhor irmos agora—  Arabella disse, cerca de dez minutos depois, já haviam perdido muito tempo e a cada minuto a floresta se escurecia mais. — Tá. — Margot suspirou, ainda cansada, levantando-se. Voltaram a caminhar por entre as árvores, a passos largos e rápidos. Ficou claro que correr só fazia com que se cansassem mais rápido, então em vez de ficarem parando para descansar, era melhor manter um ritmo constante até estarem a salvo.

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      A respiração de Arabella estava ofegante, seus pés doíam como se estivesse andando há horas, pareciam estar dando voltas e voltas no mesmo lugar pois por mais que ela e Margot andassem não conseguiam ver nada além de árvores. O sol, no horizonte, há tempo havia se recolhido, a lua dourada brilhava sob a copa das árvores. A temperatura começava a esfriar, mas as garotas nem percebiam, os movimentos mantinha seus corpos aquecidos, porém era inevitável não notar que ficava mais difícil se locomover a medida que a claridade diminuía. — Estou com muita sede. — Margot murmurou
— Eu também. Mas a gente já se livrou dele, só precisamos sair dessa mata.
— Será que ele... ele tá vindo atrás de nós?—  o medo estava nítido em sua voz, Arabella também temia por isso, estavam tão perto de se livrarem dele para sempre que a possibilidade de ser arrastada de volta para o pesadelo que viveram por dias era desconcertante, mas precisavam manter o controle para conseguir encontrar a cidade, segurança. — Não, ele ainda deve estar inconsciente. — respondeu, evitando o olhar de Margot, pois não acreditava em suas próprias palavras .
     As jovens moças continuaram adentrando na floresta enquanto o breu da noite seguia escurecendo as sombras entre os galhos, o cenário chegava a ser assustador. Galhos enormes e tortos que lembravam garras de monstros, as sombras que projetavam no chão também assustava, os corações das garotas seguia acelerado assim como a respiração, cada vez mais ofegante. O que estavam vivendo, desde aquela sexta-feira em que tudo começou, parecia o roteiro de um filme de horror e ali, em meio aquelas árvores sombrias, poderia acontecer a cena final. — O bosque da Morte. — Arabella murmurou, ao pensar naquela situação como algo fictício, talvez isso fosse uma tentativa inconsciente de afastar um pouco do medo em seu peito, de diminuir um pouquinho que fosse a dureza da realidade.
— O que? — Margot indagou, virando-se para a outra.
— O Bosque da Morte, se isso fosse um filme, esse, sem duvida, seria o nome. — Arabella afastou uns galhos mais baixos a sua frente e tentou sorrir, não conseguiu, nada diminuía a tensão que sentia.
— É, tá aí um filme que eu não reprisaria.
— Né?
— É, mas infelizmente não é um filme. —  disse Margot, triste.
— Infelizmente. — Arabella assentiu. O vento da noite era fresco e limpo, tão diferente do ar abafado e quente daquele lugar imundo, Arabella respirou profundamente, apreciando. Não via a hora de estar em casa, abraçar sua mãe, seus amigos, tomar um banho e lavar todos os vestígios dele de seu corpo e, talvez, o tempo apagasse de sua mente também.

CAÇADASWhere stories live. Discover now