Mãe ou fantasma(?) - (crônica)

Mãe ou fantasma?

  Coloco os fones de ouvido e logo a música começa. Tenho a impressão de ouvir alguma coisa que não vem da música que está passando, algo como um arrastar de correntes no chão, ou alguém mastigando plástico seco. Tiro  os fones e só existe silêncio...

  Isso acontece com frequência. Por que os fantasmas não se comunicam quando tiro os fones de ouvido? Só estão me zoando para eu não ouvir as músicas em paz? Talvez eu esteja ficando maluco ou eles estão me deixando louco.

  Decido então ver anime pelo celular. A tela não é muito grande, então  vejo bastante coisa ao meu redor além das  explosões de cores do desenho no aparelho. Vi um vulto branco indo para a cozinha, tirei os malditos fones de ouvido, deixei o celular na cama e fui ver quem era. 

  Lá estava minha mãe bebendo água no filtro antigo de barro. Ela vestia uma camisola escura cheia de rosas de varias cores estampadas por toda extensão  da roupa, mas nada de branco como o vulto que vi.

Voltei para o quarto, já  sabia que ela iria desligar o WI-FI por me  ver acordado tão tarde ( 01:52hs da madrugada, para se ser exato) Continuei assistindo o anime esperando que travasse por falta de internet.

Não ouvir mãe voltando pro quarto dela e o WI-FI não foi desligado como eu esperanva que seria. Eu fui até ver e no reteador e não estava mesmo desligado.

Será que conseguir realmente ver um fantasma? Eles podem se transformar em quem quiserem (?). Você pode está tento uma conversa com alguém e nem saiba que esse alguém já morreu. (minha mãe morreu? ai senhor!) se bem que não conversei com "minha mãe", eu só a vi. Eu vi um fantasma. Será que ele me ver escrevendo agora? Será que ele te ver lendo isso? Será que já não morremos e não sabemos e por isso vivemos normalmente c

omo se nada tivesse acontecido como naquele filme, que não lembro o nome?

Quando amanhecer vou perguntar para minha mãe se ela foi beber água na calada da madrugada que ainda acontece agora. Terei meu veredito.

  Acabo de sentir um calafrio no lado esquerdo do meu corpo. Não pode ser um acidente vascular cerebral, tenho só 17 anos, isto seria insano.(como se ver fantasmas não fosse). Só cogito a hipótese de que o espirito que vi agora a pouco esta do meu lado neste momento, e me tocou de leve sem querer e logo se afastou. Ele ou ela, não sei se seres assim tem gênero, deve ter ficado tímido(a), talvez pensa que não posso sentir-lo(a). Eu sentir algo, venha mais perto, Leia isto. Eu posso senti algo.

Talvez o fantasma esteja sorrindo, pulando, dançando ou gritando agora mesmo. Seria o que eu faria caso eu fosse invisível e soubesse que alguém pode me ver de algum modo. 

Minha mãos estão suando de tanto que escrevi, aos seus olhos podem ser pouquíssimo, mas escrevo em um caderninho que uso para anotar ideias para contos. Foi o primeiro que vi e fui logo escrever os acontecimentos. Olhando daqui são quatro folhas, olhando dai não deve ter passado de uma folha direito. É sempre isso. O ponto de vista. Se ler o diário de alguém não saberá exatamente o que aconteceu com esse alguém. Quem escreve teme que suas coisas sejam lidas, portanto omite algumas coisas da história contada com tanta convicção da realidade que expõe. O verdadeiro diário esta na mente, no sub consciente, esses segredos sim são quase impossíveis de se ler.  Talvez, por medo, eu tenha omitido algo  a mais desses acontecimentos, ou não. Pode ser que isso que esta lendo seja realmente o que aconteceu. Pode ser que esteja lendo uma mente. A minha mente.

Termine de ler. Reflita sobre algo que falei. Certifique-se se é mesmo sua mãe bebendo água no meia da noite, ou se é um como este do meu lado me vendo escrever ou um desse atrás de vocês o vendo ler.