1. I Must Be Dreaming

341 13 20
                                    







Se o meu eu de 18 anos soubesse onde me encontro agora, não acreditaria. Eu sei que parece estranho, mas que garota acreditaria que estaria se preparando para entrevistar o vocalista de sua banda favorita? Definitivamente a Adeline adolescente não, mas a Adeline adulta está prestes a fazer com que isso aconteça. Desde que a banda acabou, eu me perguntava o que realmente tinha acontecido, já que ninguém falava do fim. The Maine acabou uns dois anos após o lançamento de Lovely, Little, Lonely, eu me lembro perfeitamente do dia em que acordei atrasada para o estágio, já no ultimo ano de faculdade e nervosa por conta do TCC e toda a pressão que me cercava. Peguei meu celular enquanto corria para ligar a cafeteira e tomar um banho rápido enquanto o café ficava pronto. Estranhei porque estava lotado de notificações, principalmente das minhas amigas também fãs da banda. Eu oficialmente não estava entendendo nada, mas logo que abri a conversa com minha melhor amiga percebi o que estava acontecendo. Ellie estava em prantos, e eu sem reação. Nossa banda favorita anunciara durante a madrugada que iria acabar em um texto no site oficial, não tinha uma explicação, só um agradecimento por todos os anos e o apoio e só. Isso não era típico do The Maine e por isso todos os fãs estavam em choque. Entrei no chuveiro e comecei a chorar, quem me visse ali, com meus então 23 anos sentada no box do banheiro tendo uma crise daquelas, não imaginava que era por conta do fim de uma banda. Mas não era qualquer banda, era The Maine, era minha banda preferida, o som que embalava minha vida, as músicas que me ajudaram quando eu mais precisei, era a banda que me apresentara aos meus melhores amigos e que fora a trilha sonora de alguns poucos relacionamentos que tive.

Naquela época eu estagiava na Lost Souls Magazine, uma revista fundada por Michael Stefano, era meu sonho de adolescente escrever sobre música em uma revista como aquela e quando aparecera a oportunidade eu entrei de cabeça na mesma hora. Serei eternamente grata por Ellie, minha melhor amiga, me colocar ali, afinal ela era a sobrinha de Michael e também estagiaria.

Hoje eu continuo na Lost Souls, mas não mais como estagiaria e sim redatora da revista e moderadora do site. Ellie ficava responsável pela parte de eventos de lá e todo ano era responsável por uma festa com muitos shows e uma premiação para as bandas que costumavam atingir o público alvo da revista, até perdi as contas de quantas vezes nós fomos a shows do The Maine com a desculpa de que faríamos uma cobertura para a Lost Souls, mas na verdade só íamos como fãs mesmo. Três anos após o anuncio do fim da banda, nós continuávamos nos perguntando o porquê e mesmo depois de algumas entrevistas com alguns integrantes e amigos, nunca descobrimos. Como ficamos fissuradas com o assunto resolvemos implantar essa ideia na revista, muitas bandas desse estilo acabaram um pouco depois de The Maine e acabaram caindo no esquecimento, com isso Ellie e eu começamos a procurar alguns membros dessas bandas e entrevista-los. Durante todo esse tempo a banda mais difícil de encontrar era realmente The Maine. Nós, como fãs e com tantos amigos também fãs só descobrimos o paradeiro de Jared, Pat e Kennedy e conseguimos algumas poucas entrevistas com os três. Jared agora era um escritor de suspenses e eu tinha todos os livros autografados. Kennedy estava em Phoenix, trabalhando em uma loja de guitarras e em suas folgas ensinando crianças carentes a tocar e Pat, bem, continuava sendo Pat. Era o único que ainda tinha contato com as fãs e agora era dono de um bar karaokê em Tempe e digamos que depois de todos esses anos sendo fã e o entrevistando, nós nos tornamos bons amigos. Isso era uma das coisas que mais me encantavam nele, antes, ainda como apenas uma fã, Pat já me reconhecia nos shows e muitas vezes acabávamos conversando sobre as músicas e nos encontrando em alguns bares por aí, depois de alguns anos morando sozinha em Nova York eu já me considerava uma expert nos melhores bares e pubs daqui e Pat descobrira isso, então sempre que nos encontrávamos me pedia alguma dica. Com isso, nos tornamos confidentes de conversas de bar e um tempo depois, bem, eu podia considera-lo um grande amigo.

Agora que, em partes, eu já tinha superado o fim da banda, um dos nossos informantes descobrira o paradeiro de John O'Callaghan. Parece que agora ele estava voltando para o Arizona depois de passar um ano na Califórnia fazendo sabe-se lá o que. Não podíamos perder essa oportunidade, precisávamos encontrar com John e tentar descobrir o motivo de todo o suspense do fim da banda, já que Pat sempre dizia que não podia comentar sobre.

Fazia um tempo que eu não conversava com Pat e essa era a chance perfeita. Peguei meu celular e comecei a digitar uma mensagem, como quem não quer nada, perguntando se ele faria algo de especial para o karaokê nos próximos dias, porque Ellie e eu tiraríamos uns dias de folga.

Depois de mandar a mensagem para Pat, pedi para minha secretária marcar uma reunião urgente com Ellie porque tivemos algum problema com a última edição da revista, que seria publicada daqui alguns dias, eu realmente queria assusta-la antes de dizer o que faríamos nas próximas semanas.

Com uma equipe de quatro jornalistas responsáveis pelas entrevistas, nós nos revezávamos de acordo com o artista, ou até mesmo fazíamos um sorteio. Já tinha algum tempo que eu não entrevistava ninguém para essa parte da revista quando Ellie entrou em meu setor com uma cara de preocupada, acho que minha secretária já tinha dado o recado.

- Adele, eu estava saindo da minha sala e ia te mandar uma mensagem perguntando onde iriamos almoçar hoje, quando sua secretária veio correndo em minha direção dizendo que tivemos algum problema com a última edição? Amiga, você sabe que hoje a noite ela tem que estar revisada e pronta para a impressão, não sabe? Não me venha com seus surtos, você sabe que seu último texto sobre o Nick Santino era necessário, ele deveria nos agradecer por lembrarmos da existência dele, isso sim.

-Ellie, nós devemos nos preocupar com uma coisa muito mais importante que o Santino, por isso te chamei para essa reunião urgente, mas antes, vamos almoçar naquele restaurante vegano?

- Se é tão urgente assim, porque não me conta agora? Você sabe como eu fico ansiosa quando você começa com essas coisas.

- E você sabe que nesse prédio as paredes tem ouvidos, vem logo, te conto enquanto almoçamos.

Quando nossos pedidos finalmente chegaram decidi contar para minha melhor amiga o que estava acontecendo. Assim que dei a notícia de que finalmente encontramos o vocalista da nossa banda favorita seus olhos brilharam, assim como os meus.

- Você já contou pro Pat que vamos lá para caçar o John?

- Bom, mandei uma mensagem pra ele dizendo que teríamos alguns dias de folga e iriamos visita-lo, mas ainda não me respondeu. Não mencionei o nome do John porque fiquei com medo da resposta, então só contaremos pessoalmente. Quanto menos pessoas souberem por onde o John anda, melhor para nós.

- Adeline, você está com cara de quem vai aprontar alguma coisa, me conta logo.

- Nós não podemos ligar para o John e falar "ei, você pode nos dar uma entrevista e dizer porque a banda acabou?" você lembra do que o Pat vivia dizendo. Então, nós iremos em todos os bares, restaurantes, livrarias, lojas, parques, tudo mesmo atrás dele e tentaremos descobrir sem revelar que somos da revista, só depois contaremos tudo o que está acontecendo, mas antes precisamos da confiança dele, certo?

- Isso soa tão errado, você sabe que não concordo com essa ideia.

- Se você tiver uma ideia melhor, me avise.

Growing UpDonde viven las historias. Descúbrelo ahora