Capítulo Único

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- Olha quem chegou! Papai! - Caitriona disse para a bebê gordinha em seus braços ao ouvir o tinido de chaves destrancando a porta.

Chrissie em seus 9 meses de idade deu um gritinho de felicidade e bateu as mãozinhas gordas juntas, pulando no colo da mãe que a levava da cozinha até a sala. Estava cada vez maior e mais pesada, Caitriona tinha certeza que dentro de alguns meses não seria mais capaz de colocá-la nos braços. A cabeleira que já era cheia desde o nascimento, agora encontrava-se bem mais, de um profundo tom acobreado e as pontas dos cabelos ensaiando alguns cachos.
Não parou de mexer e acabou por acertar o pé gorducho nas costelas da mãe quando viu seu pai entrando pela porta, colocando a bolsa da academia no chão e baixando o capuz do casaco, balançando os cabelos - tingidos - quase do mesmo tom da filha.

- Ai, Chrissie! - Cait agarrou o pé que usava uma meia de ovelhinhas - Não faça isso! Você parece um cachorro se secando!

Sam como sempre fingiu não ouvir a reclamação da esposa e sorriu tirando o casaco e deixando no cabideiro ao lado da porta. A pequena Balfe-Heughan em sua animação, agora ostentava as bochechas vermelhas e sorria mostrando seu único dentinho.

- Tão bom encontrar minhas garotas em casa me esperando. - Falou depois de beijar os lábios de Cait.
- Uma vez a cada século. Aproveite, amanhã não será assim. Você já ligou para sua mãe? Ela vai poder mesmo ficar com a Chrissie?
- Já. Está tudo certo. 
- AAAAAAAA!!!! AAAAAAAAAAA!!!!
- Esse seria eu? - Perguntou sorrindo e beijando a testa da filha.

Chrissie que ainda não sabia falar direito, chamava o pai de A, a mãe de MÃ, a avó de GÁ e o tio de I. E o dizia com tremenda convicção, a testa enrugada quando não lhe atendiam e seriedade ao repetir o chamado.

- AAAAA!!!
- Papai voltou, coelhinha. Você estava dormindo muito bonitinha e não quis te acordar. Não, amor, estou todo molhado de suor e chuva. - Disse ao ver Chrissie com os braços estendidos para que ele a pegasse no colo. Ela não pareceu muito satisfeita e ele deu-se por vencido, segurando-a contra o peito e a sentiu se aconchegar e encostar a cabeça em seu ombro.
- Você sabe que ela não liga.
- Pegou isso da mãe.
- Preste atenção no que você vai dizer depois disso na frente dela.

Sam passou o polegar e o indicador juntos sobre os lábios como se fechasse um zíper.


******

- Sam, acorde. Sam... Sam! - Caitriona cansada de chamar, usou toda a força que tinha e empurrou-o para fora da cama.
- O que é isso mulher? A casa está pegando fogo?! - Perguntou agarrado ao lençol  na inútil tentativa de não cair, mesmo já estando no chão.
- Nós vamos nos atrasar, precisamos levar Chrissie para a casa da sua mãe em Edimburgo e de lá ir para a convenção. Precisamos estar lá ao meio dia! Já são 10:00 e você ainda está assim!
- Eu precisava tirar uma sonequinha, acordei 4:30, amor!
- Você sabe que não acorda essa hora para ir a academia! - Repreendeu-o cruzando os braços.
- Você quer que eu bata o carro? Eu acabei de ganhar ele! - Falou e levantou-se mostrando o corpo como veio ao mundo. Como de costume, ele havia dormido nu e Caitriona esquadrinhou-o rapidamente, desviou o olhar esperando que Sam não percebesse e terminou de vestir a calça jeans preta. Ele, muito atento, percebeu e bateu os olhos no sutiã rendado e preto que ela estava usando - Aonde você acha que vai usando isso? Isso não é lingerie para convenções!
- Então devo ir sem nenhuma?
- De jeito nenhum. 

Sam contornou a cama enquanto Caitriona tratou de enfiar os braços e a cabeça na blusa azul navy de mangas compridas o mais rápido que conseguiu, já conhecendo muito bem aquele olhar predador com que ele a olhava.

- Você precisa se vestir, não podemos nos atrasar.
- Eu acho que ainda temos uns minutos antes de ir, não? - Antes que Cait pudesse fugir, ele puxou-a para si e beijou-lhe os lábios do jeito doce que só ele sabia, uma mistura de doçura e desejo, delicadeza e urgência.

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