O início

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Esse é o começo do que parece ser a maior das minhas viagens até agora, talvez de toda minha vida, bem são apenas suposições, provavelmente porque estou muito empolgado com essa viagem. Pretendo registrar aqui o relato, talvez, diário desta viagem tão auspiciosa.

Na verdade, o inicio ocorreu há três dias, quando eu estava indo à casa de meu avô, para devolver alguns livros que ele havia me emprestado, como fazia de costume com certa frequência, ele possuía uma biblioteca na parte de traz da casa. Quando estava lá ele me contou empolgadamente que havia preparado uma surpresa para mim, disse que conheceria muitas coisas novas e que seria uma grande aventura, ele contava eufórico, como se fosse uma criança recebendo um presente tão aguardado, e toda essa empolgação contribuía para o surgimento do meu entusiasmo, mesmo sem saber ao certo do que se tratava.

Ele me contou que um amigo de fora da ilha trazia algumas coisas para ele, como alguns livros, sempre quis saber como ele conseguia tantos livros para a biblioteca, quando eu era criança sempre descobria um livro que não havia visto antes, pensava que seria uma desatenção minha ou talvez os livros surgissem por magia, mas agora uma das grandes questões da minha infância havia sido respondida, isso me decepcionara? Talvez porque a ideia de livros surgindo do nada fosse tão encantadora que nunca quis acreditar em outra coisa, mas agora a verdade estava clara e a minha decepção? Bem, não pareceu tão decepcionante, provavelmente por ter sido amortecida por toda a empolgação daquele momento.

Pelo que me contou, seu amigo chamava-se Thenébrios e viajava por diversas partes do mundo, e em dois dias ele estaria chegando à ilha e eu poderia ir com ele conhecer o mundo, para alguém que havia passado grande parte da vida pensando que toda a existência era a ilha e a pouco tempo tinha adquirido o fascinante conhecimento de que a ilha é uma pequena parte de um mundo muito maior com muito mais coisas para se descobrir. Quem poderia imaginar que agora eu teria a chance de sair dali e conhecer o resto do mundo.

Recebi uma lista de coisas que precisaria arrumar para levar, voltei para casa e já estava muito tarde, achei melhor ir dormir e arrumar tudo no dia seguinte, como se dormir fosse uma tarefa fácil, milhares de pensamentos surgiam em minha mente, ideias, curiosidades e por um instante uma inquietação atormentava todo o maravilhoso mundo que imaginava, e se não fosse tudo o que eu pensava, e se não fosse o que eu cogitava, e se não fosse nada do que eu ponderava, talvez fossem apenas mais algumas ilhas todas muito semelhantes com essa que já conhecia, aqueles pensamentos me consumiam, demorei muito para conseguir dormir e quando acordei ainda estava escuro e com um pouco de sono mas não estava com animo para passar por todo aquele turbilhão de pensamentos para poder conseguir dormir mais um pouco.

Decidi então começar a organizar as coisas da lista, não havia nada muito complicado, eram apenar alguns alimentos, alguns objetos e a minha capa, presente do meu avô de anos. No entanto ele não pedia nenhuma arma, o mundo seria um lugar tão sem perigos para sair desarmado, ou será que as armas que possuo não são eficientes o bastante, acredito que descobrirei em breve.

Antes mesmo do sol estar muito alto fui até meu irmão contar a novidade e me despedir, ele também se animou por mim, sentirei saudades, mas não irei embora para sempre. Ao fim do dia minhas coisas já estavam arrumadas e a minha ansiedade se preparava para não me deixar dormir tão facilmente mais uma vez.

Agora o dia conhecer Thenébrios havia chegado e faltando apenas mais um dia para a minha viagem, meu entusiasmo aumentava, mas minha mente cansada me permitiu acordar mais tarde dessa vez. Após o almoço fui à casa de meu avô aguardar a chegada do barco de Thenébrios. Levou algum tempo ainda, mas pude ver o momento em que as velas brancas de seu barco apareceram no horizonte nelas havia um símbolo que lembrava um sol listrado, não me lembro de ter visto aquilo antes. Quando ele se aproximou mais pude ver o nome do barco "Koira Meri".

Após abalroar o barco vi ele desceu com algumas caixas na mão e estava vindo em nossa direção, ele usava uma capa escura e seu rosto estava encoberto, quando ele se aproximou e baixou o capuz puder ver seu rosto com clareza, aparentava ter uns 26 anos e possuía algumas pequenas cicatrizes lineares em seu rosto, ele estava sorridente e animado, nas caixas haviam coisas para meu avô e ele me disse que no barco haviam livros e coisas que eu iria utilizar para a viagem. Durante o jantar ele contou algumas histórias que me animaram e me fizeram sonhar acordado.

Então o dia tão aguardado estava ali, iriamos sair cedo, meu irmão apareceu para se despedir mais uma vez, meu avô se despediu e me entregou um livro de capa azul que estava em branco e disse para mim anotar as minhas aventuras e experiencias nesse livro, também me deu um envelope volumoso para que eu entregasse para o senhor Dranbla quando o conhecesse e disse para mostrar as histórias do livro para ele também.

Então partimos da ilha de Kuolema em direção ao imenso oceano, no começo o barco balançava bastante, mas depois diminuiu e eu também tinha me acostumado um pouco. Thenébrios me mostrou o barco e havia uma sala com muitas caixas e livros, ele me disse para tentar ler aqueles livros para conhecer mais sobre o mundo e eu também iria conhecer alguns outros idiomas, passei o resto do dia tentando aprender um dos idiomas que ele disse que seria mais importante para mim.

Então chegou ao fim desse incrível dia e estou aqui fazendo as anotações desse início de aventura nesse pequeno livro azul, onde guardarei importantes descobertas desse novo mundo.

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⏰ Last updated: Mar 23, 2017 ⏰

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Viagem para fora da ilhaWhere stories live. Discover now