Nós Psicodélicos

Prefácio

O intuito desta obra é explorar o fluxo do pensamento, da imaginação, do sonho. De como uma coisa e a outra coisa e a outra coisa fluem na nossa cabeça e de como deixamos tudo quietinho lá dentro, sem nem perguntar a si mesmo: de onde veio isso?

Esse fluxo, vou chamar assim, é constante. Deveríamos prestar atenção. Tantas informações tocam o nosso ser, chegam até a nossa mente e não nos damos conta do quanto ela interfere no nosso cotidiano. Assim matamos melhores ideias, melhores devaneios, melhores insights. Quando eu digo, matamos, quero dizer que deixamos a razão tomar conta de tudo e dar um jeito nas coisas. Deixamos a lógica imperar. E assim, as soluções ficam para depois e depois nada acontece. A todo custo, tentamos desatar os nós no sutil fio que tece a realidade.

A cidade fictícia de Vale Primavera é palco dessa história insólita. E por suas ruas, praças e avenidas que todos os devaneios de seus moradores acontecem. Incluindo Victor e Sofia e suas loucuras.

Há, no entanto, quem faça dessa loucura seu meio de vida. Quem pegue esse touro a unha, quem dome essa fera. E há quem sucumba à própria fluidez dos pensamentos. Não se trata aqui de glamourizar a loucura, longe disso. Mas trata de quanto a contemos em nosso ser. E das consequências que isso traz.

Victor era assim. Era vendedor e seu mundo, até onde podia se lembrar, era pautado pelo uso da razão. Até que algo faz com que ele comece a sentir o mundo de um jeito diferente. E os pensamentos correm em sua mente de uma maneira diferente. E o mundo no qual se encontra é totalmente outro. Real, claro. Tão real quanto um sonho pode ser, até o momento em que o sol bate no rosto e você acorda em um domingo de verão.

Já Sofia via poesia nas coisas banais. Via beleza em coisas banais. E guia pessoas por um mundo maravilhoso, um mundo guardado nas peças do museu de artes de Vale Primavera. É a história desse encontro que vocês irão conhecer. É na história desse desencontro que vocês irão se perder. 

Em tudo há beleza. Não se deixe furtar pelo trivial. Em tudo há beleza.

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