02: Boas-vindas

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                  Eu atravessei o corredor de entrada até a sala do diretor

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                  Eu atravessei o corredor de entrada até a sala do diretor.

Por algum motivo que desconheço, meus pais pediram a alguns professores que escrevessem cartas sobre mim para apresentar à nova escola. Eles não escreveram muito, provavelmente porque não me conheciam bem. Eu sempre vivi à margem da invisibilidade e nunca quis que isso mudasse.

Na sala de orientação, falei com a secretária e me sentei em uma das cadeiras de madeira até que o diretor estivesse pronto para me atender. Cinco minutos depois, ele saiu acompanhado por um rapaz de cabelos coloridos, tocou no ombro do garoto e sussurrou algo em seu ouvido.

— Você é um cara brilhante, lembre-se disso — disse o diretor, ajeitando o terno e acenando para mim.

Ele caminhou até a cadeira de espera e sorriu.

— Vamos lá, senhorita? Você está animada para o primeiro ano do ensino médio? —

— Talvez... — balbuciei.

Caminhamos juntos até a sala dele. Era um lugar agradável, com paredes amarelas e quadros motivacionais que alegravam o ambiente.

— Então, senhorita Dank — falou o diretor, encarando-me nos olhos e provavelmente observando minhas olheiras e desmotivação. — Recebi um e-mail na semana passada sobre a sua transferência. Fiquei um pouco surpreso quando sua professora de Literatura disse que você é uma aspirante a poeta.

— Hum, talvez ela tenha exagerado um pouco — respondi, cutucando o canto da unha do meu dedão.

— Espero que você se sinta bem na nossa escola — continuou o diretor, entregando-me as chaves do armário número 13. — Ao avaliá-la pelas suas notas, acredito que você queira participar de algum grupo estudantil. Estou certo?

Balancei a cabeça em negativo.

— Oras, por qual motivo? — ele sorriu, surpreso. — Sua professora de História e Literatura me escreveu uma carta de referência, Christin Dank. Caso participe de algum grupo, você pode conseguir se enturmar, já que isso parece ser um grande problema para você.

— Eu ajudo a minha mãe depois da aula, senhor — expliquei, torcendo o nariz.

— Bem, eu acredito que seus pais ficariam orgulhosos se a vissem...

— Talvez no próximo ano... — interrompi. — Caso eu ainda esteja aqui nesta escola. Talvez eu queira participar, senhor.

— Tudo bem — ele concordou, desapontado.

Levantei-me rapidamente e saí da sala. Respirei fundo e comecei a andar pelo corredor novamente. Talvez eu devesse prestar mais atenção e ler as letras miúdas nas próximas cartas de apresentação. Eu admito que tenho dificuldades para me enturmar. Na verdade, desde que eu me entendo por pessoa, não me lembro de fazer parte de alguma coisa. Eu nunca entendi por que as pessoas se afastam de mim ou, basicamente, por que ninguém nunca tentou se aproximar de mim. Talvez tenham tentado, e eu, com medo e timidez, não tenha percebido. Eu geralmente não sou tão tímida, apenas quando estou escrevendo ou fantasiando uma vida que não é a minha. Fora dessas situações, sou um desastre completo.

A Garota Que Não Tinha Cores: YellowOnde as histórias ganham vida. Descobre agora